Capítulo 1

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   Desde quando eu era apenas uma garotinha, eu tinha aquele sonho

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   Desde quando eu era apenas uma garotinha, eu tinha aquele sonho. Eu rastejava pela lama com meu vestido manchado de sangue e barro. Eu parecia desesperada, assustada, com dor.

   Então, eu era arrastada para o buraco negro novamente, toda vez que eu achava que estava saindo, algo ou alguém me puxava outra vez para o inferno. Tudo o que eu conseguia visualizar antes de cair, era a armadura preta e a espada de prata com um dragão no cabo, banhada em sangue. Aquela era sempre a minha última visão antes de cair na escuridão.

Toda vez eu acordo atordoada,   pois o mesmo sonho me persegue desde então, e naquele dia não era diferente.

Meu corpo ainda se encontrava imóvel sobre a cama dossel e meus olhos encaravam o teto branco, com tons de dourado em cada canto.

— Estou viva. — murmurei aquietando meu coração.

Depois de um longo suspiro, me sentei na cama, dando algum tempo para meu corpo se acostumar com a realidade.

O quarto espaçoso me mostrou que tudo estava em ordem. A penteadeira branca, cortinas de seda em tons pastel, estofado felpudo assim como o carpete do piso. Tudo estava no devido lugar, como deixei.

Suspirei quando a porta branca e pesada se abriu, me trazendo a imagem de Loren, minha ajudante.

— Bom dia, senhorita Éris. — disse puxando as cortinas. — O dia está lindo lá fora! — observou caminhando pelo quarto em busca das minhas coisas. — O sol brilha como os cabelos da deusa Fiona e os pássaros cantam alegres!

Fiquei de pé observando ela me despir, se livrando da minha camisola de cetim branca. Todas as manhãs ela me ajudava a fazer as tarefas básicas de uma mulher, e eu não era uma rainha ou princesa, eu era apenas uma sacerdotisa que deveria ser tratada como uma deusa, pelo menos ali, no templo.

— O que gostaria de vestir hoje? — perguntou abrindo a porta do armário onde todos os vestidos tinham a mesma cor, brancos.

Sorri com sua piada matinal.

— Branco parece perfeito. — comentei e ela sorriu.

Quando eu tinha 12 anos fui levada para o templo sagrado da deusa Fiona, a deusa criadora de tudo. O templo abrigava garotas que de certa forma tinham um dom especial, tão especial que era impossível viver no meio das outras pessoas. Éramos treinadas e ensinadas a usar nossos dons para o benefício dos outros deuses, já que eles eram misericordiosos com nosso povo.

Nafir era uma cidade alegre, no alto da mais bela colina, cercada por um mar azul de imensidão incalculável. A floresta, regida pela deusa flora, nos dava o melhor dos alimentos. O meu mundo era lindo, cheio de vida e magia.

Eu sempre soube que ser agraciada com um dom, além de beleza, não era algo vago. Eu estudei a minha vida toda para ser a sacerdotisa perfeita, para servir sem hesitar aos deuses criadores a quem eu devia mais que a minha vida. Eu sempre soube que eu não era uma mulher comum e estava disposta a ser perfeita.

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