29 - Não quero me arrepender.

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🖇 | Publicando mais cedo porque terei que acordar cedo amanhã. Boa leitura!

Aquela foi a última coisa que eu esperava ouvir ele dizer

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Aquela foi a última coisa que eu esperava ouvir ele dizer. Imaginei que Cole me contaria que sofreu um acidente na infância, que talvez tenha ido para a parte funda de uma piscina sem notar, mas não que sua própria mãe tentou matá-lo afogado.

— Como... por que... — eu estava tão chocada que mal conseguia formular uma pergunta.

— Minha mãe teve depressão pós-parto. Ela não estava pronta para nós. Eu era uma criança bem ativa, nunca me cansava e preferia as brincadeiras que mais deixavam bagunça. O Dylan era mais calmo e nunca fazia birra. Eu contestava o que ela dizia sempre que possível, tinha opinião própria e nenhum medo. Acho que ela não sabia mais o que fazer com uma criança que sempre tinha uma resposta na ponta da língua. — ele ficou cabisbaixo enquanto contava.

— Ela te batia? — fiquei apreensiva.

— Não. Mas ela gritava muito. O Dylan tinha medo dos gritos, eu precisava cobrir os ouvidos dele quando ela surtava por causa de algum brinquedo que deixávamos no meio do corredor. Ele tentava de todas as formas fazer ela nos amar, mas nada dava certo. Eu sabia que não podíamos fazer nada então a ignorava da mesma forma que ela ignorava a gente. E ela não dava a mínima para a nossa segurança, até chegava a nos deixar sozinhos e saía para festas à noite.

— Meu Deus... — senti um aperto no peito. — Vocês se alimentavam direito? Iam ao médico? À escola?

— Sim. Ela nos deixava saudáveis e educados. Acho que tinha medo de se dar mal se nos fizesse passar fome. Mas carinho ela nunca nos deu, nem nos ensinou valores ou se mostrou preocupada com os nossos problemas. Ela dizia coisas horríveis sobre como destruímos a vida dela, como seu corpo estava cheio de marcas por causa da gravidez indesejada, como nós a deixávamos infeliz e como tinha vontade de nos matar.

— Céus... — coloquei minha mão sobre a boca. — O seu pai não sabia?

— Ele vinha nos ver e só via duas crianças bem alimentadas e cheias de brinquedos. Para ele estava tudo bem. Ela nos dava muitos brinquedos justamente para não enchermos o saco dela. Eu a odiava tanto, não por mim, mas pelo Dylan. Ele queria uma mãe e ela se negava a fazer o mínimo.

— E como ela chegou ao ponto de tentar... — engoli em seco.

— O Dylan foi parar no hospital porque nós estávamos brincando no balanço e ele caiu quando eu empurrei com muita força. Acabou quebrando o braço. Nossa mãe não estava em casa na hora, estava trabalhando. Avisamos aos vizinhos e eles nos levaram ao hospital. Uma assistente social foi chamada porque estávamos sozinhos quando tudo aconteceu e quando a minha mãe chegou ela inventou que teve que sair para resolver uma coisa rápida na empresa e que nós nunca demos problema quando estávamos sozinhos. Ela ficou furiosa comigo.

— Com você? — franzi a testa.

— Disse que por minha culpa Dylan e eu poderíamos ir parar em um orfanato. As palavras dela foram "o idiota do seu pai não vai querer ficar com vocês. Muito menos com você, Cole. Você é a pior criança do mundo".

Call Me When You Want ˢᵖʳᵒᵘˢᵉʰᵃʳᵗOnde histórias criam vida. Descubra agora