Angel by chance - South Park

Capítulo 12 𖤐⭒๋

A brisa estava sombria e congelante, contrastando perfeitamente com o encantador pôr do sol que pôde ser visto acima. Kenny esperou a garrafa chegar à borda para analisá-la, caindo mais uma vez naquela visão.

Um ambiente infernal sendo iluminado, ondas do mar em caótico movimento.

O loiro esfregou os olhos e jogou a garrafa nas mãos de Pip, que não expressou nenhuma reação parecida. Apenas indagado com o conteúdo por dentro do vidro esverdeado: uma pequena ilustração feita à mão de um coelho e uma frase em um idioma desconhecido.

Wendy revirou sua cabeça para tentar achar uma resposta ao que parecia ser um mistério. O britânico fuçava suas memórias das aulas de latim que tinha em sua terra natal; nenhuma correspondência. Aquilo não parecia de jeito nenhum ser latim.

Os dedos que coçaram os olhos de Kenny se encontravam sujos de areia ao se esticar para alcançar a garrafa largada pela garota, já exausta de tentar decifrar o que estava escrito.

Puxou as mangas de seu clássico casaco laranja e desembrulhou o papel já amassado. O desenho do coelho era inconfundível. Certamente a mensagem era de Butters Stotch.

Antigo melhor amigo de Kenny, morando no Havaí durante os últimos cinco anos por motivos não revelados, ditos por motivos familiares.

A questão da ilustração do coelho remonta há anos, quando foi para o Havaí pela primeira vez, no quarto ano do fundamental. Teve de passar por uma espécie de prova num ritual de passagem, onde teria de matar um coelho. Devido a seu bom coração, Butters não foi capaz de matá-lo, e este virou seu apelido desde então. Tal apelido que apenas Kenny sabia, já que o acompanhou na primeira viagem.

A mensagem que continha no papel era ʻ'Ua hoʻi au, 'ike ʻoe i ka lā ʻapōpō ma ke kahua mokulele''.

Obviamente, ninguém sabia o que tal palavras significavam, mas com a mente de um adolescente moderno, a primeira ideia de Kenny foi retirar o celular do bolso de seu casaco e fazer uma pesquisa ao tradutor. Coisa que Pip não havia pensado, afinal, tinha de fato a mentalidade de alguém do século passado.

- Eu voltei. - o loiro lia a tradução - te vejo amanhã no aeroporto.

Sentiu seu coração palpitar como não havia sentido nos últimos anos. Por Deus, ele tinha tanta saudade de Butters. Mesmo sempre sendo o ''amigo esquecido'', deixado de lado pelos demais. O alvo anterior do quarteto antes de Pip, mas que sempre voltava atrás. Mal podia acreditar que o tão querido antigo amigo estava voltando a South Park - sem nenhum motivo aparente.

- Gente, é o Butters!

Kenny exclamou com muita expectativa para os outros dois olharem para os lados se questionando quem raios era Butters. Uma pequena faísca de luz surgiu numa lâmpada imaginária acima da boina de Wendy.

- Aaaaaaaaaah, quem é ele mesmo? Esse nome me parece familiar, se bem que eu....

- Os garotos costumavam dizer que eu me pareço com Butters - o britânico a interrompeu - numa versão retrógrada, e ainda mais vulnerável.

- Aquele loirinho? Acho que ele foi para o Havaí, é o que dizem.

- Isso mesmo... tenho certeza que é ele. E ele vai voltar para South Park amanhã, vou recebê-lo no aeroporto - Kenny se levantou da areia - se quiserem ir, estão à vontade.

- Não, obrigada. Não posso amanhã. Eu estou meio... confusa. Desculpa..

Pip apenas permaneceu calado por breves segundos.

-Ah, Pip! Eu tenho certeza que você iria se encantar ao conhecer Butters, ele realmente se parece com você, digamos assim.

Ele tremeu brevemente imaginando a situação. Conhecer pessoas novas de fato não era uma tarefa fácil, mesmo aparentando ser a pessoa mais gentil do mundo. Se bem que ele já tinha uma vaga lembrança a respeito do garoto. Uma lembrança muito, muito vaga. Talvez brincando no parquinho da escola, deliciando-se brincando de cavar na caixinha de areia infantil, ou de jogar água um no outro, e claro, uma breve enxurrada de desculpas vindas dos dois loiros após isso. Manias mútuas. Estranhamente, Butters parecia sempre estar conectado ao mar de alguma forma, de acordo com a rasa memória de Pip.