Uno

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Uníssono


A luz forte fazia Roberta apertar os olhos com força, seu corpo cambaleava para os lados e os seguranças faziam um esforço a mais para mantê-la de pé, a protegendo a todo custo de virar mais uma manchete vergonhosa.

— Robin, querida, sorria para nós! — Algum dos urubus gritou tentando alcançar a morena que apenas cambaleou ainda mais.

— Ela está bêbada! — Outro gritou e o comentário a fez gargalhar.

Como eu queria estar bêbada. Pensou.

Robin apenas abriu os braços e fez uma reverencia para os paparazzis ali parados e, antes que pudesse mandar irem se foder, uma mão a puxou para dentro do grande salão.

Edith segurou o rosto da garota em suas mãos e o analisou cautelosamente.

— Nem se maquiou, Roberta? — Ralhou tentando tirar a franja da garota de frente dos olhos.

— Não tive tempo. — suspirou cansada.

Os remédios a deixavam exausta, mal conseguia manter os olhos abertos, quem dirá fazer um delineado.

Ela se esforçou um pouco para se lembrar de qual evento aquilo se tratava, por que tanta gente importante estava ali e porque tantos paparazzis. Mas não conseguiu, sua mente estava tão dormente quanto seus dedos da mão.

Ela não vai passar pelo tapete, leve a direto até o assento.

A voz de Edith era distante, ela não conseguia assimilar direito o que acontecia ao seu redor, ela se sentia cega, não enxergava nada além dos flashes.

— Vamos, garota. — Geroge, seu segurança preferido, murmurou enquanto a guiava gentilmente entre os corredores — O que aconteceu com você dessa vez? — perguntou quando ela sentiu a necessidade de se escorar em uma parede para recuperar o equilíbrio.

— Não lembro. — respondeu com sinceridade — Acho que tomei alguns remédios para dormir e... Não dormi.

— São 17h Robin, por que queria dormir tão cedo?

— Acho que só não queria ficar acordada.

Andaram mais um pouco e a garota começou a ouvir burburinhos, risadas.

— Onde estamos, George?

— Alguma premiação. — deu de ombros.

— Voce não pode me levar de volta pra casa? — Robin praticamente implorou com a voz chorosa, não queria ter que lidar com ninguém. Mal conseguia se manter em pé direito, se esforçava mais do que qualquer coisa para formular uma frase inteira.

— Edith mandaria me matar se eu fizesse isso. — O homem falou risonho.

— Eu te contrato um segurança!

— Apenas se sente no seu lugar, aplauda e comemore. E torça para não vencer nada.

Robin gargalhou jogando a cabeça para trás.

Vencer?

Ela não lançava um álbum há mais de um ano, sua última aparição foi em um feat onde ela só fazia uma segunda voz.

Se houvesse alguma premiação para escândalos do ano, aí sim ela seria uma forte concorrente.

Ela murmurou algo sobre precisar ir ao banheiro e se arrastou pelas paredes até a porta do mesmo, onde entrou cambaleando e tropeçando nos próprios pés.

— Ei, ei. — Uma garota a segurou antes que pudesse ir de encontro com o chão.

Robin se segurou nos ombros dela e murmurou um agradecimento antes de se apoiar na pia e se segurar firme, tentando recuperar seu equilíbrio.

UNÍSSONO  ↳ Damiano David ↰Onde histórias criam vida. Descubra agora