Estava sentada na cadeira, assistindo a chuva caindo numa Londres tipicamente nublada, quando ouviu duas batidas fracas em sua porta.
— Entra.
— Bom dia, Ava. — Acenou sem muita vontade de ser educada. O pescoço agora livre de tecidos, contando com uma camada de maquiagem para melhorar a aparência das marcas. Beatrice entrou na sala, analisando o que podia. A decoração no lugar e até o documento que ela lia no momento. Seu contrato de trabalho.
— Pode começar quando quiser. — Ironizou, impaciente. — Ou eu posso começar dizendo que você só me deu uma opção, mas na verdade, tenho outra, posso concluir o atual projeto e procurar outra empresa.
— Não estou disposta a liberar você, esqueça qualquer possibilidade de recomendação.
— Não preciso que me recomende. Só quero que fale a verdade quando te ligarem perguntando sobre o meu trabalho.
— Não conte com isso também. A Payne já te ofereceu uma vaga? Maldita! — Sussurrou.
Beatrice levantou desistindo da conversa e ela acompanhou em um salto. Se fosse realmente pedir demissão, precisaria estar contratável e a mulher em sua frente aparentemente tornaria isso impossível. Precisaria se empregar imediatamente, não tinha muito no país, havia se mudado há menos de dois anos e não queria voltar para Portugal, muito menos para os Estados Unidos. Se colocou entre a mulher e a porta, levantando o rosto vermelho de raiva para protestar novamente.
— Não sou sua propriedade, posso escolher trabalhar para quem eu bem entender.
— Você não é, mas essa empresa sim e eu não estou disposta a deixar minha melhor funcionária ir parar nas mãos da concorrência. — Rosnou de volta, pouco intimidada. As respirações fortes se misturando. Mais um centímetro e os narizes se tocariam.
— A partir do momento que eu assinar a minha demissão, não te interessa onde eu vou parar.
— Não é você quem define o que me interessa ou não, Senhorita Ava. — Sussurrou. Os olhos agora encarando os lábios pintados pelo brilho quase da mesma cor.
— Eu devo te interessar muito, então. — Respondeu sem conseguir esconder o duplo sentido. A tensão entre as duas se transformando em outra coisa.
— De fato, Senhorita Ava. — Admitiu no meio da pirraça, sabendo que ela odiava ser tratada com formalidade.
— É uma pena que a recíproca não exista!
— Não é o que parece, a Senhorita estava muito interessada em devolver minha máscara, para quem não se divertiu.
Ava soltou um grunhido irritado, atacando a boca da mulher que ficou surpresa no primeiro milésimo de segundo, mas logo pressionou seu corpo contra a madeira fria, devolvendo o beijo.
Não estavam sendo gentis e Ava poderia jurar que sentiu um gostinho de sangue saindo de seu lábio inferior recém mordido pela outra. As línguas pareciam disputar alguma coisa enquanto as mãos puxavam qualquer pedaço de tecido, quase rasgando. Ela jamais havia experimentado tanta selvageria assim e estava adorando.
Beatrice alcançou sua bunda no jeans azul escuro e puxou seu corpo para cima por ali, fazendo com que ela cruzasse as pernas em volta de sua cintura, exatamente como no dia da festa. Ela olhou a mulher de cima com os olhos semicerrados, as duas ofegantes, as testas grudadas, buscando algum juízo no meio daquele caos.
Não encontraram e então ela teve seu corpo deitado no tapete felpudo da sala, Beatrice voltou a beijá-la, enquanto desabotoava sua calça e descia o tecido com facilidade.
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Labyrinth | Avatrice [ShortFic]
FanfictionAva fica com uma desconhecida na festa à fantasia da empresa e descobre que a mulher misteriosa é ninguém menos que sua chefe insuportável.