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me acordei com uma tremenda dor de cabeça, claro. com meus problemas, pesadelos da vida real, é a coisa mais certa que ia me acontecer.
me sentei na cama, vendo o quarto vazio. pelo que Carol me disse, eles não iriam treinar hoje, porém a casa tá quieta demais pra todo mundo estar aqui.conferi meu celular: dezenas de mensagens e ligações de Carlos. já era quase meio dia, e ele ainda insistia, nunca foi de desistir de algo quando quer.
deixei tudo de lado e me levantei, indo ao banheiro e finalmente tirando o vestido e o jogando pra bem longe. não vou querer usar essa porcaria tão cedo.lavei meu rosto e me olhei no espelho. meus olhos estavam vermelhos e tinham olheiras fundas, não conseguiria sequer disfarçar o quanto chorei nas últimas horas. analisando minha imagem, eu senti... pena. algo que eu não costumo sentir quando me vejo no espelho.
pena pela escolha que fiz. eu sou bonita, inteligente e determinada demais pra me submeter a algo assim. admito que enquanto me olhava, sentia mais ainda falta da forma que Carlos me acordava, cantando "tan enamorados" com a voz grave e sotaque argentino que soava como mel em meus ouvidos, e doía deixar ele sem satisfação alguma do meu sumiço.
todas as memórias boas ao lado dele invadiram minha mente e me fizeram chorar, refletir se era mesmo aquilo que eu queria. foi só um surto, um momento de raiva que ele ficou daquele jeito. ele jamais me faria algum mal.
de novo.me lembrei de quantas vezes falou alto comigo por causa da roupa que eu queria comprar, das vezes que me diminuiu na frente dos amigos e quando eu demonstrava que não gostava de algo que ele fazia, ele me dava flores, pedia desculpas e prometia não fazer mais.
mas sempre fez.
de novo, de novo e de novo.
meu coração estava apertado demais tendo que aceitar essa decisão, mas eu tenho que entender que isso não é, nunca foi, e nunca vai ser amor.- Viviane?... Viviane? - suspirei ouvindo batidas na porta do banheiro e uma voz masculina abafada.
não era Joaquín, muito menos Carol. e eu não tenho escolha se não me render ao inimigo.
- Tá... tudo bem aí? - limpei minhas lágrimas e voltei a jogar agua no rosto, pra tentar dar uma disfarçada.
- Tá. - respondi o mais alto que pude mas minha voz soou como um miado - Quer entrar? - perguntei vestindo minha camiseta cinza favorita e prendendo meu cabelo.
- Não, quer dizer, sim, não, na verdade... - abri a porta acabando com a confusão de Benjamín, que estava usando um calção do Palmeiras e sem camisa, completamente sem graça coçando a nuca e tentando não me olhar - Achei que tinha acontecido alguma coisa. - engoli seco tentando olhar em seus olhos verdes, por que um monumento igual esse logo agora na minha frente?
- Não, obrigada. - esbocei um sorriso fraco indo até a cozinha, vendo um prato de salada considerável sob a mesa, fitness.
- A Carol e o Joaco foram na casa dos pais dela. - me encostei na pia encarando o chão, tinha me esquecido completamente disso.
- Eles saíram bem cedo? - ele assentiu - Eu me esqueci. mando mensagem pra ela depois. - encarei a maçã na fruteira, me perguntando se eu deveria comer ela ou fazer um miojo pra morrer de câncer mais rápido.
- Você... quer comer alguma coisa? eu... faço pra você. - Kuscevic cortou meu momento de silêncio e veio se aproximando, em passos lentos - Ou se não quiser comer, conversar, tomar alguma coisa... - sorri fraco cogitando a ideia de abrir uma vodca ou um dos vinhos do Piquerez.
- O que tem pra beber? - levantei o rosto vendo o quão próximos estávamos, ele é mais alto que o Piquerez?
como foi que chegou tão perto de mim tão rápido?
por que ele ainda não fez uma piada machista, um comentário escroto como sempre faz?
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𝐞𝐧 𝐞𝐥 𝐦𝐢𝐬𝐦𝐨 𝐜𝐮𝐚𝐫𝐭𝐨 ▪︎ 𝐁𝐞𝐧𝐣𝐚𝐦𝐢́𝐧 𝐊𝐮𝐬𝐜𝐞𝐯𝐢𝐜
Fanfictiononde Viviane Ferreira decide morar com sua melhor amiga, Carolina Oliveira, e seu namorado Joaquín Piquerez, e acaba dividindo o quarto com o reservado Benjamín Kuscevic