Capítulo 2.

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O extenso gramado era lindo, Camila admirava enquanto segurava com firmeza o taco de golfe. Em sua última tacada, o monitor lhe disse que a bolinha foi mais longe do que as outras e não estava surpresa, pois tinha muita frustração acumulada e o golfe ajudava a aliviar.

Após ajeitar sua postura e dar mais uma tacada, não se surpreenderia se essa fosse ainda mais longe que a anterior, já que estava se sentindo frustrada desde o jantar com os pais de seu noivo, Marcos.
Camila sabia que ele a observava com atenção, deitado no sofá preto da baia que usavam. Ela se virou, lá estava ele e seu sorriso astuto no rosto.

Escolheu bem, disso tinha certeza. Marcos era alto, tinha cabelos em um tom loiro escuro e era lindo. Seus filhos seriam maravilhosos.

- Tem algo que queira compartilhar, amor?

- Não. - Ela equilibrou o taco na parede da baia, e então se sentou ao lado dele. Seu corpo estava próximo ao de seu noivo. Ele estendeu o braço e a puxou para beijar sua têmpora.

- Ótimo. Eu detestaria ser aquela bolinha de golfe. Não há dúvida de quem manda nessa relação.

Ela se virou, erguendo uma sobrancelha.

- E quem manda na nossa relação?

Ele sorriu.

- Você, é claro.

Ele deu um selinho na noiva antes de se levantar e dar algumas tacadas também. Camila observou as pernas compridas do noivo, vestia calças pretas e em cima uma camisa azul clara que estava por dentro. Ela imagina que ele fosse assim até mesmo em sua infância; organizado e certinho. Acreditava que seria assim também quando se mudassem após o casamento, mas tudo ainda estava no futuro e ela desejava aguentar, já que não era tão arrumada assim, então talvez a questão seria se Marcos a aguentaria.

O casamento aconteceria em algumas semanas e se mudariam logo depois. Logo ela iria descobrir.

O noivo se virou para ela, se apoiando no taco.

- A bolinha era a minha mãe?

Ele balançou o taco e errou. Conseguiu da segunda vez, lançando a bola pelos ares. Quando se virou novamente, ainda estava esperando uma resposta.

Camila balançou a cabeça. Não era. Jamais acertaria um taco de golfe na sogra.

- É só uma válvula de escape. Não posso ter uma?

- Claro que pode. - Ele pegou a próxima bola de uma caixa à sua direita e se abaixou para colocá-la no pino branco surrado antes de se virar novamente. - Mas também sei que ela passou do ponto no jantar. Foi um pouco... intensa. Não precisamos dos discursos nem nada daquilo, nós podemos fazer do seu jeito, claro. Do nosso jeito.

Camila respirou fundo, tentando conter a raiva que borbulhava. Não era culpa dele, já que era o oposto da mãe. Como aquela mulher agitada e hipócrita conseguiu dar à luz a um filho calmo e comedido como Marcos, era um mistério. E seu pai não era um modelo a ser seguido. Gordon tinha três amantes diferente, ou mais.

Marcos era bom, apesar de sua criação. Era por isso que envolver sua família no casamento era muito mais que um incômodo.

- Não é tão simples. De acordo com sua mãe, há diversas tradições de família que devemos seguir. "O jeito certo de fazer" como ela disse, não é?

Na quinta vez que ela repetiu a frase, Camila quis gritar que já havia entendido, mas esse não era um comportamento apropriado com sua futura sogra. Não quando esse era o quarto encontro que tinham. Será que Marjorie aprovava Camila? Provavelmente, não.

Bridesmade - CamrenOnde histórias criam vida. Descubra agora