soldier, poet, king ; norenmin

the other king

Estava no meio de uma reunião importante quando a porta fora aberta, fazendo um barulho estrondoso pelo cômodo inteiro. O Zhong suspirou e revirou seus olhos, estava pronto para brigar com quem quer que fora a pessoa a interromper seus negócios.

— Majestade, é uma emergência. 

Apenas aquelas palavras foram o suficiente para deixar todos da sala em choque. O garoto se levantou suspirando e saiu da sala batendo os pés. 

Chenle fora informado que o atual rei de Synsia estava desaparecido há mais de dois dias e ninguém sabia de seu paradeiro, havia desaparecido sem deixar pistas ou rastros para trás. Aquilo o deixou um tanto apavorado, vendo que ele quem teria de agir de alguma forma. 

Próximo das onze da manhã, já havia chegado ao reino aliado com seu cavalo branco, essa era uma dupla muito conhecida por todos os reinos, o rei Zhong Chenle e seu cavalo Atlas eram muito bem falados, sendo o rei prodígio e seu fiel companheiro animal que corria mais rápido do que qualquer outro cavalo comum.

— Onde está? — Perguntou assim que entrou no palácio dos Huang, tendo alguns servos reais se reverenciando a ele. 

Foi então que trouxeram até ele uma mulher um tanto miúda, com os cabelos castanhos claros e bem branquinha. 

— O que sabe sobre isso? — Apenas a voz do Zhong era ouvida, todos os demais estavam em completo silêncio.

— Eu não sei de nada, eu juro. Vossa majestade estava triste antes da coroação, isso é tudo que sei. — Disse a mulher com a voz trêmula, sem nem ao menos fazer contato visual com o rei.

O Zhong suspirou frustrado e deu as costas, saindo do palácio. Pediu para que seus guardas o deixassem sozinho um pouco e esperassem pelo castelo. Eles obedeceram, pois sabiam que por mais novo que ele fosse, sabia muito bem o que estava fazendo.

Foi seguindo pelas ruas bem iluminadas por conta do sol que fazia questão de se mostrar para todos ali, observando todos os detalhes por onde passava. 

Onde poderia o rei Huang ter ido? Será que esse havia sido sequestrado? A probabilidade era alta, já que reinos inimigos queriam a cabeça de ambos sob suas mesas para decoração. Mas de repente?

 Algo não fazia sentido para si, a coroação havia sido há apenas alguns dias, teria dado tempo de seus inimigos terem pensado num plano e o executado tão rapidamente?

Foi então que notou um garoto alto com os cabelos escuros bagunçados um tanto frustrado, estava quase apanhando de três homens altos e fortes, que pareciam muito irritados.

Se aproximou um pouco ao que viu o rapaz ser atingido por um soco, este gritava em desespero e pedia para que não lhe machucassem, se desculpando sem parar.

— Com licença. — O Zhong disse em alto e bom tom, segurando na bainha de sua espada. — Deixem o rapaz em paz.

— E quem você pensa que... — O mais baixo entre os três dizia com sarcasmo mas assim que se virou e viu a figura do rei da cidade vizinha, arregalou os olhos e cutucou seus companheiros. 

Os três fizeram uma reverência antes de saírem rapidamente dali, deixando-o sozinho com o garoto, que parecia perdido em seus próprios pensamentos.

— Por que eles estavam mexendo com você, meu bem? — Se aproximou dele, levantando o rosto alheio com seu indicador delicadamente no queixo do outro.

— Não foi nada. — Disse, abaixando seu olhar. Se recusando a acreditar que um rei estava com dó de si.

— Não parece ter sido nada. — Deu um sorriso, acariciando a bochecha do outro, que se afastou. — Zhong Chenle, e você é...?

— Eu sei quem você é. — Ajeitou a jaqueta e começou a andar, tendo o mais baixo o acompanhando. Estes haviam apenas centímetros de diferença. — Park Jisung.

Zhong sorriu vitorioso ao perceber que estava conseguindo se comunicar com o garoto, porém não disse nada, apenas continuou seguindo-o até que pararam na frente de uma loja de coisas antigas.

— O que viestes fazer aqui? — Chenle questionou e o garoto apenas ignorou, adentrando aquele local com cheiro de velharia e mofo. — Que desrespeito ignorar o rei...

Jisung finalmente abriu um sorriso ao que viu um rapaz um pouco mais velho no balcão, o mesmo tinha seus cabelos castanhos num mullet ondulado. Este lhe retribuiu o sorriso assim que tirou os olhos do livro que lia e viu o Park.

— Olha só quem finalmente veio me visitar, seja bem-vindo jovem Park e... — Olhou o garoto logo atrás de si forçando sua visão, até o mesmo se aproximar mais, fazendo o homem arregalar os olhos. — O rei de Wura?! 

Se levantou rapidamente de seu banquinho enquanto Zhong sorriu com um aceno de cabeça e tornou a olhar as coisas ao redor, não entendendo o porque do moreno estar ali.

— É um prazer majestade, fique à vontade, sou Yuta. — Disse todo sorridente, este tinha um sorriso diferente, era digno de um comercial de pastas de dente. — Como posso ajudá-lo, Park?

O garoto dos cabelos dourados estava tão entretido num relógio de cuco onde podia avistar pequenos bonequinhos de porcelana dentro se movendo a cada batida do relógio. Eram pequenas fadas.

Estava tão entretido que nem ao menos notou os outros dois cochichando enquanto um envelope era passado para Yuta pelo balcão.

Tomou um susto ao que sentiu a presença do homem atrás de si.

— Lindo, não é? Foi feito por um artesão muito habilidoso, o mesmo dizia que havia saído de Synsia e encontrado um reino de fadas, dá pra acreditar?! Todos dizem que ele havia enlouquecido após ter perdido o irmão mais velho em batalha...

Assim que o relógio indicou meio-dia, Chenle deu um pulo para trás ao que o cuco saiu de dentro daquela caixa bonita, fazendo aquele clássico barulho que havia dado o nome ao relógio (cuco-cuco).

Yuta não conseguiu conter a risada com o susto dele, então cobriu a mão com a boca, recebendo um olhar sério do rei.

— Perdão majestade, apenas achei fofo...

— Yuta. — Jisung chamou num tom sério até demais, fazendo o rapaz se virar com um sorriso para o aprendiz de Na Jaemin. — Preciso de sua ajuda.

Este assentiu e voltou para trás do balcão da loja, que estava quase sempre vazia, mesmo tendo lindos produtos para oferecer. Afinal de contas, ninguém gostava daquelas tralhas velhas que o mesmo vendia, apenas idosos.