Capítulo III

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Era quase meia-noite e o cinzeiro da minha sala que fora esvaziado pelo Ethan antes dele sair estava agora transbordando novamente ao lado de uma caneca de café, cujo cheiro se espalhava pela minha sala. Foi sorte Ethan ter saído mais cedo para ir ao mercado central em busca da peça do telefone que ele quebrou, assim ele não iria surtar quando visse a bagunça que estava na minha sala, a mesa não era suficientemente grande para espalhar os arquivos e fotos que estava nas pastas das 4 vítimas então afastei as cadeiras e móveis e comecei a espalhá-los no chão e após horas analisando e relendo tudo detalhadamente, ainda não conseguia achar nenhuma conexão real entre as vítimas, o mais próximo disso era com a terceira vítima, que tinha um antiquário do outro lado do Rio Tâmisa, e a quarta que era um solteirão de cinquenta e poucos anos que vivia em uma casa luxuosa em Kensington, os dois possuíam obras de arte valiosas, porém essa não era única coincidência que eles compartilhavam, aparentemente, nada estava faltando em suas respectivas residências, mesmo que elas estivessem lotadas de valiosas obras de artes, o que fez a investigação da polícia seguir outro rumo já que nenhuma das outras vítimas tinham isso em comum. Mas isso sempre me incomodou, ele primeiro rouba a adaga de Antoine e em seguida mata duas pessoas que possuem obras de arte? Eu me perguntava, qual era o motivo por trás dessas mortes? Pelo jeito não era o dinheiro, ele provavelmente está atrás de alguma outra coisa, algo que ele não achou nem na mansão, nem no antiquário.

Levei a minha mão ao rosto pressionando e esfregando meus olhos, eu já estava há muito tempo de joelhos no chão. Tentei me levantar para me esticar, mas minhas pernas estavam dormentes e eu mal conseguia me mover então eu só engatinhei até minha mesa e recostei sobre sua lateral alcançando o maço de cigarros que estava agora bem acima da minha cabeça na beirada da mesa, acendi mais um e permaneci ali olhando na direção da janela. Pequenas nuvens cobriam a lua cheia que iluminava parcialmente o céu de Londres, enquanto minha perna não voltava ao normal, comecei a refletir sobre as vítimas, e sobre o assassino, estava claro agora que o assassino estava realmente atrás da segunda adaga, era isso que ele estava buscando quando matou aquelas vítimas e por mais que eu não goste de pensar nessa possibilidade, fica cada vez mais difícil não pensar que o Antoine não foi uma simples vítima do assassino, mas sim seu comparsa, já que além de mim e ele, apenas o Sr. Floyd também sabia sobre a segunda adaga, e mesmo que o Sr. Floyd tenha sido o último a ver o Antoine vivo, não era provável que ele com seus quase 80 anos e composição frágil, tenha saído por aí matando essas pessoas e muito menos que tivesse mandado alguém matar todas essas pessoas em busca de um item que ele teria plenas condições financeiras de comprar, ouso dizer que se houvesse mais dez daquelas ainda assim, ele teria dinheiro o suficiente. Diferente de mim Sr. Floyd não estava nisso por dinheiro, mas sim pela paixão por arqueologia. Ele tem feito o trabalho de avaliar nossas mercadorias desde que cheguei aqui em Londres e fui estúpida o bastante para tentar furtar sua casa. Até hoje meu nariz é um pouco torto da pancada que ele me deu utilizando sua bengala. Depois disso nos tornamos próximos e volta e meia eu me vejo obrigado a recorrer aos seus conhecimentos sobre o assunto. Ele ficou realmente devastado ao saber da morte de Antoine, quando fui até ele para tentar descobrir algo que pudesse me ajudar a encontrar o culpado, ele me deu todo o apoio que eu precisava, mas não viu nada de anormal na visita de Antoine, porém ele me falou que o Antoine estava euforicamente agitado, mas estava tentando esconder sua excitação.

A princípio eu pensava que aquilo era devido ao valor que conseguiríamos vender aquelas adagas, visto que aquela era de longe nosso achado mais valioso. Agora pensando melhor, e se ele estava tão eufórico porque ele planejava ficar com os lucros para ele?

O provável era que Antoine podia ter feito um acordo com o assassino, e os dois juntos planejavam vender as adagas, por isso então contataram a professora Mary, a segunda vítima, que lecionava na universidade de Londres, para ajudá-los.

Miss Lisa e o Mistério das Adagas Sumérias.Onde histórias criam vida. Descubra agora