soldier, poet, king ; norenmin

the poet

"There will come a poet
Whose weapon is his word
He will slay you with his tongue"

("Virá um poeta
Que tem como arma a sua palavra
Ele o matará com sua língua")

O que era o tempo? Para o Na, era algo relativo, afinal, o tempo não existe de verdade. Era nisso que pensava até ser interrompido de seus próprios pensamentos com um pequeno garoto o chamando - não tão pequeno assim, porém Jaemin o via dessa forma. O garoto era o aprendiz de Jaemin, tendo apenas dezessete anos de idade

— Sim, Jisung? — Respirou fundo tentando não brigar com o garoto por algo que nem ele sabia que havia irritado o mais velho. 

— Senhor, recebemos um telegrama. — O mais alto respondeu simples, entregando o papel ao seu superior. 

O Na agradeceu baixo e fez um gesto com sua mão para que o garoto saísse dali. Teve de pegar seu abridor de cartas para conseguir retirar o papel que ali dentro havia. Estava com um carimbo real dourado sob a folha branca.

— O que é isso? — Perguntou baixinho numa pergunta retórica à si mesmo. Havia "urgente" escrito em vermelho, o que o assustou por breves segundos, onde tentava não entrar em pânico.

"Caro Na Jaemin,

Por meio desta o correspondente do rei Huang Ping lhe faz um convite formal para trabalhar para o rei. Peço que traga seus materiais de pintura ao reino Synsia no dia 02/02/1348, no próximo sábado."

Quase saltou da cadeira ao acabar de ler, por que diabos o rei gostaria de seus trabalhos? Jaemin era um pintor renomado, é claro, porém não sabia que o rei gostava de arte. 

Além de pintor, Jaemin também escrevia poesias, mas estava mais para um hobby, já que o que realmente lhe dava dinheiro eram suas obras de arte pintadas com tinta à óleo.

— Jisung! — O garoto dos cabelos rosados gritou, fazendo com que o garoto magricela aparecesse rapidamente na porta de seus aposentos.

— Sim, senhor? — Se aproximou ao que teve permissão de seu mestre.

— Iremos a um local no sábado, vista suas melhores roupas. — Avisou se levantando da cadeira de madeira. 

— Sim senhor. 

— E por favor, me traga uma xícara de chá de camomila, estou precisando acalmar os nervos. — Pediu com seu doce sorriso antes que o mais novo se retirasse. 

Por incrível que pareça, Jaemin havia seus cabelos tingidos num rosa bem claro apesar dos costumes de seu reino. Ninguém questionava pois todos achavam que talvez ele poderia ser um louco. Contanto, era reconhecido com seus quadros, ninguém usufruía tão bem do pincel como ele. 

Foi até o banheiro e se olhou no espelho, o tom de seus fios já estava um tanto desbotado, mas nada que o deixasse esquisito. Jogou água em seu rosto um tanto quente pelo nervosismo, respirando fundo.

— O chá está em sua mesa, meu senhor. — Ouviu o moreno anunciar do lado de fora do banheiro e sorriu, agradecendo ao mesmo. 

Jisung o tratava de uma forma muito formal para seu gosto, mas pra quem era seu aprendiz e podia residir em sua casa sem custos, não fazia menos do que o necessário. A casa que dividiam era simples, havia apenas dois quartos, sendo um deles os aposentos de Jaemin, um lavabo e a sala, sendo dividida com a copa.

 O Park não se incomodava nenhum pouco de dormir no sofá, afinal qualquer lugar longe de seus rigorosos pais era um paraíso para si.

Assim que Jaemin retornou ao seu local de trabalho, avistou o pequeno gato amarelo vir até si, se esfregando em sua perna coberta pela calça verde de poliéster que vestia. O tecido escuro estava um tanto manchado por conta de suas tintas, porém não importava pois a usava apenas para trabalhar.

Junto da calça um tanto desbotada, o homem usava uma camiseta branca duas vezes maior que si, havia até mesmo pequenos buracos aos lados, mas ele não se importava pois não o incomodava de forma alguma.

— Senti sua falta Chester, onde esteve? — Se abaixou para acariciar o felino, que ronronava em puro prazer e felicidade. 

O aroma do chá invadiu suas narinas e então se levantou, levando a xícara branca simples até sua boca, queimando seus lábios no que tentou tomar um gole do líquido.

— Céus, arde como o inferno. — Dramatizou, pressionando seu indicador levemente contra a ardência em seu lábio inferior.

Ouviu o gato miar para a janela, percebendo que caía uma chuva gostosa de outono, onde até mesmo conseguia sentir o aroma da natureza. 

— Boa noite senhor, irei deitar-me agora. — Disse o Park após leves batidas na porta para anunciar que estava ali.

— Durma bem, ah e por favor, feche a janela da cozinha para que não acordemos novamente numa inundação. — Pediu simples e sorriu, acenando para o adolescente.

Chester passava mais tempo fora de casa do que dentro, este não gostava nenhum pouco de chuva, portanto, ficaria com seu dono aquela noite, dormindo logo ao seu lado na cama, sentindo o calor de seu corpo, uma das coisas que o gato mais adorava em seu dono.