- Calma lá, garotão! - foi Soyeon quem disse, talvez pela quarta vez, enquanto Jungkook se pendurava em um de seus ombros e quase ia de encontro ao chão.
Do outro lado estava Jimin, ajudando a carregá-lo sem fazer tanto esforço, ainda que seu corpo fosse um tanto menor.
- Isso é que é passar da conta... - Soyeon murmurou enquanto tentava soltar uma mecha de seu cabelo que ficou presa no anel do irmão, ainda suportando metade de seu peso.
Jimin apenas sorriu, distraído, com um dos braços de Jungkook precariamente enroscado em seu pescoço.
Os três estavam fora da boate, andando pela calçada com a intenção de chegar até a esquina e, com alguma sorte, achar um táxi livre. No entanto, o pouco movimento na rua não havia melhorado mesmo depois de dez minutos esperando.
- Eu vou ligar para alguém - ela falou, então. - Você consegue segurar ele sozinho?
Jimin assentiu, e no segundo seguinte passou as mãos pela cintura de Jungkook para segurá-lo da melhor forma que a embriaguez permitia. Jungkook, por sua vez, passou os braços ao redor do pescoço de Jimin sem relutar, e logo os dois estavam sustentados por um abraço atrapalhado.
É claro, a Luxúria jamais ficaria atormentada por isso, mas o incomodava um pouco que Jungkook estivesse tão bêbado a ponto de nem mesmo perceber que estavam abraçados.
Soyeon se afastou para fazer a ligação, e o pouco tempo em que ficaram sozinhos foi o suficiente para Jeon suspirar alto e apertar o abraço ao redor do pescoço de Jimin, praticamente pendurando-se a ele enquanto, sôfrego, resmungava qualquer coisa sobre seu pai e sua família.
- Vai ficar tudo bem - Jimin disse baixinho, fazendo um carinho despretensioso na cintura de Jungkook.
Porque, agora, ele estava chorando, e esse definitivamente não era um sentimento que a Luxúria gostava de causar a alguém.
- Eu odeio a minha vida - Jungkook dramatizava, tropeçando nas palavras enquanto escondia seu rosto molhado pelas lágrimas no pescoço de Jimin. - Eu vou me jogar da ponte...
O riso soprado de Jimin foi praticamente inevitável, e seus braços forçaram o aperto ao redor da cintura de Jeon quando se arrastaram até envolverem suas costas num abraço firme. Firme, mas que não tinha qualquer intenção além de continuar sustentando seu peso sobre a calçada. Um peso que ficava cada vez mais penoso conforme a gravidade e a embriaguez cumpriam seu trabalho de puxá-lo para baixo.
- Vocês dois ficam bonitinhos assim - Soyeon disse, rindo um pouco, quando voltou para o lado deles. - Pena que meu irmão não gosta de homens...
Era verdade, Jungkook nunca havia se interessado por homens antes, mas também não se pode afirmar que a Luxúria seja um homem qualquer. A Luxúria é o homem que enganou o diabo e fugiu do Inferno sob a vigília de milhares de demônios.
E se fez tudo isso, do que mais ele seria capaz?
- Vocês vão ficar bem? - Jimin perguntou depois de ajudar Jungkook a entrar no carro.
Soyeon fechou a porta atrás de si e encarou o loiro pela janela, assentindo com um sorriso.
A verdade é que, por mais traiçoeira que pudesse ser a Luxúria, ela também tinha sentimentos humanos. E, talvez por isso, havia criado um apreço por Soyeon ao longo do pouco tempo em que a conhecia. Jimin não queria machucá-la. Não era para isso que estava ali.
Ele só queria ser livre. Longe do caos destruidor do inferno e de seus demônios.
E longe do próprio Diabo, que fez de sua estadia nas masmorras infernais a experiência mais dolorosa de sua existência.
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Libidine ❦ Jikook
Fiksi PenggemarMantido em cativeiro no próprio inferno por quase um milênio, Park Jimin, o sétimo Pecado Capital, consegue sua passagem apenas de ida para a Terra, onde planeja recuperar os anos de atraso naquilo que sabe fazer de melhor. E é em uma de suas aventu...