Banhos quentes. (P.2) +18

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     Já era por volta das duas da madrugada quando o celular vibrou e o topo da tela exibiu a mensagem de texto :

'' Estou esperando na cozinha.''

A chuva estava forte do lado de fora. Barulhenta, opressiva.

Argentina respirou fundo, as bochechas enrubescendo para as palavras brilhando na tela, o pulso engatou de excitação. Pigarreou, limpando a garganta em uma tentativa fajuta de tentar recuperar o controle. Seu coração ainda acelerava quando, orgulhoso como sempre, respondeu :

''Ok''

Esperou uns segundos pela resposta. Quando a recebeu, riu sozinho no cômodo, o peito esquentando de ternura. 

Riu porque conhecia o babaca muito bem.

'' Nem para fingir que está animado, aff :(''

'' Vem logo.''

Repreendendo o próprio riso e animação fervilhante, se levantou da cama e tomou cuidado em cada passo. De início detestou a ideia de colocar os países reunidos em um mesmo lugar para dormir, comer, momentos de lazer e etc, no entanto... As coisas mudaram nas últimas semanas.

Nas últimas semanas, descobriu e sentiu o que não se permitiu antes. Ousou e ultrassou limites que nunca pensou ter coragem.

Tudo começou com uma discussão imbecíl. As mesmas implicâncias de sempre, os mesmos apelidos ofensivos, os mesmos comentários repetitivos e desdenhosos.

''Eu tenho penta! PENTA! Conta aqui as estrelinhas na camisa do pai. Uma ,duas, três...'' Brasil gritava ,acalorado, agarrando a própria camisa para ,praticamente, esfregar na cara do argentino.

''E ,ainda assim, perdeu hahah" , o Argentina replicava.

'' Iiiiihhh! Caô, branquelão! Espera a próxima copa, então!''

''Veremos.''

''Veremos.''

Él era un estúpido.

Não faz ideia de como as coisas escalaram, mas antes que desse conta estavam aos beijos e as coisas mudaram desde então.

Argentina caminhou na ponta dos pés, os sentidos atentos a qualquer barulho minimamente ameaçador. Virou um corredor, dois, desceu as escadas, virou, desceu mais um lance, chegou ao térreo. Caminhou mais um pouco e ,em um momento de contemplação, voltou a atenção para o lado de fora.

As janelas grandes do térreo eram grandes o bastante para permitirem que a luz da pálida da lua iluminasse todo o lugar, formasse sombras ao redor dos móveis e cintilasse em superfícies lisas. A vista era tão bonita quanto assustadora.

Em um rasgo de consciência, decidiu deixar a vista para trás e seguiu pelo corredor até ,finalmente, chegar na porta da cozinha.

Sem cerimônias, entrou logo.

Esperou encontrar o Brasil o esperando lá dentro como aconteceu nas últimas vezes : sorrindo, com uma detestável expressão de superioridade que não nada além de fortemente excitante, entretanto, isso não aconteceu.

O cômodo estava aparentemente vazio.

Se não fosse a única luz iluminando o lugar, seria fácil deduzir que ninguém pisou ali.

Checou a mensagem no celular mais uma vez, confuso.

Talvez foi cedo demais ?

Não.

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