Whisper

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Talvez, imaginou, se a situação fosse diferente...

Se a tivesse conhecido por acaso na rua, poderiam ter se envolvido como qualquer outro casal. Esperaria ansiosa por um telefonema dela convidando-a para sair e imaginaria no final de cada encontro como seria ser sua esposa.

Mas aquela não era a realidade, não a sua realidade. Não tinham uma ligação amorosa, porém, em poucas semanas ou dias, seria sua esposa.

Seria uma grande bobagem deixar-se envolver por doces fantasias e terminar com o coração partido.

Não podia se apaixonar por Sam, e ponto final.

Aquele pensamento a fez estremecer e, num impulso, afastou-se dela.

Sam observou Mon caminhar para longe e sentiu um grande alívio com sua atitude. Devia estar enlouquecendo, refletiu, enquanto passava os dedos trêmulos nos cabelos. Mon a atraía, e aquilo poderia ser o início de um novo problema. Ao tocá-la, minutos antes, sentira muito mais que a presença do bebezinho entre elas.

Sentira sua pele macia e outras sensações que preferia não ter sentido. Durante os dois anos em que trabalharam juntas, Sam conseguira esconder seu interesse por Mon.

Lembrava-se das inúmeras vezes em que a vira chorando após a morte dos Armstrong e das poucas oportunidades em que vencera a timidez para dizer-lhe algo simpático.

Admirava sua ousadia, sua sensibilidade, e desenvolvera por ela um afeto especial.

E esse sentimento parecia agora querer explodir com toda a força.

E precisava impedir isso, a qualquer custo. Fora sincera quando dissera que não processaria Pryat, o irmão dela se ela concordasse em se casar.

Mon lhe ajudaria a disfarçar o escândalo para a imprensa e assim
pouparia a imagem de seu pai de maiores desgastes. Mas ainda não tinha certeza se ela realmente não planejava tirar proveito daquela situação. Não tinha dúvidas de que fora tão vítima quanto ela em toda aquela história.

A própria polícia confirmara isso.

Todavia, poderia querer tirar vantagens do crime cometido pelo irmão no futuro. Poderia tentar extorquir dinheiro de sua família, talvez no momento do divórcio...

Poderia chantageá-la com as provas da clínica, ameaçando levar o caso à imprensa. Não que ela parecesse ser uma pessoa gananciosa, refletiu, observando a cozinha simples com móveis antigos. Mas mesmo que Mon fosse honesta e nem em sonho tivesse a intenção de prejudicá-la, Sam não suportaria se apaixonar mais uma vez.

— Então, quando quer se casar?

Perguntou Sam, enchendo a xícara com mais café e tentando parecer natural.
Mon encolheu os ombros e procurou disfarçar a falta de jeito em lidar com o assunto.

— Deixarei a pensão sob os cuidados de minhas amigas, e para isso preciso de duas semanas, no mínimo. Acho que será também o tempo necessário para preparar a papelada para o casamento.
— Quinze dias... Certo. O que acha de sábado?
— Perfeito.

Disse ela, tentando distrair-se brincando com um talher sobre a mesa. Sam voltara a saborear um dos macios pãezinhos de canela, procurando não se deter nos fatos.

A campanha eleitoral de seu pai merecia todo o seu empenho e esforço. E casar-se com Mon começava a parecer algo muito interessante.

— Contou a seus pais sobre o roubo da amostra?
— Não. Nem vou contar.
— Como não?

Perguntou ela perplexa.

— Discuti esse assunto com Tee ontem à noite.

Explicou, referindo-se a Tee Hilton, amiga da família Khun e dona da Hilton Cooper Martin.

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