Nono capítulo: Duas da manhã

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Apesar de Draco parecer estar bastante distraído, eu tinha gostado do jantar. Ele sempre me levava para lugares que faziam borboletas se agitarem dentro de mim. Eu sabia que isso era perigoso, mas desde que eu pudesse continuar vendo-o estava bom.

Claro que todos à minha volta percebiam como eu estava diferente. Hermione até respeitava eu não querer contar com quem eu estava saindo, mas Ron ficava indignado por eu não contar ao meu melhor amigo quem era, como ele dizia, meu "príncipe encantado". Não havia problema nisso, nessa provocação infantil entre nós, mas alguém mais percebeu que eu estava diferente, foi aí que o problema surgiu.

Eu estava tomando banho quando tudo aconteceu. Era segunda e eu já pensava no fim de semana. Quando eu saí já vestido e fui para o meu quarto vi Duda sentado com meu tio na cama, segurando meu celular.

Duda parecia feliz enquanto meu tio estava furioso, como se estivesse pronto a explodir.

"Duda, saia."

A face do menino murchou. "Mas..."

"Saia, agora." Nunca vi tio Valter tão zangado e nunca o vi falar tão seco com Duda, então eu já sabia que só podia esperar o pior.

Sem dizer mais nada meu primo saiu e tio Válter se levantou.

"É por isso que estava felizinho todas essas semanas? Porque estava saindo com um cara mais velho? Seu pirralho viadinho."

"Não tinha direito de mexer no meu celular."

"No celular que manteve escondido esse tempo todo. Com certeza que foi ele quem deu, não? Além de tudo está se prostituindo."

"Eu não..."

"Você, Potter, me escute bem, só vai sair quando fizer dezoito anos daqui, com todas as suas tralhas jogadas na rua."

Meu tio começou a se aproximar e eu comecei a andar para trás, mas não consegui me afastar muito mais quando senti o guarda roupa nas minhas costas.

"Você é um viadinho de merda. Sempre disse a Petúnia que nunca deveríamos ter ficado com você, então ela te ensinou a limpar a casa para me dar motivos para te aceitar, mas você não é da minha família, muito menos sendo um nojento."

Eu estava desconfortável com a situação, mas não com tanto medo, já que meu tio já tinha me ameaçado algumas vezes, mas nunca, em todos os meus dezessete anos, ele havia me batido e naquele dia ele se aproveitou que tia Petúnia não estava em casa e me bateu tanto, me fez gritar e chorar tanto...

Eu passei mais de hora chorando, tentando me acalmar querendo poder ligar para Draco e não tendo mais meu celular para isso. Meu corpo doía por completo e meu coração não estava diferente.

***

"Harry!"

Abrindo os olhos lentamente ouvi minha tia chamar.

"Harry!"

Sem resposta ela entrou no meu quarto, desabafando: "Olha que horas são. O café da manhã não irá se preparar sozinho." Então ela parou na minha frente e viu minha cara péssima, ainda vermelha. "Deus! Está doente?" Ela se sentou na beirada da minha cama e colocou a mão sobre minha testa. "Sem febre."

Ouvindo passos no corredor ela se virou para a porta.

"Mãe..."

"O que foi, querido? Acorde seu pai, acho que vamos precisar levar Harry ao médico."

"Ele não está doente. O papai..." Duda parou.

"O seu pai?..." Ela incentivou que ele continuasse.

"Ele bateu no Harry ontem."

Um Daddy para Harry | DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora