Capítulo Oito

98 8 7
                                    

Fantasmas mortos

Aperto a chave de fenda em minha mão com tanta força que sinto que meus dedos irão se fundir a ela. Não consigo olhar para ele, mas sei que ele me fuzila com seus olhos.

O que fazer quando se é pega com uma chave de fenda fora de um quarto trancado? As opções são extensas e mesmo assim, minha mente está vazia delas, mas repleta de desespero e medo.

- Talvez eu devesse costurar suas mãos, ou seus olhos? Você dá trabalho demais para sua situação. - Ele avança rápido para me arrastar de volta para o quarto pelo antebraço, e o que faço é tão rápido que chamo de impulso.

Ele chega perto e afundo a chave de fenda em seu peito, exatamente onde fica o coração. Quanto mais fundo, mais força preciso usar, os músculos são firmes e parecem concreto, mas não solto o cabo da chave de fenda até que todo o ferro esteja afundado em seu peito.

Ele me encara com a morte em seus olhos e cambaleia sem ar, e uso disso para correr até a porta. Giro a maçaneta com agressividade e pressa, a porta range mas não se abre, minha primeira opção está anulada.

Minha mente funciona de forma frenética e meu corpo segue as ordens tão rápido que mal tenho tempo de entender o próximo passo.

Ignoro as pessoas gemendo no chão e subo escada acima, não posso me dar o luxo de não ser egoísta agora, mal sei como irei escapar sozinha, ainda mais com algum debilitado.

Viro o corredor e abro a primeira porta, corro para a janela e tento abri-la, sem sucesso eu corro para a segunda porta do corredor, entro no quarto e tento a janela, ela se abre em um deslize limpo, o vento gelado bate em meu rosto com tanta força que quase sou derrubada.

Olho para o chão distante e me viro para olhar uma última vez a porta de onde vim, tomando coragem. Não pulo a janela como uma suicida, mas a minha ideia parece bem pior que pular.

Passo minhas pernas pela janela me sentando no parapeito, o agarro firme e jogo minhas pernas, ficando pendurada na janela, olho para baixo tentando buscar algo macio para cair, mas há apenas um abismo escuro sob mim.

Um barulho estranho dentro da casa me dá um empurrão para o que é necessário ser feito, então eu solto o parapeito.

A sensação de estar em queda livre é a mesma que estar em uma montanha russa, mas não há cinto de segurança, ou a adrenalina divertida. O vento forte e gelado agarra meu corpo enquanto a gravidade me puxa para baixo com força, então sinto a colisão.

Meu corpo atinge o chão com força, meu ar é roubado dos meus pulmões e cada músculo sente o impacto. Tudo dói e faz jus a queda, no entanto, não tenho tempo para lamentar a dor, eu me coloco de pé e mesmo cambaleante e com alguns ossos inegavelmente quebrados, adentro a floresta.

Não sei o quão longe essa casa dos horrores fica da civilização, mas se ela está próxima da casa de Gleice, estou há quilômetros de uma cidade. A floresta está ainda pior que a noite em que fui pega.

A garoa é agressiva e parece milhares de agulhas perfurando minha pele, o vento é intensamente gelado e parece tentar me arrastar de volta. O chão está pura lama e as raízes estão moles com musgo.

Quando meu corpo se acostuma à dor e ao frio, eu começo a correr, tropeço em galhos e afundo meus pés descalços em poças de lama, piso em pedras pontiagudas e corto meus pés, meus braços são arranhados por galhos com espinhos e o escuro não ajuda.

As nuvens cobrem qualquer iluminação que a lua poderia trazer, me deixando em completo breu, porém apesar de tudo isso, eu não consigo por um momento ter raiva das circunstâncias ou reclamar odiosamente sobre isso.

Presa por Jeff The Killer Onde histórias criam vida. Descubra agora