Capítulo 8

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Ouço a chuva caindo , meu corpo tá dolorido estou deitada de bruços na cama. Outro som chama minha atenção , abro os olhos devagar , levo a mão no esquerdo que ainda tá com o curativo.

— Gosta de alguma música em particular ? – ouço uma voz doce questiona

Olho em direção a ela encontrando 15 sentada na cadeira de balanço com o violão , tá com sua camiseta cinza e calcinha. Suas pernas estão cruzadas sobre a cadeira , levo um tempo longo avaliando ela que tá com os cabelos loiros presos em um coque desarrumado deixando algumas mechas no seu rosto simétrico , engulo em seco desviando o olhar lembrando da noite que tivemos.

— Eu... não sei – respondo atrapalhada

Noto que sorri dedilhando seus dedos pelo violão , o som é tão bom que faz meu coração bate em um ritmo diferente.

— Bom , gostava das que me fazia sair da realidade – diz olhando pro violão

— Eu tinha uma fita era de rock – comento

— Não se ouve tanta música agora não é ? – indaga suspirando

Giro sentando na cama puxando o cobertor sobre mim , 15 continua tocando uma melodia suave. Isso faz minha respiração oscila , não consigo não olhar ela , ontem tava tão faminta ao mesmo tempo que foi carinhosa. Minha pele arrepia sinto minhas bochechas em chamas , droga acho que to apaixonada.

— Mas gosto – solto depois de um tempo chamando sua atenção

15 levanta o olhar sorrindo de leve , mordo o lábio inferior desviando em seguida.

— Tem água se quiser – fala olhando pra janela onde tem água em uma garrafa

— Escova... tem ? – questiono atrapalhada

Ela apenas acena positiva olhando pra mesa do canto onde ta sua mochila , abro um sorriso tímido procurando minhas roupas , 15 não me fita parece entender que tô envergonhada. Noto que sua energia vermelha tá um pouco fraca , fisicamente não transparece mas posso ver que ta com menos brilho e calor. Pego meu casaco vestindo sinto uma dor chata entre as pernas , isso faz minha pele queimar.

— Desculpa por ontem – pede

Levanto o olhar assim que coloco a calcinha , tudo escondido pelo cobertor. Levanto vendo uma mancha nos lençóis , minha respiração trava. As lembranças dos seus suspiros pesados , dos dedos na minha pele faz minha alma queimar como brasa viva ao mesmo tempo que me sinto envergonhada.

— Eu...

— Você foi perfeita , eu que não consegui ser normal – fala parecendo chateada

Olho pra ela que sorri decepcionada o que não entendo.

— Como ? – balbucio

— Foi sua primeira vez e só consegui pensar em mim , te machuquei porque nem pra ser um pouco normal tô servindo ultimamente – diz parando de toca

Fico em silêncio indo até a mochila , pego a escova e a água. A pasta de dente tem um sabor refrescante o que hoje em dia é raro , muitas coisas são fabricadas ainda mas de um forma diferente , pelo menos foi o que minha mãe contou.

Olho pela janela assim que termino , a chuva é calma.

— Foi perfeita ontem – solto sorrindo sem jeito

15 volta sua atenção pra mim.

— Não mente pirralha – pede seria

— Não tô , nem tem porque mentir pra você , ontem foi... foi perfeito – afirmo desviando o olhar dos verdes

Décima Sexta: O legado Onde histórias criam vida. Descubra agora