Décimo capítulo: Globo de neve

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Comemos em silêncio. Eu sentia que Draco queria falar comigo, mas ainda estava relutante, já eu não tinha forças para dizer nada, apesar de querer dizer muitas coisas, em uma esperança dele me perdoar.

Eu queria tanto que ele me perdoasse...

"Harry?"

Pisquei algumas vezes e percebi que estava quase chorando de novo.

"Quer conversar?" Ele perguntou a minha frente na mesa.

"Não, eu só estou cansado."

Ele assentiu, então quando terminei de comer ele me levou até o quarto de hóspedes onde tinha deixado minha mochila depois de eu tomar banho. Ele ficou me olhando como se esperasse que eu fosse deitar, como se quisesse se certificar que eu ficaria bem.

Eu rapidinho escovei meus dentes e me deitei, estranhando em estar em uma cama que não a dele.

Sentado na beirada da cama, me olhando, Draco me disse: "Qualquer coisa é só me chamar, está bem?"

O encarei por alguns segundos, detestando o quão bonito ele era.

"Não precisa se preocupar com o horário de acordar, durma o quanto quiser. Ficarei amanhã o dia todo em casa."

Ele se levantou e antes que pudesse me desejar boa noite eu não aguentei e perguntei: "Não pode ficar aqui?"

Eu o vi desviar os olhos por alguns segundos antes de me olhar, indeciso sobre o que diria.

"Harry..."

"Eu não quero ficar sozinho, Draco." Daquele dia em diante eu iria ficar só, por conta própria onde quer que o mundo me levasse, talvez eu devesse me dar ao luxo de ter uma última companhia. Deus, o que eu iria fazer?

"Desculpa." Pedi. "Não precisa."

"Não, eu... eu fico."

Ele deitou ao meu lado. Eu não me aproximei, sabia que isso seria demais, mas então senti ele devagarinho, como se estivesse averiguando se estava tudo bem, ele começou a me abraçar por trás.

"Obrigado por ficar." Agradeci com sinceridade. Ele não tinha obrigação nenhuma de sequer me deixar subir, então estar ali com ele era um presente enorme.

"Boa noite Hazz."

***

Quando acordei o quarto estava todo escuro, com as cortinas fechadas e sentia Draco me abraçando, pressionando meu rosto contra seu peito. Ele devia estar mexendo no celular, pois mexia seu braço.

Me afastei um pouco, querendo olhar em seus olhos.

"Bom dia." Ele me desejou.

"Dia."

"Quer voltar a dormir?"

"Não." Eu queria, mas se fosse para ir embora, que fosse o quanto antes. Queria arrancar o quanto antes o curativo.

"Você sabe que não vai morar na rua, vagando pelo mundo, não é?"

"Como assim?"

"Acha que vou deixar você sair daqui sem ter para onde ir?"

"Eu pedi só uma noite."

"E agora? O que pensa em fazer? Ir para uma floresta e se refugiar?"

Me senti burro naquele momento, como se eu fosse um estúpido maluco e talvez eu fosse.

"Olha, o que estou querendo dizer é que é para tirar essa cara de cachorro sem dono porque você não vai dormir hoje na rua."

"Mas então..."

Um Daddy para Harry | DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora