Capítulo Oito

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Vandamme na voz...

— Aconteceu alguma coisa lá? — Pergunto a ela depois de um tempo calados, estamos os dois deitados no sofá observando a TV desligada a horas, sei que tem algo de errado com a Maria, normalmente ela age por impulso, mais é preguiçosa não viria de sampa pra cá só pra me ver.

— Não, além do mesmo, e por aqui? — E a pergunta vem mais rápido que a resposta, ela sabe que eu não voltei para meus afazeres no comando, e não pretendo voltar nem tão cedo, durante anos venho agindo por impulso e causando tragédias na família, mais da última vez quem enfrentou as consequências dos meus erros fui eu, dessa vez foi minha sobrinha, é não importe o que os outros digam esse sentimento de culpa tá aqui comigo, e não vai voltar enquanto ela não estiver do meu lado de novo, ou seja nunca mais...

— Não que eu saiba — Me sento no sofá e fico brincando com as pontas do cabelo dela.

— Pai você não pode continuar assim — Encaro ela é fico em silêncio, eu sei que não posso, mais vou ficar.

— É você pode? — Vejo ela ficar em silencio sem saber o que falar, eu a conheço, Maria e minha filha não consegue esconder as coisas de mim — Não venha me dar sermões Maria, não quando você mesma não vai seguir seus conselhos, antes de tudo você tem que dar exemplo.

— Como o senhor está me dando agora? — Ele fica em silêncio me encara por um tempo, e se levanta do sofá, vai até a gaveta da estante e pega um baseado já bolado e acende.

— A verdade filha, é que nunca voltaremos a ser os mesmos sabe — Ela faz uma careta.

— Pai, o senhor pode não voltar, mais eu não tenho escolha — Solta a fumaça do cigarro como se pensasse em algo.

— Você tá fazendo o que ele estou pensando Maria? — Me levanto, pela forma em que vejo seus músculos tensionarem eu estou certo. Copia, copia fiel e claro que ela iria atrás de cada um que matou a imperatriz.

— Eu preciso fazer isso pai — Ela me olha, já estava mais relaxada — Você sabe que ninguém vai me impedir — Fico em silêncio, vejo ela juntar as coisinhas dentro da mochila e colocar nas costas, ela me abraça e sussurra no meu ouvido um "fica bem, é por favor no cometa nenhuma besteira" e na mesma velocidade em que chegou ela foi embora.

Não disse nada, não tentei a impedir em parte porque nada a faria mudar de ideia, para ela se sentir melhor ela teria que causar aos culpados da morte da imperatriz, a mesma dor que eles causaram a ela, ou até pior.

O sangue nos olhos da baronesa e visível de longe, a cede de vingança faz com que ela babe, sei exatamente o que ela vai fazer.

E por isso ela foi para são Paulo, para isso ela se afastou de todos do comando, para quebrar a regra mais importante que a imperatriz criou, matar inocentes.

Ela vai começar pelas beiradas, fazer com que os vapores sofram colocando pânico em todos que participaram do ato, para depois, só depois ir atrás dos peixe grande.

Ela vai fazer com que todos sofram com a perca de entes queridos, para no final serem torturados e mortos.

E macabro? Pra caralho, mais ela é assim, eu sou assim, tá no sangue.

Por outro motivo também não disse nada porque talvez e isso que eu quero, não tenho forças para correr atrás, vou agir na emoção e quem sabe até ser pego, é se eu sou pego pela polícia, não vou parar em cadeia, e sim em uma cova raza no meio de algum matagal, uma morte acobertada por aqueles que deveriam prevenir isso, mais que no fim lucram muito mais que nós com tráfico de drogas.

Não dá pra sobreviver em um país onde a polícia é especialista em manipulação de autópsia.

Entra para esse mundo e saber que a tragédia só é óbvia, você consegue fugir da morte algumas vezes evitar que o pior aconteça, mais nem sempre da certo.

Me sento no sofá e volto a olhar para a televisão desligada. E como decostume aquela sensação ruim me volta.

Não sei dizer o que está acontecendo comigo nos últimos dias mais é como se eu me desconectasse do meu corpo, como se eu viajasse para o maldito galpão.

Eu estou apenas observando, não consigo tocar em nada, falar nada, apenas ouvir e observar, ela grita por socorro, eles a agridem, ela pede para pararem, eles não param.

Eu tento parar de pensar nisso, mais sempre que fecho os olhos ou fico parado essas cenas me vem a cabeça e como se fosse uma tortura, a pior delas, a psicológica.

Não consigo dormir não me sinto mais confortável por conta disso, sempre que fecho os olhos a vejo gritando por socorro, e eu não posso ajudar.

Eu não pude ajudar.

A raiva que sinto não é sobre nenhum dos que fizeram tudo aquilo com ela, mais sim sobre mim, sinto raiva de mim mesmo por ter deixado a porta do meu ego ter falado mais alto e não ter ajudado ela quando pude.

Eles deveriam ter me levado.

Eles queriam a mim, não ela.

Ela não deveria pagar o preço dos meus pecados.

Agora por minha culpa, uma garota ficou órfã de mãe, meu irmão perdeu sua única filha, é eu perdi o pouco de racionalidade que me restava.

*Não se esqueçam do seu fav e do seu comentário.

"A dissociação é um fenômeno da psicopatologia no qual acontece uma desconexão temporária do indivíduo com a realidade que está vivendo, podendo ele sofrer com a desconexão com seus pensamentos, suas emoções, sua memória e até com sua própria identidade."

Baronesa |Trilogia família do poder Vol 2Onde histórias criam vida. Descubra agora