XVII - Fantasia de Enfermeira

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Eu estava vivendo nas nuvens. Nada parecia ou lembrava a minha própria vida. Não havia trabalho, aula, sessão de fotos, pai estraga-prazeres ou prima chata.

Só lindas praias de Curitiba e um cara lindo do meu lado.

Ryan me trata muito bem. Com direito a café da manhã na cama e algumas visitas a pontos turísticos no final do seu expediente.

Nos três primeiros dias eu fiquei no apartamento matando o tempo sozinha.

Na verdade não era bem um apê e sim uma casinha. Era bem arrumada. Tinha uma sala grande, cozinha, um banheiro e um quarto, isso mesmo, só um quarto! E é obvio que Ryan insistiu para que eu ficasse com ele. Eu protestei e... adivinhem!?!

Sai perdendo.

Mas quando ele chegava exausto tomava um banho quente e deitava na cama.

E assim os dias começavam e terminavam, mesmo sem que eu tivesse a necessidade de ligar para alguém, Nanda ou o Derek por exemplo.

Ainda preciso de tempo a mim mesma para pensar e colocar as coisas em ordem antes de enfrentar a realidade. E enfrentar quem quer que queira destruir minha vida.

Afastei o pensamento ruim da cabeça voltando a lembrar dos meus amigos. O pessoal do colégio, minha tia, o Alisson no hospital...

Como será que eles estão se virando?

O meu rosto também melhorou. No quarto dia eu já me senti bem o suficiente para respirar um pouco de ar puro e fazer algo que preste da minha vida.

Levantei cedo, tomei um banho rápido e fui para a cozinha. Preparei café e torradas, cortei um mamão e algumas maçãs, juntei com um cacho de uva e coloquei tudo na mesa bem bonitinha.

Ryan levantou logo em seguida todo lindo de cabelo bagunçado e sorriso meio torto, atraído pelo cheiro de pão quente.

- Huun madrugou uma cozinheira nessa casa?

- E acordou um gato faminto. Bom dia.

- Bom dia. Acordou de bom humor?

- Hum um misto de canseira de ficar parada com saudade de casa. Quero fazer alguma coisa.

- Que tipo de coisa?

- Algo fora daqui. Me ocupar.

- Isso significa que eu ganhei uma ajudante?

- Eu posso? - alegrei-me

- Será muito bem vinda anjo.

- Amei ! - pulei da cadeira - Vou me arrumar.

- Espera, calma! Vamos terminar de comer primeiro. Apressadinha!

Conversamos enquanto ele comia. Contei como era a minha mãe e das lembranças gostosas dos meus passeios com ela. Podíamos continuar conversando, mas o dever o chama. Ou melhor, nos chama.

Ryan foi tomar um banho rápido e eu, me arrumar. Ele entrou no banheiro e eu bati à porta.

- Como eu me visto?

Ele abriu a porta e me olhou, rindo.

- Como você quiser, senhorita. Vou te arrumar um jaleco.

Resolvi colocar calça jeans, uma camiseta pêssego e sapatilhas confortáveis. Prendi o cabelo em um rabo de cavalo e passei um gloss.

Já o doutor Brandt estava com seu uniforme habitual, todo de branco e uma pasta-bolsa preta.

Pegamos um táxi e descemos em frente a um prédio azul antigo. As paredes estavam mais recobertas de lascas de tinta do que pintadas. Havia um pequeno caminho de pedra que levava do portão de ferro até a entrada do casebre.

Dama de VermelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora