Capítulo 16 𖤐⭒๋

337 24 16
                                    

Pip estava mergulhado num sono profundo. Se acontecesse algo estranho, ele dificilmente abriria os olhos. Mas foi o que aconteceu.

Em frente à porta no quarto completamente escuro, a mesma sombra da escada. Agora com mais detalhes. Parecia ter cerca de 1,75, cabelos longos e algo na cabeça.

A silhueta se aproximava, e a cada passo Pip desejava cada vez mais que houvesse um cobertor naquela cama para o proteger. Ela entrou no quarto em passos lentos e largos, permaneceu alguns segundos parada, encarando o garoto que estava na cama.

- Mas o que diabos é isso? - a "criatura" possuía uma voz séria, autoritária. Era uma voz feminina.

Por um segundo, Pip imaginou que fosse uma assombração que mora no casarão há dois séculos. Afinal, ele conhecia o real anticristo, por que isso não poderia acontecer?

No entanto, o britânico pensou duas vezes. Aquela voz era familiar. Se esforçou para lembrar, havia ouvido pela última vez quando estava no ônibus indo para o aeroporto com Kenny. Quando ele estava cantando. Era exatamente a mesma voz, o mesmo tom de militância.

A sombra se dirigiu à parede e ligou o interruptor, que acendeu o lustre de luz amarela revelando a imagem de Pip deitado na cama com os braços escondendo seu rosto para sua autodefesa, paralelamente revelando de quem era a misteriosa sombra. Uma garota com o rosto extremamente sério, que se tornou surpreso por um segundo. Tirou os longos cabelos loiros e ondulados do rosto para enxergar melhor. Era mesmo aquilo que estava vendo? Aquele era mesmo Pip Pirrup?

- Philip Pirrup?

O britânico esfregou os olhos para tentar processar a informação. Olhou para ela de cima a baixo. Um vestido antigo chique, mas confortável. Um chapéu rosa de veludo que tinha certeza que já havia visto antes. Sem dúvidas, aquela era Estella Havisham.

- E-Estella?!?

- Eu reconheceria esses seus fiapos loiros e essa boina sebosa em qualquer lugar, saco atropelado de merda.

- Eu reconheceria esse seu jeitinho em qualquer lugar.

Aquela era definitivamente Estella. Sua agressividade com as palavras era inconfundível.

- Você não mudou nada. Não cresceu nada. Nem sua voz mudou. Continua a mesma pequena bichinha de sempre.

Ao contrário de qualquer pessoa que xingasse ou criticasse Pip, ele não se sentiu ofendido em relação ao comentário de sua antiga amiga de infância. Por mais que a relação entre eles não tenha sido a mais saudável, era reconfortante lembrar de uma "amizade", por mais que forçada, que desenvolveu durante seus primeiros anos de vida. E ao contrário do britânico, Estella havia realmente crescido. E como havia. Ela era cerca de 10 centímetros mais alta que Pip e seu corpo estava muito desenvolvido, apesar de sempre ter sido 2 anos mais velha que o britânico.

- Estella... Há quanto tempo... quanta saudade da Inglaterra...

- Pfft, sempre tão dramático. Mas sim, eu realmente sinto falta de minha pátria... a história de como eu cheguei até aqui é um pouco insana, fezes ambulantes de bebê.

- Sim! Você pode me contar tudo! Quer dizer, ainda esta noite? Acho que está um pouco tarde, já passamos da meia-noite - exclamou Pip com animação.

- Ainda hoje, ridículo. Sou uma criatura da noite - mentira estúpida de Estella. Ela queria esconder o que estava fazendo, que não era nada normal.

Os dois saíram do quarto, desligando a luz e fazendo a bela e confortável ambientação vitoriana ir embora e assim se tornar novamente apenas um quarto escuro e sem graça.

Angel by chance - South ParkOnde histórias criam vida. Descubra agora