Capítulo 28.

2.2K 228 43
                                    

  Camila se adiantou para entrar no Jaguar branco vintage, com a ajuda da mãe. Sinuhe estava incrível, usando roupas monocromáticas, com chapéu preto e branco colocado à perfeição no cabelo recém-cortado. A porta do carro se fechou, e então só ficaram as duas. O para-choque estava enfeitado com fitas divertidas na cor de creme. As madrinhas já tinham ido em um carro diferente. O motorista estava de uniforme com um quepe. Fazia com que Camila pensasse em Michelle.

  No avião.

  Em Lauren.

  Pare.

  Atravessaram a avenida principal, passando pela agência bancária e o parque, cujas árvores floresciam.

  O sol era como um botão amarelo alegre costurado no céu, mas não importava para onde Camila olhava, tudo parecia ter um filtro tristeza. Estava com o cabelo, maquiagem e vestido perfeitos. No entanto, era como se sua pele não lhe pertencesse mais. Estava dentro do corpo de outra pessoa.

  — Tem certeza de que o papai não se chateou por não vir com a gente no carro?

  Sinuhe assentiu.

  — Ele não se ofendeu. Alguém precisava ficar com a mãe dele, então tudo certo. — Ela fez uma pausa. — Sorria, amor. Você vai se casar. Deve ser uma ocasião feliz.

  Camila ofereceu a ela um sorriso tenso.

  — Todos me dizem isso, mas será que é assim? Essa parte de se arrumar, ficar nervosa por ter que falar seus votos para todo mundo... Alguém acha isso divertido?

  Sinuhe segurou sua mão e a apertou.

  — É claro que é estressante. Mas também é empolgante. Esse é o dia que você vai declarar para todo mundo que ama o Marcus. Que você o escolheu como parceiro de vida. É enervante, mas também é o começo da sua nova vida.

  Ela apertou sua mão de novo.

  Camila engoliu em seco. Não ousaria olhar diretamente para a mãe por medo de deixar transparecer o que estava sentindo. Que não tinha tanta certeza de que queria mesmo essa nova vida.

  Então ficou em silêncio e encarou a moto que parou ao lado do carro. A mulher estava toda vestida de couro. Quando virou o rosto e viu que Camila estava de vestido branco e véu, fez um sinal de joinha.

  A noiva retribuiu o gesto. Não era a coisa mais absurda que estava fazendo naquele dia.

  Sinuhe acariciou sua mão.

  Ela piscou, e então se virou, sustentando o olhar da mãe. Quando viu a preocupação nos olhos dela, desviou o olhar.

  — Sei que todos dizem que é o melhor dia da sua vida, e estão certos, porque deveria ser — Sinuhe disse. — Mas às vezes, está longe disso.

  Camila respirou fundo. Será que a mãe tinha aprendido a ler mentes?

  — E se não é o melhor dia, nem mesmo um dia muito bom, você ainda pode mudar de ideia. Não é tarde demais, Camila.

  Seu estômago tensionou e a bile subiu pelo esôfago. Do que ela estava falando?

  — Muito pelo contrário, é a hora perfeita para mudar de ideia. Melhor agora do que depois de se casar. Não se esqueça de que você está falando com alguém experiente. Meu primeiro casamento era ótimo no papel, mas a realidade não dizia o mesmo.

  Camila se virou. Não era a primeira vez que ouvia essa história, mas dessa vez, naquele instante, era muito mais potente.

  — Me lembro de ir para o meu primeiro casamento, mesmo quando tento esquecer. Eu estava com muito medo no carro. Chovia muito. Eu estava com a sensação incômoda de que não deveria fazer aquilo, mas não a ouvi. — Ela acenou para a filha. — Olhe só para você. Está linda. Seu vestido é perfeito, assim como você, mas não acho que esse vai ser o dia mais feliz da sua vida. E com certeza não quero que seja um dos piores. Nesse instante, estou com medo de que isso vá acontecer.

Bridesmade - CamrenOnde histórias criam vida. Descubra agora