11. Afogando

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Lá embaixo a gente conversa. Boa leitura :)

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Até mesmo na calmaria do mar é possível se afogar. 

Piscando os olhos para adaptá-los à claridade do dia, Sarah se deu conta que havia amanhecido em sua sala de estar.

As cortinas abertas lhe mostravam que pegou no sono sem perceber, ainda vestida com as roupas do dia anterior. E com certeza o incômodo no pescoço seria um lembrete para o resto do dia que havia dormido de qualquer jeito. Mas sua surpresa maior nem foi essa, e sim a constatação do corpo adormecido de Juliette na outra ponta do sofá.

Ela dormia sentada, as pernas cruzadas esticadas ao longo do assento acolchoado e a cabeça no encosto. Sarah fez uma careta a observando, com certeza ela teria uma baita dor no corpo também.

Sarah se espreguiçou e esticou o braço para alcançar seu celular na mesinha de centro, arregalando os olhos ao ver que já passava das nove da manhã. Quando pensou em acordar Juliette, o toque do celular estridente da morena fez o trabalho por si, despertando-a num susto que quase a derrubou do sofá. 

— Merda! Mas que porra?! — Juliette resmungou enquanto se recuperava do susto. Seu rosto amassado intercalava entre Sarah e o telefone tocando, ainda confusa sobre o que estava acontecendo.

— É o seu — Sarah apontou o aparelho.

— Ah — Juliette murmurou apenas e se inclinou para pegá-lo, passando a mão livre pelos cabelos enquanto suspirava e atendia — Oi, Giu... Não, não, eu to bem. To aqui em Sarah ainda... É, acabei perdendo a noção do tempo e peguei no sono aqui... Sim, eu sei... Eu vou dar um jeito nisso, me dá só uns minutinhos... Sim, volto pro Rio hoje... Não, não tem problema. Avise à mainha e Preto que vou resolver isso... Tá bom, amiga. Obrigada. Já entro em contato contigo. Xêro.

Desligou e encarou Sarah, que a observava atentamente enquanto apertava o lábio inferior entre os dedos.

— Devem estar malucos atrás de você.

— Estão. É que eu tinha um voo agora às 9:30, mas Giu vai reservar um pra mais tarde. Não tem problema, meus compromissos no Rio são só a tarde hoje. — explicou — Eles só ficaram preocupados porque não dei mais notícias, mas Preto e Giu sabiam onde eu tava e que não tinha hora pra voltar. Só mainha que tá aperriando eles mesmo.

— Eles sabiam que você viria aqui pra casa? — Sarah indagou, surpresa.

Juliette riu e deu de ombros.

— Sabiam. Oxe mulher, que cara é essa? Se avexe não que eles sabem de nós faz é tempo. — Sarah arregalou os olhos. 

— Juliette?!

— Desde Angra, bebê. A gente não é muito sutil — riu, terminando de digitar uma mensagem para Deborah.

—E cê fala numa naturalidade.

— Oxente, não to escondendo nada de ninguém. — bloqueou o celular e se levantou, caminhando até Sarah e segurando o rosto da loira que ainda permanecia sentada — E você, como tá se sentindo?

Sarah suspirou, fazendo um biquinho triste nos lábios.

— To me sentindo melhor, só triste que cê vai embora — Juliette imitou seu biquinho — Mas, de verdade, eu to melhor. Ajudou bastante ter você aqui — Sarah pegou nas mãos dela e deixou um beijo em cada uma — Obrigada, sua maravilhosa.

Juliette sorriu e se inclinou, deixando um beijo na testa dela.

— Já lhe disse, Sarah, eu to aqui e to de verdade. Na fama e na lama, pro que tu precisar de mim. Então sem coisa comigo se tiver precisando conversar, pode me ligar que a gente dá um jeito. Só não pode achar que não tem ninguém aqui pra tu.

Pedras no Caminho - SarietteOnde histórias criam vida. Descubra agora