Me Dê o seu Para Sempre

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O barulho da água preenchendo o copo era o único som que dançava entre nós.

E, apesar de concentrada na tarefa em minhas mãos, minha visão periférica era aguda o bastante para continuar registrando a presença de Mon na minha casa pela primeira vez.

Fecho os olhos por um momento, não querendo pensar no quanto aquela visão parecia certa. Não queria pensar em como... Ela parecia pertencer a esse lugar.

Raspo a garganta, sentindo a energia nervosa que nos circundava desde que saímos da empresa ganhar força. E então pouso a jarra que segurava em cima do balcão, o barulho também fazendo-a despertar da observação fixa que fazia através da vidraça elegante da minha cozinha.

É assim que tenho sua atenção de volta para mim, e meu coração sente o peso incomparável do seu olhar expressivo. Hipnotizada, tento parecer controlada ao encurtar a distância que nos separava, me aproximando enquanto desejava poder ler sua mente. Eu não sabia como transpor meu nervosismo e ansiedade desconcertante quando estava perto dela.

De repente sinto seus joelhos contra a minha coxa quando encosto nela, suas pernas voltadas para a lateral do meu balcão de mármore enquanto estava sentada no banquinho. Mantendo nossa troca de olhares, levo primeiro o copo até meus lábios, tomando o bastante de água para hidratar minha garganta seca, antes de levá-lo até os dela.

Entreabrindo os lábios, seu olhar em mim se intensifica e eu entendo seu pedido silencioso para eu encoste o objeto de vidro em sua boca.

Ela me olha sob os seus cílios, seu olhar como um todo tão encantador e perfeito que parecia ter saído de um desenho, enquanto a água me causava inveja por estar tão próxima dela. Meus dedos acabam resvalando em seu queixo e o suspiro que ouço dessa vez não parte de mim.

Atordoada, sinto adrenalina chegar à minha corrente sanguínea quando a assisto fechar os olhos e em seguida levar uma mão até o coração.

"Mon?" Minha voz soa necessitada, pela primeira vez na vida admitindo e confessando minhas questões mais íntimas. "Eu não sei o que devo fazer... E se eu... Se eu estragar tudo? E se eu não for quem você esperava que eu fosse?"

Sou subitamente banhada por uma chuva de pensamentos inseguros. É nesse momento que seus olhos se abrem e eles, tão profundos, parecem me olhar com tudo.

Paixão, surpresa, descoberta, nervosismo, curiosidade.

Sua resposta vem quando ela elimina o último espaço entre nós e me puxa para mais perto, abrindo suas pernas para acomodar meu corpo entre elas e em seguida me prende, segurando-me também pelo pescoço.

Eu mal consigo processar minhas sensações em meio a seus movimentos. Meus próprios sentidos explodem e exigem tanto do meu cérebro que eu nada mais era agora senão um conjunto de reações químicas complexas. Nada mais era senão uma extensão das minhas vontades.

E eu estava derretendo sob o toque carinhoso que acariciava meu rosto e que deslizava por minhas bochechas de forma tão suave que eu tinha certeza de que estava, na verdade, provando um pedaço do céu. Não eram, no entanto, apenas seus dedos que me roubavam o ar: A cadência da sua respiração em minha boca também enviava-me mais sensações do que jamais experimentara antes.

E... Ela estava tão perto. Tão perto.

Mon paira as mãos exatamente sobre meu coração quando envolvo os braços por sua cintura, temendo que ela caísse tamanha a força que eu imprimia de volta em direção à ela.

Também temia que ela escapasse.

Ou que eu acordasse.

Com a voz mais rouca que eu já a escutei falar, Mon toma coragem por nós duas quando sussurra em meu ouvido:

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