O Dia D

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Um clima pesado se formava entre Midoriya e Bakugou naquela manhã. Apesar de toda a turma A já ter esquecido os acontecimentos do momento em que acordaram, os dois garotos não podiam deixar de lançar olhares sorrateiros um pro outro em meio à mesa de café da manhã; Deku estava em profundo conflito consigo mesmo, será que agora entregaria seus sentimentos ao amigo de infância? Seria aquilo tudo somente um mal entendido? De qualquer forma, sabia que a rejeição era certa e que só estava tentando em vão, mas ainda queria expor aqueles sentimentos, mostrar ao Kacchan o quanto é importante para si.

Tentava dizer-se que era tudo engano, que estava se atormentando com devaneios de sua mente, mas já sentia a dor de um coração partido em seu peito, o que só piorou ao observar a intimidade que Kirishima tinha com Bakugou em meio ao café da manhã; aquilo foi demais para ele. Deku se levantou em silêncio e despejou sua louça na pia antes de se retirar para se preparar para mais um dia de aulas.

Um pouco mais tarde, o sardento e seu grupo de amigos se dirigiram ao prédio escolar onde uma aura leve e descontraída rondava o local; as decorações pro Dia dos Namorados não foram liberadas pelos professores, mas já podia-se ver várias garotas sorridentes e tímidas se aproximando de seus interesses afetivos em alguns cantos do câmpus. Ao acompanhar Todoroki até seu armário, seus amigos viram-no retirar um pacote de chocolates caseiros com um bilhete que haviam lhe deixado.

- Hã...? Só um? - Uraraka não pôde deixar de comentar.

- Hum? - O bicolor virou-se para ela em questionamento.

- É só que, vendo a popularidade do Todoroki, era de se imaginar que tivesse muito mais. - Explicou a garota.

- Deve estar exagerando, Uraraka. Eu não sou tão popular assim. - Respondeu ele ao examinar o bilhete em questão.

- Eu acho que ela tem razão, Todoroki; era de se esperar que você recebesse muito mais! - O comentário de Midoriya deixou-o acanhado.

- B-bom... talvez seja...

- Agora eu entendo... - Iida ajustou os óculos e golpeou o ar ao se dar conta de algo. - É o efeito Cuco!

Seus amigos caíram em um silêncio confuso.

- Do que está falando, Iida? - Todoroki questionou.

- Vocês não veem?! Vou explicar! - O mais alto então começou um discurso. - O pássaro Cuco costuma "roubar" os ninhos de outros pássaros estando ocupados ou não! Quando a mãe Cuco entra em trabalho de parto, expulsa os ovos de ninhos ocupados para fazer a desova ao invés de construir o seu próprio, fazendo disso um ciclo vicioso entre a espécie: uma disputa para quem conseguir chocar o ovo!

O silêncio que caiu entre eles mostrava a confusão às palavras do azulado.

- Mas o que isso tem a ver com Cucos, Iida? - Todoroki questionou para a vergonha de seu amigo.

- Mas gente?! Ele tem razão! - Uraraka comentou ao fitar um canto no corredor. - Olha quantos chocolates jogaram na lixeira!

Todos estavam impressionados ao ver a montanha de doces que Uraraka apontava: eram tantos pacotes e bilhetes que a lata de lixo transbordava.

- Caramba! Isso tudo era pro Todoroki?! - Deku comentou impressionado.

- Ha! Viram?! - Iida se gabou.

- Então era isso o que estava tentando dizer... - Deku riu acanhado enquanto o bicolor encarava o pacote em sua mão incerto. - O que foi, Todoroki?

- Isto... não posso aceitar. - Apontou os chocolates que segurava. - O que devo fazer?

- Todoroki... - Deku sorriu melancólico; sendo um dos poucos que conheciam seu segredo, entendia o porquê do bicolor estar tão incerto sobre como lidar com aquilo. - Bom, não seria certo devolver um presente, o mínimo que você pode fazer é comer. Se tiver um nome no bilhete, você pode explicá-la a situação.

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