Into You

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— Sim, sr. Kirk. Pode anotar o número, por favor?

Assim que desligou o telefone, ela saltou da cama e correu para o seu quarto.

Queria tomar um banho, vestir-se, enfim, qualquer coisa que a mantivesse longe dos olhos de Sam.

Depois daquela maravilhosa noite de amor, Mon voltava a sentir uma horrível sensação de desconforto.

Confiava em Sam e sabia que ela não faria nada para prejudicá-la, mas, ao mesmo tempo, algo lhe dizia para obter aqueles documentos e guardá-los.

Eles poderiam ajudar Pryat no futuro, justificava-se em silêncio.

Ficou um longo tempo embaixo do chuveiro, tentando amenizar sua culpa. Sentia-se perversa, má.

Sam bateu na porta do banheiro e desculpou-se por não poder acompanhá-la na refeição matinal.

Estava atrasada e precisava sair o quanto antes.

Um novo medo surgiu dentro dela.

Sam estava tentando evitá-la, era evidente.

A maneira como se levantara rapidamente da cama e suas respostas evasivas pareciam muito conclusivas para Mon. Costumava esperá-la para o café até bem mais tarde, e agora, depois que tinham feito amor, ela parecia esquivar-se de sua companhia.

Não, devia estar ficando maluca, pensou.

Sam não havia lhe dito isso com todas as letras, mas estava certa de que ela a amava. Assim que terminou de tomar banho, Mon foi até o gabinete, arrancou o fax da máquina e deu uma rápida olhada nas páginas.

A primeira delas era o formulário onde supostamente Pryat teria falsificado a assinatura de Sam. As páginas seguintes eram cláusulas extensas de um contrato longo e minucioso.

Depois de comer algumas torradas e tomar uma xícara de leite quente, Mon resolveu recolher-se para examinar o documento com mais atenção.

A última página da documentação tinha um espaço reservado para o técnico fazer anotações no dia da inseminação e algumas observações sobre o procedimento.

Foi com o coração disparado que Mon leu o número de controle do doador do esperma anotado pelo responsável.

Aquele não era o número de Sam!, constatou, tentando controlar-se antes de reler o que estava escrito.

Não, não estava enganada.

O último dígito era oito e não três, como relatava o restante da documentação, confirmou indignada. Alguém tinha cometido um terrível engano.

A não ser que o técnico tivesse uma péssima caligrafia, o sêmen usado para a fertilização do óvulo na clínica não era de Sam. Sem hesitar, Mon pegou o telefone e ligou de volta para Heng Kirk, que atendeu ao segundo toque.

— Sr. Kirk, o senhor revisou os
papéis da clínica?
— Brevemente. Por quê?
— Os números de controle não batem, há algo errado com esses papéis.
— Como assim? De que números você está falando?

Mon respirou fundo, procurando se acalmar antes de voltar a falar.

— O técnico anotou o número de outro doador no dia da inseminação. Os números do técnico e da ficha falsificada por Pryat não são iguais.
— Deixe-me verificar.

Heng pediu calmamente.

Ela ouviu o ruído do advogado remexendo em algumas folhas de papel e depois um breve suspiro.

O homem parecia pouco surpreso com a novidade.

— Não sei o que pode ter acontecido, Kornkamon. O número registrado pelo
computador da clínica está bem claro. E a etiqueta retirada da amostra bate com o número da ficha. Você pode ver, ela foi anexada aos documentos.
— Eu vi a etiqueta, sr. Kirk. Mas o número anotado pelo técnico é outro. O senhor não acha estranho?
— Não vejo por quê.

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