Venti

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— China, eu quero falar com a Roberta. Agora. — Damiano rosnou dando mais um soco na porta.

Tudo tinha sido muito rápido.

Ele estava se preparando para uma entrevista com os amigos quando recebeu notificações de um site de fofoca, eram fotos de Robin aos prantos no chão sendo amparada por China. O desespero tomou conta do seu peito e antes mesmo que ele percebesse já estava arrancando os microfones que foram presos em suas roupas e correndo com as chaves do carro em mãos, sem dar nenhuma satisfação.

— Eu já disse que agora não é o momento, Damiano. — A garota insistiu checando se a porta estava trancada.

Damiano bufou e passou a mão nos cabelos de forma nervosa — Se você não abrir a porta eu vou entrar pela janela.

— E eu chamo a polícia.

— Eu sou a porra do namorado dela, China! — Gritou tentando abrir a porta novamente.

— Por causa de um contrato! — Gritou de volta.

Damiano bufou e se aproximou da porta, já sem esperanças de que ela a abrisse.

— Não é pelo contrato. — suspirou — Eu me importo com ela de verdade, China, e eu sei que ela vai querer me ver. E você sabe disso.

China bufou se dando por vencida e destrancou a porta, dando de cara com a feição de cachorrinho abandonado na mudança dele.

— Obrigado. — Murmurou passando direto pela garota e correndo até o quarto da namorada.

Seu peito apertou ao ver o estado que Robin se encontrava, ela estava tão pálida que a única coisa que a diferenciava dos lençóis brancos era o cabelo escuro e bagunçado. Ela chorava baixo, seu corpo inteiro tremia e tinha um frasco vazio de calmantes ao lado da sua cama, um visgo de preocupação ocupou o rosto de Damiano.

Ele se aproximou com desespero e a abraçou com força, ela não precisou se virar para reconhecer quem havia se aproximado. O cheiro dele era único e ela soube o exato segundo que ele havia entrado no quarto.

— Eu estou aqui, amore mio. — Murmurou a apertando mais em seus braços — Eu estou aqui.

Robin se acomodou no colo dele e chorou mais alto, sentindo alívio no carinho que ele fazia em sua cabeça e na forma que ele a segurava. Ela se sentia segura. Sentia que aquilo ao menos não seria estragado nem por ela, nem por Edith.

Ela ergueu o rosto e olhou nos olhos preocupados de Damiano, achando instantaneamente um pouco de paz.

— Promete que não vai me abandonar? — Sussurrou juntando suas testas.

— Nem se você implorar. — Falou afastando o cabelo dela do rosto e dando um beijo na ponta do seu nariz vermelho.

— Eu tenho que te contar uma coisa...

Robin estava hesitante, sem coragem de falar seus pensamentos em voz alta, com medo de toda a dor voltar e ela não aguentar, de não ser forte o suficiente.

— Edith é minha mãe. — Sussurrou como se contasse o segredo mais secreto do mundo, como se sua vida dependesse de que ninguém mais escutasse aquilo.

Damiano fechou os olhos e a puxou novamente, encaixando a cabeça dela em seu pescoço, pensando em como aquilo estava indo longe demais... Ele deveria contar seu segredo também. Contar que Edith está mais próxima do que ela imagina.

Mas ele não conseguiu.

A coragem também o faltou, ver a dor que a mulher causava a Robin o deixava enjoado, com raiva e frustrado por não ter o que fazer. Ele nunca teria feito um acordo com ela se soubesse na traição que estaria cometendo.

UNÍSSONO  ↳ Damiano David ↰Onde histórias criam vida. Descubra agora