Pathetic?

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Já era segunda-feira, dia em que os garotos iriam começar suas detenções. O professor e diretor de casa Slughorn ficou encarregado de passar suas detenções, que se resumiram a limpar potes e potes de ingredientes para poções sem magia.

Regulus apenas queria que aquilo acaba-se logo e James apenas resmungava coisas que o sonserino não estava interessado.

Começaram as 8h da noite e sairiam as 11h. Já haviam se passado meia hora e James estava começando a se incomodar com o silêncio estabelecido.

—Desculpa se eu fui idiota de alguma forma, mas também não era pra tanto, sabia? Se não quer ser meu amigo, só era me dizer.—O grifinório parecia magoado ou com raiva? Talvez ambos. Regulus era péssimo com emoções humanas.

Regulus continuou limpando enquanto pensava no que dizer. James não parecia ser tão ruim. Não, ele é um grifinório, mas seu irmão também é, mas é diferente. Ele estava confuso e ele odiava estar confuso e era assim que ficava com James por perto.

James viu que continuaria sendo ignorado e continuou fazendo seu trabalho.

A semana passou calma, James continuava seguindo Regulus, mas de forma cautelosa, não queria assustar mais ainda o menino.

Regulus notou o afastamento do menino e ficou feliz com isso, claro, era o que ele queria, mas sentia um incômodo no fundo de ser cerne, só não sabia do que se tratava.

Sirius via o amigo sumido desde o começo do ano, estava estranhando, mas tudo bem, afinal, era Prongs, nada sobre ele fazia sentido. Sendo assim, seguiu com ajudar Remus, o mesmo estava fraco com a lua cheia chegando. Ele se sentia profundamente mal em ver o amigo assim, mesmo tendo se passado 3 anos, ainda era doloroso e parecia que cada lua cheia era mais.

O Black mais velho começará a notar que o que ele sentia por Remus era diferente do que ele sentia por James ou até Peter. Ele não sabia bem o que era ou sabia e não queria aceitar, mas um dia de cada vez, o que ele sabe é que jamais deixará Moony sozinho.

Regulus continuava em seu mundinho. A sensação de que algo faltava o estava deixando estressado, ele não conseguia se concentrar no dever de levitação e sabia que estava ficando sobrecarregado. Era horário de aula e a torre de astronomia no momento estaria vazia, então o pequeno Regulus correu até lá.

Ele odiava se sentir assim. Seus pais o diziam que ele era fraco por se sentir assim e não demonstraria a ninguém.

A lembrança de seus pais só piorou tudo e a inquietação mental precisava sair, precisava de uma válvula, então ele balançou para frente e para trás, sacudiu suas mãos, mas não era suficiente, nunca era, então ele chorou e cravou suas unhas não tão grandes em sua pele clara.

Ele não podia, ele tentava, ele tentava mesmo, mas não conseguia, porque ele não podia ser como seu irmão? Ou até mesmo como o idiota do Potter?

Seu choro se tornou mais alto e a queimação no seu corpo também. Ele precisa que isso pare.

—Por favor! Por favor!

Ele não sabia bem pelo que pedia, mas foi mais assustador ainda quando sentiu mãos encostarem em si. Seus olhos se abriram e ele viu aqueles olhos castanhos o olhando e ele queria se afastar, ele tinha que se afastar, mas ele não conseguia.

 

James estava com raiva, Lílian o havia esculachado na frente de metade de Hogwarts, até os grifinórios riram. Tá, ela só o havia enxotado de perto dele, talvez ele estivesse exagerando.

Foi cortado de seus pensamentos ao ouvir um choro. Quem raios iria para a torre de astronomia para chorar, até a Murta preferia um banheiro.

Pensou em deixar a pessoa lá, mas ela parecia estar muito mal e ele também era curioso. Andou em direção a porta da torre e quem ele encontrou lá encolhido contra um canto se balançando desesperadamente era Regulus Black, o mesmo que o amaldiçoou a quase 1 semana atrás.

Doeu ver o garoto naquele estado, ele murmurava frases desconexas, enquanto se apertava com força. Aquilo assustou James e acionou o seu extinto protetor grifinório, o fazendo se aproximar e segurar o garoto aparentemente tão frágil a sua frente.

Regulus abriu os olhos e eles se encontravam banhados em lágrimas e ele parecia assustado.

James lembrou-se do porque foi azarado e quase se afastou do garoto, mas não queria ver a mesma cena que vira outrora.

Regulus continuava chorando e se balançando e James estava o segurando contra seu peito impedindo que o garoto se machucasse de alguma forma, esse que apenas deitou sua cabeça no ombro do mais velho.

James não sabe quanto tempo se passou, mas o moreno dormiu em seu colo e foi inevitável não olhar pra aquele rosto sereno dormindo em seu ombro.

Não sabia porque Regulus estava daquela forma, mas se certificaria de não o ver daquela forma novamente.

Regulus acordou sob algo macio e tinha um cheiro bom também. Abriu aos poucos os olhos e foi se recordando do que aconteceu. James Potter. Ele se encontrava deitado sob o ombro de James Potter. Se afastou meio zonzo pelo sono, mas James não o segurou, não queria invadir mais ainda o espaço do garoto.

—O que- Não, não conte para ninguém, ouviu? Ou eu acabo com a sua vida, eu- eu—James não entendia porque o desespero do garoto, mas tratou de falar algo para acalma-lo.

—Ei, calma! Eu não vou contar a ninguém. —Falou tentando se aproximar, mas pensou melhor voltando a posição antiga.

—Quem garante? Eu te azarei, você podia muito bem sair contando por aí o quão patético eu sou.—Falou transbordando raiva.

—Não ligo de você ter me azarado. E eu só posso dizer que não vou fazer e você paga pra ver. E você não é patético, todo mundo tem seus momentos ruins as vezes.

—O que você sabe sobre momentos ruins, Potter? Você tem a vida perfeita, pais perfeitos, amigos perfeitos.—A mágoa na voz dele era quase palpável. James se assustou, era isso que ele pensava sobre si?

—É isso que acha de mim? Bom, eu não nasci um garoto, pelo menos não um garoto convencional. Eu sou trans e isso me rendeu crises de pânico, raivas e noites sem dormir. Sabe minha vida perfeita? É só o que os outros veem. Eu sei como é se sentir fraco e patético. Sei como é chorar e achar que ninguém te entende e que está sozinho.—James não iria negar, se sentiu magoado com o que o garoto disse sobre si, mas parece que sua fala estalou alguma coisa na mente do sonserino enigmático.

Regulus abaixou a cabeça caindo numa real sobre o que disse, se sentiu culpado. Ele não era de pedir desculpas, mas naquele momento ele sentiu que tinha que o fazer.

—Desculpa.—James apenas assentiu e eles ficaram ali em silêncio olhando a noite estrelada.

James queria se tornar amigo de Regulus, Regulus odiava quem ele achava que James era. As vezes nada é como a gente imagina ou deseja.

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