Cheguei ofegante na casa do Ethan e nem mesmo aquela madrugada fria impediu que eu chegasse lá completamente suada. Seu pequeno apartamento ficava no último andar de um alojamento na área industrial de Londres, onde a maioria de seus inquilinos eram trabalhadores e famílias dos trabalhadores das fábricas daquela região. Mesmo sendo simples e imundo era o preço que Ethan aceitou pagar para ficar livre do seu pai. A janela do seu quarto estava entreaberta e dava perceber uma fraca luz que vinha de lá, então ele com certeza estava acordado. Subi pelas escadarias que ficavam no pátio no centro do alojamento, estava tudo muito silencioso, mas a fraca iluminação da lua me guiavam pelas tralhas que estavam depositadas no pátio. Não foi difícil chegar até a porta do apartamento do Ethan. Bati na porta e devido ao silêncio, cada batida soou como a machadada de um lenhador corpulento contra o tronco de uma árvore. Esperei um pouco e ele não saiu, dai mais algumas batidas, mas dessa vez tentei chamá-lo, mas percebi que, a não ser que eu gritasse, ele jamais ouviria minha voz. Encostei meu ouvido na porta, na esperança de ouvir algo, porém estava mais silencioso do que nunca, comecei a pensar o pior. Aquela luz acesa naquele horário não era normal. A única coisa que eu conseguia pensar era que o assassino já tivesse passado aqui mais cedo, feito o seu trabalho e que a luz ficara ligada até agora.
Bati novamente, porém eu estava pensativa e apreensiva e minhas batidas acabaram saindo mais forte do que esperava. Um vizinho então abriu a janela e me olhou com cara feia, eu logo acenei me desculpando por acordá-lo aquela hora da noite. Ele começou a resmungar e bateu a janela com raiva.
Aquilo já tinha me consumido tempo demais, não importa quanto tempo que ficasse batendo ali, ninguém sairia, eu precisava dar outro jeito. Nesse ramo de trabalho, invadir lugares trancados era corriqueiro, nenhuma fechadura tinha me impedido antes e não seria agora que isso iria acontecer.
Peguei a gazua que eu sempre carregava comigo na carteira e comecei a abrir aquela porta. Era uma porta antiga e barulhenta, a cada pino que eu destravava, mais próxima eu estava de tomar outra bronca daquele vizinho mal-humorado. Finalmente o miolo girou e a porta agora estava destrancada, mas eu não entrei de imediato, saquei minha Ruby e abri a porta lentamente, ela emitiu um terrível rangido durante todo o curso até ficar totalmente aberta. Estava muito escuro, aquela luz que vi pela janela agora tinha sido apagada e o pouco que conseguia ver do interior era devido às fracas luzes que entravam pelas janelas da casa.
Eu não estava sozinha naquela casa.
Caminhei lentamente contornando cuidadosamente o balcão que dividia a sala da cozinha, verificando se havia algo atrás dele. Não havia nada, segui então para o banheiro que também estava vazio. Só faltava o quarto então, o silêncio era perturbador comecei a ir em direção ao quarto, continuei pé por pé e quando estava prestes a entrar no quarto um leve aroma adocicado foi trazido até mim pela brisa que entrava pela janela. Ali mesmo eu já percebi no que eu estava metida, no momento em que pisei dentro do quarto, cai como um patinho naquela emboscada, o barulho sob meus pés de algo crocante se partindo ao pisar, era a deixa para que meu algoz atacasse, e ele veio com toda a sua força, gritando em fúria empunhando um taco de críquete.
Desviei por muito pouco quando me abaixei, se meu chapéu ainda estivesse sobre minha cabeça ele teria voado longe.
Ethan já se preparava para dar mais um ataque quando eu de joelhos gritei para ele parar.
— Lisa? — perguntou ele, surpreso enquanto acendia a luz do quarto
— que ideia foi essa de invadir minha casa? Aconteceu alguma coisa?
— como eu bati e ninguém saia eu achei que estaria entrando na casa de um defunto. — falei mal-humorada
— Porque você não abriu a porta quando eu bati? — perguntei mesmo que eu já soubesse a resposta. Ele estava encostado no batente da porta tampando a visão de parte do seu quarto, mas aquele perfume adocicado ele não conseguiria esconder.
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Miss Lisa e o Mistério das Adagas Sumérias.
Mystery / ThrillerLisa é uma sobrevivente da Primeira Guerra Mundial, e depois do final do conflito, ela se mudou para Londres, onde trabalha como detetive particular. Porém, essa não era sua principal atividade. Ela sempre se interessou em artefatos, relíquias, joia...