Única Chance

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— Eu fico. – Clarisse Sullivan sugeriu quando a pauta do assunto foi " distrair " Vecna para que os demais aproveitassem o momento em que ele ficasse vulnerável enquanto se conectava com a próxima vítima.

— Nem pensar. – Jonathan protestou — Isso vai ficar fácil demais para ele.

— E para vocês também. Se...

— Eu fico – El interrompe e todos os olhares se voltam pra ele. — Vecna quer a mim também. Todos estão correndo risco. Mas sou eu quem ele quer.

— El... – Joan se preparou para protestar.

— Jojo, eu consegui uma vez. Eu consigo de novo.

A garota diz confiante e os olhos de Joan se enchem de lágrimas. Ela tinha medo de perder a irmã também e ficar sozinha nesse mundo triste e caótico.

— Fica bem por favor. – Joan implora e recebe um abraço apertado da menor.

— Vamos cuidar dela. – Will garante e Mike assente.

Joan não colocava muita garantia naqueles dois, mas só pelo fato de viajarem quilômetros para encontrar sua irmã, dava a eles o benefício da dúvida.

Os jovens fizeram as divisões e chegaram a um consenso. Eleven, Mike e Will iriam para a casa ficar à espera de Vecna fazer seu contato. Enquanto Erica, Nancy e Lucas ficariam na divisa dos dois mundos para sinalizar o contato. E o restante partiria para o mundo invertido.

— Olha estou feliz que vocês estão comigo nessa – Robin se vira para Max e Dustin, e ambos a olham curiosos. — Não queria estar sozinha em um evento de casais.

Ela aponta para o grupo à frente e seus amigos riram. Todos fizerem a passagem e estavam novamente no mundo invertido. Exceto por Clarisse e Jonathan que pisavam ali pela primeira vez.

— É idêntico. – Jonathan comenta e Clarisse concorda balançando a cabeça.

— Como naquela época Jojo ainda não tinha armas guardadas teremos que improvisar algumas. – Eddie diz.

— Naquela época? – Clari franze o cenho.

— O mundo invertido parou no tempo. – Joan explica — Pra ser exata, no ano em que Will desapareceu.

— Foi o ano que cheguei em Hawkins – a Sullivan comenta perdida nos próprios pensamentos.

Eddie saiu vasculhando o local perto do seu trailer a procura de algo que pudesse servir como arma, e Hopper o ajudou.

— Sabe, vamos ficar bem. – o metaleiro diz enquanto Joan cravava pregos gigantes em uma tampa de metal.

— Eu queria ter essa perspectiva.

— Qual é furacão Hopper, que falta de fé é essa? – Eddie se senta ao lado da garota afagando seu ombro.

— Eu não tenho muito a perder mais. – ela suspira triste. — Então...

— Claro que tem. Você ainda tem elas – ele aponta pra Tracy que está discutindo com Steve e depois para Clari que andava de um lado pro outro. — Vocês são um trio e tanto, e bem você tem a mim e aos demais, você infelizmente faz parte dessa família.

Joan olhou pra ele achando graça. Eddie estava em uma posição ruim como ela. Eddie não tinha mais nada além de um trailer velho e algumas roupas surradas. E enquanto não pudessem provar, também não tinha sequer liberdade.

— Eu não posso me permitir pensar assim, Eddie. – ela olha nos olhos dele — Eu teria mais coisas a perder, e eu não suportaria perder vocês também.

Munson gostaria de dizer que ela não iria perder mais ninguém, mas nem ele tinha certeza disso dentro dele. O medo e a incerteza percorria seu corpo, então o que ele pode fazer, foi apenas puxar Joan em um abraço apertado. Depois de algum tempo assim Joan se afastou e o seu cabelo preto estava colado no rosto junto as lágrimas que caíram durante o ato carinhoso. Um pouco receoso Eddie afastou o cabelo de Joan colocando a mecha atrás da orelha, ele sentiu seu rosto esquentar pois Joan não tirou os olhos dele. O coração de ambos estava acelerado, e não sabiam se era por ansiedade e medo ou pelos sentimentos que sentiam um pelo outro.
Tendo um segundo de coragem, Eddie Munson se aproximou de Joan e depositou um beijo doce nos lábios da Hopper, que fez questão de retribuir.
Ambos sorriram ao se afastarem e o sorriso aumentou quando não muito longe dali Robin comentava com Dustin que quando tudo isso acabasse ela escreveria um livro sobre romance no fim do mundo.

No céu acima deles, podia ouvir-se os estrondos e os chiados vindo dos demobats.

— Não podemos errar o alvo – Steve fala balançado a garrafa em suas mãos. — É nossa única chance.

Tracy apenas concorda, passando mais uma garrafa de alguma bebida com cheiro ruim, para Steve.

— Se vencermos, se sairmos vivos... quais são seus planos? – Steve olha pra loira que dá de ombros.

— Viver. Sabe, não como apenas uma Tracy qualquer. Eu quero viver, me sentir viva. Sem ter medo do novo. – ela fala olhando pro horizonte. — Quero que tenha significado. Quero terminar a escola, começar uma faculdade, casar e ter seis nuggets correndo pela casa.

— Seis nuggets? – Steve deu uma gargalhada.

— Crianças, sua anta. – Tracy se aproxima dando um tapa em Steve.

— Eu sei, mas eu literalmente imaginei seis nuggets e não seis crianças correndo. – ambos riram. — Você acha que... deixa pra lá.

— Fale. – a Cunnighan incentivou mas Steve balançou a cabeça negativamente. — Fale Steve Harrignton ou eu ascendo esse isqueiro em você.

Tracy mostrou o objeto que Steve tomou na maior velocidade que convergiu fazendo ambos caírem da pedra que estavam sentados. As risadas aumentaram que fizerem eles ter certeza de que eram dois idiotas.
Eles continuaram deitados na grama espinhada, se encarando com sorrisos bobos e isso deu um pingo de coragem para Steve terminar sua pergunta.

— Você acha que... poderíamos viver todos esses planos juntos? – Tracy franziu a testa. — Tipo, eu gostaria de ter seis nuggets correndo pela casa.

Tracy Cunnighan deu uma risada engasgada e sentiu seu coração acelerar, pensando em uma resposta. Ela estava mais que decidida, que se saísse viva, pararia de suspender sua felicidade por causa de suas inseguranças e paranóias.

— Talvez – ela responde — Talvez, Steve Harrington.

Steve sorri e a sensação era de que seu peito estavam soltando fogos. Mas na verdade tinha sido mais um estrondo no céu que fez ambos se levantarem.

— Está na hora.

Far From Over - Stranger Things  Onde histórias criam vida. Descubra agora