Chapter XVII

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Episode: Try - Tyler Ward

(escuta essa musiquinha linda durante/ou dps do cap)

Oh, a dádiva do esquecimento...

Louis se recorda de seu aniversário de dezessete, vinte meses depois que Harry desapareceu.
No começo teriam sido meses muito difíceis, um ano que ele gostaria de esquecer.

Muitas vezes pensou nisso: em como desejava que sua memória apagasse registros de Harry, deletasse qualquer informação sobre o garoto de quatorze anos com cachos perfeitos e sorriso macio. Porque aquilo trazia saudades. Porque aquilo o fazia sofrer.

Quão injusto afinal não era esse pensamento?
Quão ingrata não é nossa vontade de apagar alguém porque a saudade está vinculada ao sofrimento, o qual nós estamos condicionados a evitar?

Para seu alivio, no entanto, transcorridos vinte meses, esse assunto se tornou mais tolerável ao ponto em que ele só precisava se distrair para manter aquelas lembranças dispersas em sua mente.

Para tanto, neste aniversário, ele se rodeou de felicidade. Havia uma grande árvore de Natal enfeitada, presentes com embrulhos coloridos, aquecedor mantendo a casa quente enquanto a neve pintava tudo de branco no quintal. Lá estava uma mesa de jantar com um verdadeiro banquete, e um bolo de chocolate com cobertura de chantilly de duas camadas. Meias de lã e biscoitos amanteigados.

Ele temia muito estragar aquela noite.
Temia que seu cérebro o sabotasse e o barrasse de aproveitar aquele momento.

Ele apenas tinha que evitar lembrar.
Evitar lembrar.
Não lembrar.

Esquecer.

Recorda de ter obtido um grande progresso quanto a isso.
Na hora de cantar o parabéns e assoprar as velas, foi inevitável não sentir o peito contrair - porque, bem, em seus últimos aniversários ele sabia que quando olhasse para a borda direita da mesa encontraria um pequeno Styles com touca de Natal batendo palmas e sorrindo timidamente para ele.

Naquela noite era diferente.
Quem estava de pé naquele lado da mesa era Phoebe, pulando animada e cantando a plenos pulmões.

Louis fechou os olhos e assoprou o fogo desejando internamente que Harry estivesse lá.

Entretanto, para sua sorte e alívio, aquele teria sido o único momento em que permitiu-se doer sobre o menino desaparecido, afinal, segundos depois Daisy o agarrava para beija-lo, Lottie puxava sua orelha, e toda sua família rindo e celebrando, paparicando-o, amando-o, ele não teve tempo para se lembrar, estava distraído.

Ano após ano essa constante palpitação em seu coração foi adormecendo, e nos dias em que ela voltava a machuca-lo, Louis somente respirava fundo e torcia para que passasse logo.

Dizem que o tempo resolve tudo.
A questão é: quanto tempo?

Tomlinson percebeu que o tempo não resolveu essa enorme tempestade entre os dois. Nem antes, nem agora.

Harry parecia tão resistente ao menor, tão recluso, tão... furioso.

Quando o loiro rumou seus passos fortes para o andar de cima sem fitar o moreno, Louis percebeu que ele não queria ser incomodado. Que ele não queria companhia. E, principalmente, não a de Louis.

Mas, bem, Tomlinson é um pouco inconveniente e persistente, e ele meio que foi o responsável por despertar o jovem após uma jornada de loucura intermitente... não era justo que ele deixasse-o sozinho para lidar com tudo, não é?

Ainda era o começo da tarde, eles não haviam comido, estavam com fome, atordoados, fracos.
Tommo sabia que o mais novo não cederia facilmente e desceria para se alimentar, então pegou a marmita do estoque (notando que apenas restara mais uma, o que possivelmente denotava que o retorno de Ian se daria em dois dias) e os talheres, disposto a levar para o andar de cima, onde o loiro se entocara.

Harry in Wonderland  [❀ls fanfiction ❀]Onde histórias criam vida. Descubra agora