Meu Céu

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Sam

Suspiro pelo que parece ser a quarta vez em menos de cinco minutos enquanto encarava o teto do meu quarto.

O aquecedor do cômodo não era nada comparado ao calor que parecia irradiar do meu peito a cada vez que pensava nela. A verdade é que vinha me sentindo assim desde que a tive para mim pela primeira vez, a paixão que sentia me consumindo mais intensamente a cada dia e exigindo mais de mim.

Não tenho medo de confessar o que sinto.

Esse amor ardia agora tão brutalmente que eu desejava gritar orgulhosamente para o mundo o quão poderosa e devastadora era essa chama. E eu estava disposta a enfrentar qualquer coisa para que pudesse viver ao lado de Mon para sempre.

Até mesmo a minha avó. A honorável Lady Korn.

Deitada na espaçosa cama enquanto esperava, tento conter o ritmo das batidas do meu coração ansioso, apesar de dolorosamente saber que não conseguiria controlá-lo.

Massageando meu peito, tento encontrar alívio para o nó causado pela saudade.

Eu não a via há dezesseis dias. Dezesseis longos dias que se estendiam infinitamente e pareciam se prolongar cada vez mais em torno de seus compromissos em Londres. Ela estivera ocupada desde o dia em que chegara, se preocupando em fornecer o melhor conforto possível para o seu pai ao mesmo tempo em que procurava entender com a junta médica qual o real prognóstico dele.

O que revela o único ponto positivo em sua estadia no exterior até agora: Mon teve a certeza de que seu pai ficaria bem. As perspectivas de melhora com o seu novo tratamento, iniciado recentemente, eram excelentes.

Sorrio lembrando da sua voz emocionada ao me ligar para contar que haviam lhe oferecido um novo e efetivo tratamento para o diagnóstico do Sr. Hyin. Um tratamento revolucionário e que assegurava uma ótima qualidade de vida ao que vinham se submetendo à ele.

Mon não sabia, mas era eu quem estava financiando essa terapia. É verdade que o sistema de saúde pública da Inglaterra era abrangente e eficiente, mas eu queria garantir que seu pai tivesse a melhor assistência que alguém poderia ter. Por isso, entrei em contato com os melhores profissionais de saúde para sondar a possibilidade de novas condutas que poderíamos adotar.

E foi assim que seu pai foi integrado ao seleto grupo participante desse tratamento.

Ainda assim, em meio a tudo isso, eu não me sentia inteiramente satisfeita, pois sabia que Mon não estava se cuidando como deveria. Apesar de esperançosa e animada, eu tinha a certeza de que ela não vinha se alimentando ou dormindo como deveria.

Suspiro mais uma vez, pensando em como daria tudo para que pudesse estar ao seu lado agora e poder compartilhar com ela muito mais do que mensagens por uma tela de celular.

Por mais que eu desejasse ter acompanhado Mon nessa viagem, como descendente da realeza, os trâmites de imigração se tornavam mais sinuosos para mim, de forma que eu só poderia ir ao exterior com a expressa autorização da minha avó. E eu não queria envolver Mon, com todo esse momento delicado que passava, em meio as complicações e obstáculos que Lady Korn tentaria impor na minha vida.

Portanto, lhe dar esse suporte de longe foi a única forma que encontrei de me fazer presente com ela.

Ainda assim, apesar das nossas rotinas assíncronas devido à diferença de fuso horário, nunca deixamos de nos falar. Eu ligava quando acordava, enquanto estava almoçando, antes de me concentrar para uma reunião e logo antes de dormir. E ela fazia o mesmo, mandando-me mensagens quando voltava do hospital, quando ia para uma um café e quando estava a caminho de mais uma cosulta.

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