Capítulo 22

43 10 0
                                    

Olho o metal preto fosco com a lâmina avermelhada no chão , pode tá quebrando , mas ainda é letal. Inclino pegando a foice apertando o cabo com pressão , Aika senta no chão. Seus olhos estão nos meus , seguro o ar olhando pro céu , o dia tá indo a luta com minha mãe durou muito , nele só tem a nave dos Visitantes , a do governo tá em pedaços por todos os lados. Fito os carmesim enquanto as lágrimas descem , a dor no peito é tanta que não tô respirando. Perdi tudo , tem razão , fui eu que matei a 15 , fiz a mesma coisa com a minha mãe. Giro nos calcanhares indo em direção ao seu corpo , a cada passo meu corpo reclama , não tô me curando. Aquela áurea desapareceu , acabo tropeçando a dois passos dela , caindo de joelhos. Estendo a mão segurando a sua que tá fria , não tô conseguindo ver seu rosto por causa das lágrimas.

— Mãe... – balbucio perdida

A verdade é que você sempre foi meu espelho , todas as histórias que a 4 e minha mãe Liz contava de você , como sempre foi incrível. Meu desejo era ser tão forte quanto , mas não consigo , não importa o que eu faça nem o quanto eu treine , quem amo vai se ferir , vou perder elas. Tô ficando sozinha , tô sozinha mãe.

Toco com suavidade no seu rosto , seu sangue me mancha , uso as mãos pra tentar estancar o sangramento da sua barriga. Não tá se curando , uma chuva fica começa a cair. O ar tá com odor de ferro.

— Black foi corrompida por uma humana , patético – murmura em descaso

Olho por cima do ombro vendo Luz em pé , tá observando tudo com nojo.

— Depois de tantos milênios meu povo ficou patético também , olho no que nos reduzimos – diz olhando em volta

Acompanho seu olhar vendo os Guardiões , elevo as sobrancelhas em ver a 4 sem os braços em meio a alguns pedaços da nave. A paisagem mais parece um pesadelo , cerro os dentes tentando controlar a dor e o ódio do ser a minha frente.

— Você... – balbucio

— Nós somos diferentes...

— Cala boca!!! – ordeno levantando , Luz me olha sem emoção — Não... não tem esse direito... você mata espécies inocentes , dízima planetas inteiros e brinca com a vida como se fosse um tipo de Deus...

— Eu sou um Deus – me corta com um sorriso sombrio

Meu traje muda cobrindo meu olho direito , pego a foice novamente. Tô tentando evitar a realidade , só que é impossível , tudo que passei até aqui foi pra esse momento. Os treinos , as lutas , perdas , as dores. Aquela áurea volta , as caudas surgem , meus lábios são cortados pelas presas. O ar em volta muda , uma pressão absurda toma todo meu corpo , me curvo pra frente. Os pulmões são esmagados , não ligo pra dor agoniante que isso causa. Não importa se não vou aguentar tanto poder , eu fugi dele por muito tempo. Levanto a foice na sua direção.

— Se é um Deus , vou ser o seu demônio – falo abrindo um sorriso vazio que a máscara cobre — Vamos dançar no inferno! – completo me lançando na sua direção com um raio

Consigo ver as gotas da chuva caindo lentamente , Luz tenta desviar da foice , mas vejo seus movimentos com o olho esquerdo. Sua energia tá bem clara pra mim , consigo atravessar seu ombro com a lâmina , sua espada atravessa o meu no mesmo segundo.

— Verme maldita! Você é só uma pedra no meu caminho! – afirma ácida puxando a espada pra cima

Recuo antes que corte meus ossos , só pra ir na sua direção outra vez. Luz deixa suas asas a mostra agitando o ar em volta , subindo mas acompanho com ajuda das caudas. Apesar do seu cansaço pela luta anterior ainda tem muito poder. Tento golpear ela novamente , vou apagar sua energia. Vou apagar todas essas malditas energias , Luz me olha movendo o braço no mesmo segundo sou atingida por uma onde de choque. Meu corpo inteiro é eletrificado , os órgãos são dilacerados , bato contra a água com tanta força que uma onda se cria. Vou afundando devagar , isso é um oceano ? Atravessei o planeta num piscar de olhos , quanto poder em um golpe. Sinto minhas unhas crescendo , outra onda de poder toma meu corpo.

Décima Sexta: O legado Onde histórias criam vida. Descubra agora