O ano era 1997, dois garotos, Alexandre e Guilherme estávamos sentados na calçada de sua rua, devia ser umas duas da manhã e todos da vizinhança estavam dormindo, o local era silêncioso e calmo, sem pessoas conversando e rindo, a única coisa que podia se ouvir minimamente eram os grilos que faziam sua serenata noturna.
- Xande - o garoto de cabelo tingido chama.
- Oi - o mesmo chamado responde como num sussurro.
- O que acha de ir na piscina? - Guilherme toca com as pontas do dedo a mão do outro a seu lado.
- Seria incrível - Alexandre sorri.
Os dois corriam pelas ruas vazias da cidade, era um momento muito bom, só os dois, aproveitando a companhia um do outro, eles riam e comentavam coisas aleatórias, o vento os atingindo em cheio.
Assim que chegaram a grade de segurança que rodeava o lugar o loiro estende a mão ao mais velho que sorri a segurando.
Os dois subiram, Alexandre ajudando Guilherme, o mais novo deixou seu boné no chão e pulou na piscina com roupa e tudo, Guizo também pulou na piscina, ambos riam iguais idiotas, um tentando afogar o outro, a aproximação era inevitável, Guilherme não reclamara disso e Alexandre também não, de algum jeito os dois gostavam, seus corpos colados, aquecendo o frio que a água trazia.
Depois de um tempo de ambos brincando e aproveitando o simples que a vida podia oferecer, eles pararam se olhando, o azul no marrom, o marrom no azul, conseguiam sentir a mesma coisa, o mesmo frio na barriga, o mesmo arrepiar, estavam hipnotizados um pelo outro.
Xande segurava a cintura do outro, não sabia ao certo como suas mãos foram parar ali, mas de uma coisa tinha certeza certeza, aquilo era incrível, Guizo tinha suas mãos, quentes apesar do gelo da piscina, no rosto do loiro, fazia um carinho de leve na bochecha do outro, nenhum dos dois sabiam como acabaram assim, mas nenhum deles estava disposto a se afastar.
Estavam tão pertos que se dava para sentir o hálito quente um do outro em seus rostos, sem controle da situação ambos se aproximam mais acabando com qualquer distância que antes tinham.
Seus lábios se moviam de uma forma desajeitada, como se precisassem disso a muito tempo, se encaixavam perfeitamente, como em uma bela dança.
Dada a falta de ar ambos se separam respirando pesadamente, se olhavam como se quisessem de novo, quisessem mais, quisessem ter um ao outro por completo, mas algo os impedia.
- Isso... não é certo, não? - Alexandre perguntou claramente inseguro.
- Acho que não... mas... foi bom... muito bom - Guilherme não sabia ao certo se aquilo estava certo ou não, como uma coisa tão ruim havia sido tão boa?
- Muito - Xande concorda - se fazermos de novo? Ninguém tá aqui afinal - ele morde o lábio inferior olhando com esperança para o outro.
- Não mesmo - o mais velho sorri sendo respondido pelo outro com um sorriso também.
...
Havia uma semana que Alexandre e Guizo se pegavam às escondidas na piscina, eles tinham insegurança em relação a se assumirem.
Até um dia o loiro escutar algo tanto quanto ruim vindo de sua tia.
- Esses viados... tem que todos serem queimados, mortos - ela falava balançando a faca que cortava os legumes para alguma comida da ceia de natal.
- Não fale assim Elena - sua irmã, mãe de Xande, a repreende, Xande se sentiu estranhamente aliviado após a fala da mãe, mas algo ainda o incomodava.
No dia vinte e três de dezembro Xande se encontrou com Guizo na calçada.
- Gui - ele chamou o mais velho.