soldier, poet, king ; norenmin

the soldier

"There will come a soldier
Who carries a mighty sword
He will tear your city down"

("Virá um soldado
Que carrega uma espada poderosa
Ele destruirá sua cidade")

Com seus cabelos negros molhados soltos sob seus olhos, ele sentia o vento gélido sob sua face morna após um belo banho quente, afinal havia saído há pouco de seu último treinamento rigoroso, finalmente estava livre para viver sua própria vida, mas é claro, se acionado pela sua majestade, teria de servir em seu exército real. 

Suas roupas de couro chegavam a ser até um tanto desconfortáveis, mas nada que não conseguia aguentar. Vestia um gibão de couro preto que deixava seus braços musculosos de fora, tendo uma regata preta de gola alta com mangas bem curtas por baixo, acompanhadas por um tabardo que chegava até os joelhos, tendo uma separação entre as pernas.

 O gibão tinha belos detalhes do lado esquerdo, sendo assemelhados à fivela de um cinto, porém com pequenos detalhes. Em suas mãos, usava luvas longas de couro preto até um pouco acima dos cotovelos. 

Em sua cintura fina, um cinto preto comum onde havia um grande pedaço dele pendurado pelo cinto ser grande demais para uma cinturinha tão tênue. Suas calças pretas não eram nada de mais, enquanto em seus pés, havia botas de montaria pretas de couro. 

— Como é sentir a liberdade sob seus ombros, Lee? — Seu colega, também soldado, pôs-se ao seu lado, lhe dando um sorriso ladino, lhe oferecendo seu cigarro recém aceso. Um fato curioso, é que muitos dos soldados acabam começando a fumar para lidar melhor com toda a tortura e estresse.

— Não é bem liberdade, né? — Disse num tom um tanto frio e deu de ombros, tomou o cigarro da mão do outro, levando para seus próprios lábios. — Liberdade por ora.

Jeno sentia um enorme peso sendo tirado de seus ombros ao estar saindo daquele local, foram anos sombrios com todo aquele treinamento pesado torturante, sem dó e nem piedade dos que lá estavam. Os soldados entravam por aquela porta apenas garotinhos e saíam homens frustrados com a vida.

— Tem razão, mas um dia chegaremos lá. — O rapaz mais baixo respirou fundo e fez um gesto com as mãos ao que o Lee tentou lhe devolver o tabaco, acenando que não precisava. — Pode ficar pra você, tenho mais aqui.

O moreno deu de ombros e tragou o cigarro mais uma vez, sentindo seu ser inteiro relaxar, o que o obrigou a fechar os olhos e aproveitar o momento tranquilo e gostoso que estava presenciando.

— A gente se vê por aí. — O acastanhado disse, acenando com a mão, um pequeno sorriso sendo formado sob seus lábios cheinhos.

— Até mais Yangyang. 

Lá estava ele, em frente à porta do quartel quando se deu conta de que não sabia para onde ir, esteve tanto tempo ali que nem ao menos sabia o que o mundo tinha a lhe oferecer. É claro, havia pensado muito no que faria quando a liberdade o alcançasse, mas nada o prendeu.

Passou a mão sob seus fios úmidos e jogou o cigarro no chão, pisando em cima do mesmo para apagá-lo antes de começar a andar pela calçada. Não estava nem ao menos na metade, mas não importava. 

— Você ouviu as notícias? Parece que o rei de Synsia faleceu há pouco em uma batalha. — Ouviu sem querer a conversa de dois camponeses que passavam por si. 

Jeno arqueou sua sobrancelha, estava havendo uma guerra por aí e ele não estava sabendo?

— Ouvi que foi o próprio irmão quem o matou, eles duelavam entre si. — O outro rapaz explicou.

Suspirou aliviado, afinal não estava ocorrendo uma guerra entre reinos, logo, não precisaria se preocupar no momento. 

Residia no reino de Wura, um reino grande e calmo, não havia muito o que se falar sobre o local, seu rei Zhong Chenle havia ficado órfão quando muito pequeno pois seu pai, o antigo rei, faleceu de alguma doença rara desconhecida, enquanto sua mãe acabou desenvolvendo depressão após a morte do rei, a levando à uma péssima escolha... 

Zhong era muito novo para ser rei, porém todos tinham plena certeza de que ele havia nascido para tal, o jovem rei era muito talentoso, carismático e sabia governar o reino, era realmente um prodígio, havia amadurecido muito rápido para um rapaz de 18 anos. 

— Olá, pode me ver dois maços de cigarro e um isqueiro, por favor? — Jeno pediu ao entrar em um velho comércio onde vendia comida, acessórios para animais, entre outros. 

A moça que ali estava lhe deu um breve sorriso e se virou para pegar seu pedido, lhe entregando os dois maços juntamente do isqueiro em um frágil saco marrom.

— São três dólares e cinquenta centavos. — Respondeu com sua doce voz. O rapaz lhe entregou o dinheiro e ela fez uma reverência com a cabeça. — Obrigada, volte sempre.

— Aquele cigarro de Yangyang era horrível. — Murmurou para si mesmo ao sair do local, abrindo um dos maços, levando aquele pequeno objeto vicioso para sua boca, acendendo com certa dificuldade por conta do vento que soprava.

Parou por uma praça e se sentou em um banco enquanto tragava o tabaco, fazendo sua mente espairecer. Decidiu então após um vasto momento que andaria por aí sem rumo para descobrir algo que realmente gostasse de fazer, quem sabe visitar reinos novos? Afinal, nunca havia saído de Wura, estava na hora de conhecer novos horizontes, encontrar seu lugar no mundo. Ser quem ele nasceu para ser.