Chapter XXIX

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Episode:  The Loniest - Måneskin

Dizem que o luto tem 5 fases.

Negação e isolamento.
Barganha.
Raiva.
Depressão.
Aceitação.

Não necessariamente as fases seguem esta ordem ou qualquer progressão linear.

Às vezes elas se intercalam, se repetem, formam ciclos.

Não dá para prever qual a reação de cada um.
Mas espera-se que, com sorte, estas fases esgotem o luto, levando o indivíduo a conformar-se com a morte e torna-la natural.

*
II

Em todos os próximos dias, Harry tomou banho.
Vestiu roupas limpas que Ian deixara na sacola. Comeu mesmo sem apetite. Dormiu sobre o amontoado de feno. E aguardou.

Aguardou as manhãs chegarem, e madrugadas o engolirem.
Quase sempre sofria com pesadelos, a maioria agora eram pesadelos de separação, de saudades do lar, de medo quanto ao lugar sombrio e solitário que fôra alocado.

E quando o sol raiava, infiltrando alguns feixes de luz pelo pequeno quadrado de vidro no centro do teto, uma nova ilusão se iniciava.

A ilusão de que Ian entraria e o jogaria brutalmente em um carro, dirigindo-o a seu endereço.
A ilusão de que Gemma entraria, e delicadamente o puxaria pela mão e andariam pelas ruas até reconhecer sua casa.
Ou, sua favorita, a de que Louis entraria, beijaria-o e fugiriam de mãos dadas, correndo igual dois jovens livres em busca da felicidade.

Estas ilusões no final do dia demonstravam não ser nada além disso, fantasias. Fantasias criadas por sua mente de imaginação fértil que desenhava cenários utópicos e reconfortantes, propagando esperança em seu peito.

Elas nunca se realizavam.

Dia pós dia.
Noite pós noite.
Harry fitava através da claraboia, jurando para alguma divindade que ele estava se comportando, e que portanto era digno redenção, digno de redenção por qualquer coisa que tenha feito que justificasse ele merecer estar preso agora.

Mas nada mudava.

Ian entrava, dizia palavras duras, e saía.

Gemma vez ou outra vinha, abraçava-o, prometia que as coisas iriam melhorar, e saía.

Todos eles saíam.
E cada vez que saíam levavam um pedaço de si.
Um pedaço de suas crenças, de seu futuro, de seu presente, mas jamais de seu passado.

Harry começou a concluir que seu passado seria a única parte intocável em sua história. Uma parte doce e gostosa de relembrar, uma parte que saboreava para se distrair e sobreviver durante as tardes, enquanto passarinhos pousavam sobre o vidro.

Vez ou outra um canário surgia, e isso o alegrava.

Alegrava-o ver estas pequenas aves coloridas pairando ali, como se o cumprimentassem, como se dessem olá e dissessem para ele ser forte e corajoso.

Ele gostava de observa-las.
Bem, ao menos até que um pardal azul pousou.
E seu mundo quebrou.

E o reconhecimento de que aquele pardal azul seria o mais próximo de um pardal azul que teria contato, o fez estremecer e pensar em Louis com desespero.

Harry in Wonderland  [❀ls fanfiction ❀]Onde histórias criam vida. Descubra agora