ELDARYA - O Mundo Perdido

NOTÍCIAS PASSADAS - CAPÍTULO SEIS

Ao cair a noite, Alex estava acomodado em seu novo quarto, com uma fraca luz amarela o iluminando encima da cabeceira da cama, ele se curvou para remexer em sua mochila e de lá tirou o livro tão pesado que fez com que sua coluna desse um leve estralo, quando se sentou novamente estava ofegante para descobrir oque aquele livro guardava, ao tocar sua capa dura de couro pode sentir o aroma de livro antigo que tanto amava, aquela sensação simplesmente o tomava por completo e quando foi abrir o livro paralisou com um estrondo, que vinha do teto.
Tomado por coragem (ou não) se levantou e caminhou até a porta, lembrava de ter visto uma pequena passagem no teto e o sótão ficava lá encima, indeciso se arriscaria sua vida para verificar se era apenas um rato ou um gambá ele se armou com um cabide de madeira e puxou uma corda pendurada no teto, da qual se desceu uma escada de madeira, segura? Nem um pouco, mas a adrenalina tomava posse de seu corpo e decidiu encarar aquilo de uma vez. 

Quando chegou ao andar superior analisou em todo seu torno e subiu degrau por degrau delicadamente para não chamar atenção, era tarde demais pra voltar, seus pais estavam na sala e não tinha probabilidade de descer mais dois lances de escada abaixo, decidiu prosseguir, mal sabendo que aquilo mudaria sua vida por completo. Cegado pelo breu de escuridão que tomava o cômodo encontrou um interruptor que reacendeu todo o lugar, aflito do que poderia encontrar quando a luz invadisse o quarto segurou o cabide com mais firmeza e se sentiu aliviado ao ver que nenhum morto-vivo habitava o lugar ou nenhum poltergeist teria se manifestado em momento algum, pelo menos por enquanto, aquele lugar parecia não ter sido tocado a tempos, a poeira recobria toda parte e aquilo o causava uma tremenda agonia, sem mencionar a claustrofobia causada pelo local fechado e sem muitas passagens de ar, torcia pra sair de lá vivo e o mais rápido possível, não sabia oque esperar de um lugar como aqueles. 

Foi quando seu coração parou, quando se virou viu uma ratazana se espremer entre as caixas e sair por um buraco ao canto do quarto, "-ah ótimo, era só você que estava me assustando hein? Não tem nenhuma amiga sua por aqui?-" soltou um riso abafado por desespero e notou várias caixas e tralhas velhas entulhadas por todo lugar, não tinha notado antes pois não podia esconder o medo que o tomava, mas agora tinha uma pitada de curiosidade o cutucando pra revirar aquele quarto. Mas ao dirigir o olhar para o canto inferior entre algumas caixas tinha uma gaveta com as palavras "Achados e perdidos" escondida entre eles, chamando muita  a atenção do mesmo ele se aproximou e retirou algumas coisas que a encobriam e olhou seu interior, estava cheio de brinquedos, roupas, alguns accessórios como escovas de dente e uma câmera fotográfica, "como poderiam ter esquecido uma coisa dessas?" se questionou em silêncio, então tomado pela curiosidade pegou o objeto na mão e ainda havia bateria na mesma, rapidamente ele foi em direção á saída pra investigar melhor o tal objeto, para ver se achava algo interessante, e enfim desceu e fechou a portinhola atrás de si.

Sentando-se na cama começou a encarar o objeto, não parecia ter mais de 5 anos de uso, era nova praticamente dizendo, e ainda funcionava perfeitamente, só não sabia como alguém ainda não tinha pegado pra si o objeto, mas também tinha sérias dúvidas se não faziam anos que não entrava nenhum ser humano dentro daquele agoniante lugar, mas ignorou seus pensamentos e a ligou então. Observando os primeiros registros, tinham fotos de paisagens, rios, animais, presumia que coisas normais de qualquer turista, mas quando passou para próxima foto seu coração parou num pulo agoniante e ficou sem reação por um breve momento, a garota da biblioteca.. com seus pais.. não podia acreditar mas era a mesma da foto, parecia mais nova e com notáveis diferenças, mas não poderia negar de que eram a mesma pessoa, olhando a data da foto percebeu que faziam exatos 4 anos que a foto fora tirada, nela tinha a menina, baixa, magra, com longos cabelos castanho claro e seus olhos azuis reluzentes, ao seu lado um homem alto e encorpado, com um cavanhaque mal feito e cabelos loiros castanhos, bem semelhantes ao da filha, e ao lado contrário se encontrava a mãe, uma mulher com estatura média e cabelos enrolados castanhos escuros, seus olhos castanhos eram lindos, eram a família perfeita, ao mesmo tempo sentiu uma certa agonia por lembrar de sua família separada e mal mantendo contato um com o outro, mas tentou afastar isso e passou mais uma foto, elas acabaram, havia uma última fotografia com a garota sentada e seus esvoaçantes cabelos voando ao vento em frente á grande cachoeira, mas notou algo sútil na paisagem, ao fundo da cachoeira poderia se perceber a silhueta de uma mulher, não sabia se era imaginação ou pela qualidade da foto, mas nitidamente se destacava a figura sobreposta pelas águas, e no mesmo momento que foi olhar mais de perto a bateria acabou, ah maravilha, soltou um gemido de agonia e pensou no que teria acontecido, porque ela mudou tanto, inquieto começou a encarar o objeto frio em suas mãos, agora inútil, teria revelado todos os seus segredos, e dai pra frente? Oque poderia o ajudar?

 Foi então que caiu seu olhar sobre a cama, o livro, que agora repousava sobre o lençol amaçado, estava satisfatoriamente o chamando mais uma vez, e dessa vez não deixaria escapar, veria oque tinha naquilo de uma vez por todas, oque tanto o fissurava, será que descobriria o segredo daquele lugar? Da garota misteriosa? Oque esperar? Sua cabeça estava a mil, então colocou a câmera levemente sobre seu colo e esticou o braço para alcançar o livro, trouxe o então pra si e respirou fundo. Segurando firmemente agora ele o abriu e começou a folear as páginas amareladas, quando algo caiu sobre a macia cama, um papel, não, um jornal,ou melhor, uma notícia.

Uma notícia de desaparecimento..

FIM DO CAPITULO SEIS.