Já era por volta das duas da madrugada quando o celular vibrou e o topo da tela exibiu a mensagem de texto :
'' Estou esperando na cozinha.''
A chuva estava forte do lado de fora. Barulhenta, opressiva.
Argentina respirou fundo, as bochechas enrubescendo para as palavras brilhando na tela, o pulso engatou de excitação. Pigarreou, limpando a garganta em uma tentativa fajuta de tentar recuperar o controle. Seu coração ainda acelerava quando, orgulhoso como sempre, respondeu :
''Ok''
Esperou uns segundos pela resposta. Quando a recebeu, riu sozinho no cômodo, o peito esquentando de ternura.
Riu porque conhecia o babaca muito bem.
'' Nem para fingir que está animado, aff :(''
'' Vem logo.''
Repreendendo o próprio riso e animação fervilhante, se levantou da cama e tomou cuidado em cada passo. De início detestou a ideia de colocar os países reunidos em um mesmo lugar para dormir, comer, momentos de lazer e etc, no entanto... As coisas mudaram nas últimas semanas.
Nas últimas semanas, descobriu e sentiu o que não se permitiu antes. Ousou e ultrassou limites que nunca pensou ter coragem.
Tudo começou com uma discussão imbecíl. As mesmas implicâncias de sempre, os mesmos apelidos ofensivos, os mesmos comentários repetitivos e desdenhosos.
''Eu tenho penta! PENTA! Conta aqui as estrelinhas na camisa do pai. Uma ,duas, três...'' Brasil gritava ,acalorado, agarrando a própria camisa para ,praticamente, esfregar na cara do argentino.
''E ,ainda assim, perdeu hahah" , o Argentina replicava.
'' Iiiiihhh! Caô, branquelão! Espera a próxima copa, então!''
''Veremos.''
''Veremos.''
Él era un estúpido.
Não faz ideia de como as coisas escalaram, mas antes que desse conta estavam aos beijos e as coisas mudaram desde então.
Argentina caminhou na ponta dos pés, os sentidos atentos a qualquer barulho minimamente ameaçador. Virou um corredor, dois, desceu as escadas, virou, desceu mais um lance, chegou ao térreo. Caminhou mais um pouco e ,em um momento de contemplação, voltou a atenção para o lado de fora.
As janelas grandes do térreo eram grandes o bastante para permitirem que a luz da pálida da lua iluminasse todo o lugar, formasse sombras ao redor dos móveis e cintilasse em superfícies lisas. A vista era tão bonita quanto assustadora.
Em um rasgo de consciência, decidiu deixar a vista para trás e seguiu pelo corredor até ,finalmente, chegar na porta da cozinha.
Sem cerimônias, entrou logo.
Esperou encontrar o Brasil o esperando lá dentro como aconteceu nas últimas vezes : sorrindo, com uma detestável expressão de superioridade que não nada além de fortemente excitante, entretanto, isso não aconteceu.
O cômodo estava aparentemente vazio.
Se não fosse a única luz iluminando o lugar, seria fácil deduzir que ninguém pisou ali.
Checou a mensagem no celular mais uma vez, confuso.
Talvez foi cedo demais ?
Não.
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Conferência Internacional.
Short StoryOnde o Brasil não detesta tanto assim o Argentina quanto gosta de mostrar. [Universo da Nikkiyan_arts ]