Banhos quentes.

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O vestiário fedia. Suor e chulé, como o cheiro de um cachorro molhado.

Argentina entrou no cômodo tão imundo quanto todo o resto. Entrou sorrindo acompanhado pelo Inglaterra, o corpo úmido de suor, os cabelos loiros grudados na testa e na nuca, as chuteiras sujas de terra, os tornozelos e panturrilhas cheias de fiapos de grama verde.

No meio do vestiário, sentado e rodeado de outros países, Brasil fazia seu circo. Tailândia e Filipinas estavam sentado ao lado, com largos sorrisos nos rostos e os ombros tremendo de tanto rir, incentivando para que o moreno continuasse a contar uma história - aparentemente hilária - que ,daquela distância, Argentina não entendia nada.

Argentina estudou os rostos familiares por um momento, os reconhecendo.

Brasil, Tailândia, Filipinas, Coreia, Portugal, Camarões e Gana.

Brasil estava um desastre. As chuteiras estavam jogadas pelo chão, desgastadas como era esperado do autoproclamado país do futebol ,as panturrilhas cheias de terra e grama, a camisa enrolada em um bolo no próprio colo, o peito moreno despido e reluzente em exposição indecente a quem quisesse ver.

Argentina se asquiesceu diante da cena.

- Dios mio, esse maricon.

Inglaterra o encarou, confuso.

- What (WOT) ?

- Para quê tirar a camisa ? - se queixou, aborrecido. - Parece um selvagem.

- Está quente aqui dentro. - Inglaterra explicou como se não fosse óbvio.

Em seguida, deu um risada misteriosa antes de ronronar com malícia, o olhar fixo no Brasil :

- Very hot indeed...

Como se tivesse sido diretamente ofendido, Argentina o lançou um olhar escandalizado, a testa franzida em horror e intensa discordância.

- Ugh. - reagiu, enojado. Apontou para o moreno, duvidando do amigo. - Aquilo?

Inglaterra não respondeu. Sabia que aquela reação exagerada do loiro era da boca para fora. Ninguém sabia mais daquilo do que ele.

Argentina ,mesmo naquele momento, mal tirava os olhos do moreno. Mal escondia o interesse. E não era a primeira vez que Inglaterra captava aquele tipo de olhar na direção do outro.

O ''hermano'' não poderia ter percebido ainda, mas todos os outros países já tinham se dado conta da tensão que existia entre ele e o Brasil. Isso há muito tempo.

Assistir as implicâncias dos dois era como assistir um clichê ruim de ''enemies to lovers'' que os heróis só se dão conta do quanto são loucos um pelo outro quando está perto do final do romance.

Por Deus, foi do Inglaterra que surgiu ''Orgulho e Preconceito'' ! Ninguém entendia daquilo mais do que ele!

Os países ,em segredo, até mesmo brincavam que ,no ponto de agora, eles estavam nos primeiros capítulos da história ainda.

Era indubitável que existia química, existia possibilidade entre os dois, mas existia, também, dois imbecis orgulhosos, vaidosos e briguentos que iriam quebrar muito a cabeça até decidirem admitir que se gostavam.

A julgar pelo andamento de agora, ainda estavam no capítulo ''4'' desse romance. Demoraria muito até que avançassem.

- Vou tomar banho. - Inglaterra avisou.

Argentina assentiu.

- Tenho que ir no meu armário. - o loiro comentou.

- See you.

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