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Se aconchegou nos braços reconfortantes e fortes do seu professor, apreciando o cheiro de cigarro que curiosamente a trazia uma sensação de conforto.
Seus olhinhos brilhando, vislumbrados com o cuidado que a figura mais velha mantinha com seu corpo.

Você estava no colo dele.
Literalmente.
Ele estava a carregando no estilo " noiva " para lá e para cá, ciente de que o ato de andar a traria dor.

Demorou bons 20 minutos para que a ajuda chegasse, e nesse meio tempo vocês aproveitaram seu tempo aconchegados silenciosamente no chão da caixa metálica.

Não sentiam a necessidade de falar nada.
Se sentiam completos ali, como se tivessem nascido para encaixarem seus corpos.
Não de maneira de sexual, mas como se suas almas estivessem entrelaçando os dedos, e fossem feitas para isso.

Depois que foram devidamente " resgatados ", ele fez questão de não a deixar pisar no chão.
Não como se você tivesse alguma outra opção, ele não a deu escolha de qualquer forma.

Mesmo que a intenção fosse boa, nada indica que que a ação fosse realizada com delicadeza.
Ele a carregava andando entre os corredores, procurando pelo seu superior e para assim então, fazer uma queixa.
Kishibe a segurava como se não pesasse mais do que 15kg, o que o fazia esquecer que você era um ser humano vivo, respirando e machucado e que dependendo da posição em que ficasse seu corpo certamente doeria.

Foi desajeitado, mas em algum momento você escondeu seu rosto na curva do pescoço dele e cochilou ( desconfortávelmente ), acordando com a dor ainda mais aguda do que anteriormente e sentada ao lado de seu professor, no sofá de couro da sala do dono do hotel.

Agora, estavam os dois na sala do seu chefe, dando depoimentos da queda de energia e da queda do elevador, que colocou em risco uma funcionária e um cliente.
É claro que, seu chefe estava muito mais preocupado com o cliente do que com você, mas honestamente, a indenização e os dias de férias que ele a ofereceu pareceram maravilhosos, e com tão ponto se viu satisfeita.

Bem, os níveis de segurança são minimamente questionáveis, e se vocês quisessem poderiam fácilmente abrir um processo contra o hotel, então, fazia sentido o dono do estabelecimento a oferecer uma quantia generosa de indenização e mais alguns dias de repouso, temendo uma ação judicial.

Já a Kishibe, foram ofeceridos direitos especiais dentro do hotel, incluindo consumo de bebidas e comidas por conta do estabelecimento, e é claro, um tratamento de primeira qualidade.

Seu chefe trajou uma pele de codeiro e imediatamente se lamentou inúmeras vezes sobre o ocorrido, garantindo ( a Kishibe ) que não aconteceria novamente, e que se preocupava com ( o dinheiro dos ) clientes que frequentavam o lugar a qual ele cuida com tanto " carinho e zelo ", e que devido ao que aconteceu, ele poderia voltar mais vezes com um desconto absurdo e mais outros privilégios, além de uma carta escrita a mão se desculpando profundamente.

É claro, você não recebeu muitos " mimos " além de suborno e dias de repouso, mas para quem não tem nada está muito, muito bom.

A todo momento Kishibe parecia estar minimamente preocupado, ou pelo menos apreensivo com a sua situação em particular.
Fazendo perguntas do seu estado, e nunca a tirando do colo.

Ele não era carinhoso, mas parecia tentar mostrar que se importava.
Do jeito dele.

... Ainda doi?

Você fechou seus olhos com forças, tentando não chorar patéticamente com a dor agúda que se manifestava em seu tornozelo.
Acenou afirmativamente com sua cabeça, sem forças para falar que sim, ainda doía.

Felizmente, seu chefe teve a decência de  se oferecer para pagar um taxi para leva-la a um hospital, apenas para se certificarem de que não havia nenhum osso quebrado.

Entraram no taxi com cuidado redobrado.
Seu professor sentou ao seu lado, a abraçando com um de seus braços e a trazendo mais para perto.
Com a mão próxima ao seus ombros, Kishibe fazia afagos em seu cabelo.
Apoiando sua cabeça nos ombros dele, pode sentir pelo menos 40% da dor se esvaindo do corpo.

Mesmo dolorida, não conseguia não aproveitar o momento.
O cheiro de queimado pode ser incômodo para algumas pessoas, mas era agradável para seus sentidos, a dando uma sensação reconfortante e quase prazerosa.
Você não queria larga-lo nunca mais.
Nunca mais deixa-lo ir embora.
Mesmo que já estivessem colados um ao outro no banco de trás do taxi, queria que estivessem ainda mais e mais perto.

Queria estar sempre com ele.
Não deixaria o cheiro da fumaça ir embora.

O cuidado, mesmo que até meio rude, que Kishibe a oferceia, a confortava.
Eram cuidados preocupados, e não elaborados.
Genuínos.

Kishibe não era complexo, ou um principe encantado.
Ele era rústico, rude e insensível, mas seja lá o que você significa para ele, é impossivel dizer que ele não se importa com você.
Ele se importa.

É irracional, é sentimental.
Nunca tinham se falado até então, mas mesmo assim, sempre se conheceram de alguma forma.
Sempre souberam que no fundo, não poderiam escapar um do outro.

Chegaram até o hospital, e só então você e ele se separaram, já que Kishibe teve de aguardar na recepção.
Foi mancando até onde a médica estava te levando, com uma sensação indescritível de solidão.

A médica era mais velha, aparentava ter de 40 a 50 anos, com cabelos grisalhos e lisos prendidos num coque bagunçados.
Rugas e manchas no rosto juntamente a um sorriso agradável e olheiras cansadas.
Cheirava a alchool gel.

Ela deveria ter algo como 1,60 a 1,50, não que isso importe de qualquer forma.
Com suas mãos leves, ela a auxiliou a subir na maca, examinando cuidadosamente seu tornozelo inchado e dolorido, perguntando o que levou ao estado em que se encontrava.

Depois de uma série de pequenos exames rápidos, ela concluiu que você felizmente não havia fraturado nenhum osso, entretanto tinha danificado um dos músculos de uma região específica a qual você nunca se recordaria do nome.
Em resumo, ela a receitou uma medicação e repouso constante.

Saiu da salinha em que fora examinada ainda mancando, e rapidamente se encontrou com Kishibe sentado em uma das cadeiras desconfortáveis da recepção.
Assim que a viu, ele se levantou e foi na sua direção, novamente a pegando no colo como se não pesasse mais que um saco de arroz, arrancando olhares indiscretos das pessoas ao seu redor.

Se sentiu completa, de alguma forma.
Sem ele você se sentia patéticamente só, e o  contato repentino a fazia ter borboletas dançando loucamente no estômago.
Se aconchegou, acostumada com a sensação de estar constantemente em seu colo.

A médica os olhou com curiosidade, se perguntando se eram familiares, conhecidos ou um casal de fato.
Felizmente, ela não falou nada.
Vocês não saberiam responder.

DADDY ISSUES | KISHIBE !Onde histórias criam vida. Descubra agora