Bem-vinda ao inferno, querida
A escuridão me impede de entender onde estou e isso me deixa ainda mais aflita, há alguma coisa desconhecida que desconfio ser um cadáver, mas não tenho coragem de verificar de novo.Sentir a textura macia semelhante à pele humana me causou arrepios e uma ância que permanece.
Eu não ouço nada, não sei onde estou, se estou na floresta, se estou na casa de Gleice...oh, Gleice, ela está morta...
Meu Deus, a Gleice está morta, e seu corpo estava tão retorcido, parecia uma boneca de pano...
Meu estômago revira com o pensamento. Ela deve ter sofrido tanto, quem seria capaz de fazer...aquilo? Quem é tão doente e monstruoso a ponto de deixar alguém naquele estado?Merda, será que posso ser a próxima? Não, isso não pode acontecer, eu não posso morrer assim, não quero ter o mesmo destino que ela.
Ouço passos pesados e abafados de uma bota, mas não consigo identificar de onde vem. Um arrepio se espalha pelo meu corpo, são passos brutos e parecem ser de alguém impaciente, ou com raiva.
Temendo ser o assassino de Gleice, eu me arrasto em direção à cama, mas a desorientação causada pela escuridão faz eu colidir com a testa na madeira com tanta força que eu vejo estelas, sem tempo para processar a dor, eu me escondo embaixo dela, tapando a boca com ambas as mãos, abafando o meu desespero e dor, silenciando minha respiração ofegante.
As lágrimas se juntam com o suor e a poeira gruda em meu rosto, sinto meu corpo quente, mas ao mesmo tempo sinto frio, uma corrente de ar de origem desconhecida bate em meu rosto e eu arrepio.
A minha cabeça lateja ainda mais, o golpe anterior já foi suficiente para me deixar apagada, agora eu possuo uma nova dor para me deixar desorientada.
É tão forte que me deixa enjoada.A porta se abre com violência, meu corpo se encolhe instintivamente, o tremor do meu corpo é tão forte que tento contê-lo tensionando meus músculos.
As botas responsáveis pelos passos brutos estão paradas na porta, elas caminham até a coisa que realmente é um cadáver. Sinto meu estômago revirar e me concentro em não vomitar.
Engulo em seco, sentindo um nó na garganta doloroso. Eu sobressalto quando o corpo é chutado em minha direção. Mantenho o silêncio por muito pouco, lágrimas molham minhas mãos e eu tento respirar sem fazer ruído.
As botas vão até a lateral da cama, meu corpo inteiro fica travado, eu deixo de respirar e meu olhos se arregalam.
De repente uma mão surge debaixo da cama e agarra meu cabelo, um movimento tão súbito e brusco que eu grito assustada. Eu sou puxada para fora do meu esconderijo com brutalidade, meu couro cabeludo arde com a agressão.
Eu grito em desespero quando sou erguida do chão, tento alcançar o braço de quem me ergue, mas parece impossível.
É quando vejo o provável assassino de Gleice, e meu também.
Uma máscara branca de porcelana com um escrito "GOD" ridículo na testa. Olhos verdes hediondos é a única coisa visível do rosto dele.
Os olhos me analisam como se eu fosse carne no açougue, com interesse e crueldade.
Meu couro cabeludo queima quando flexiono meu braço direito, atingindo meu punho direito na máscara, com força suficiente para quebrá-la, mas ela apenas racha.
Porém foi o suficiente para que ele soltasse meu cabelo, caí no chão como um saco de estrume, mas fiquei de pé rápido, me esforço para ignorar o cadáver e corro porta afora.
É um corredor curto com algumas portas e uma escada descendo para a esquerda, por alguns milésimos de segundo decido se desço as escadas ou me escondo atrás de uma das portas.
A vantagem de descer pelas escadas é que posso sair pela porta da frente.
A desvantagem é que pode haver mais de um e eu posso encontrar com ele.A vantagem de me esconder em um dos comodos é esperar ele passar, se eu tiver sorte o cômodo terá uma janela e eu sairei por ela.
A desvantagem é assim como a opção da porta, pode haver mais um, eu posso escolher o cômodo ocupado e ficar encurralada.Decido pela mais fácil, ficar nessa casa me espreitando para tentar fugir soa como morte para mim, eu só quero fugir desse lugar.
Pulo de três em três degraus o mais rápido que eu posso, ignorando todo o desespero e terror de ouvir os passos ainda mais pesados e brutos que antes.
Diferente da pequena casa de Gleice, aqui a escada é no meio, para a direita há comodo com corredor, à esquerda também, mas bem na minha frente, uma porta velha e de aparência frágil.
Vê-la me lembra da porta da casa de Gleice e da dificuldade para abri-la, o pensamento é tão rápido que piso no último degrau correndo para a porta, ela quebrará com facilidade quando eu bater com meu ombro nela, a madeira está visivelmente frágil.
Meu ombro bate contra a porta de madeira e meu corpo se estatela no chão. Um dor intensa se espalha por todo meu braço, e pela queda, meu corpo inteiro.
A porta não se moveu um milímetro. Continua intacta. Mais do que eu.
Tento me levantar com pressa, segurando meu braço machucado, mas o assassino de botas me alcança antes que eu fique de pé.
Dessa vez ele não me segura pelo cabelo, mas pelos antebraços, sinto o osso do meu ombro ranger e eu protesto, mas isso não serve de impedimento para o soco que recebo no estômago.
Eu caio no chão encolhida, sinto todo o conteúdo estomacal subindo pela minha garganta, e então eu vomito.
Ouço um estalar de língua e com os olhos marejados pela eliminação involuntária do conteúdo do meu estômago eu olho para o meu agressor.
Ele está no mesmo lugar, os braços cruzados e me olhando como se eu fosse um cachorro sarnento. Eu recuo acuada ao lembrar que nessa distância um pé pode facilmente acertar o rosto.
— Espero que limpe essa nojeira. — sua voz é rude e grosseira, causa desconforto ouvi-la.
Eu abro a boca para falar, mas sua postura fica tensa, como se estivesse se preparando para me chutar.
— Eu disse que poderia falar? Cadela não fala. — ele sibila com o mesmo tom rude, eu seguro as lágrimas, o medo torna meu sangue frio de uma forma que eu tremo internamente. — Agora limpe. — ele ordena.
Eu fico olhando para ele esperando que me entregue um esfregão, ou diga que é brincadeira —mesmo que a forma que ele me olhe deixa claro que definitivamente está falando serio.
— O que está esperando? Limpa.
—Mas... — eu começo e paro, com medo de levar outro grito, mas isso não ocorre — n-não tem com o que limpar.
Minha voz soa frágil e nessa situação eu me sinto como um objeto descartável.
— Espero que saiba usar a língua. — sua voz deixa margem para duplo sentido, eu sinto meu estômago vazio se revirar.
Ele olha para o chão como um incentivo, mas eu permaneço imóvel, mal consigo respirar, até que ele se irrita.
Ele avança e eu tento recuar, mas ele me alcança e agarra os cabelos no topo da minha cabeça, esfrega meu rosto em meu vômito, como se eu fosse um esfregão.
Meu nariz dói com a agressividade e meu couro cabeludo também. Eu tento me afastar para respirar, mas isso o faz usar ainda mais força, quando tento me afastar uma última vez, ele bate minha cabeça contra o piso com força e então me solta.
Ele para antes de ir embora pelo corredor, eu não movo um músculo, as lágrimas que escorrem pelas minhas mochechas parecem queimar minha pele, o meu rosto e meu corpo doem, o demônio mascarado estala a língua como se eu fosse patética.
— Seja bem-vinda, Jessica.
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Presa por Jeff The Killer
Fanfic"Se alguma coisa pode dar errado, dará. E mais, dará errado da pior maneira, no pior momento e de modo que cause o maior dano possível." Uma viagem é planejada de última hora, a intenção é de fazer Jessica pensar um pouco mais em si, esquecendo seu...