Mask off

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Ava estava num limbo que só um domingo pós bebedeira no sábado pode proporcionar.

Estava morrendo de tédio em casa e não conseguia parar de pensar na mulher da noite anterior. E era lembrada com força toda vez que via seu reflexo. O pescoço cheio de marcas do que foi a coisa mais impulsiva que fez na vida. E fez na empresa que trabalha. Recém promovida. Choramingou irritada, esperando o remédio fazer efeito.

Não estava tão bêbada quando entrou na salinha sem luz com a estranha, mas ficou quando caiu em si sobre o que tinha feito. E piorou depois que andou a festa toda procurando a mulher misteriosa, sem sucesso.

Mandou uma mensagem para Mary e Yas encontrá-la na cafeteria do prédio no dia seguinte, precisava falar com alguém antes que ficasse louca. Encarou a maldita máscara em seu centro de sala e sentiu uma pontada no meio das pernas. Que ótimo!

***

Na segunda-feira, precisou optar por uma blusa de gola alta que cobrisse toda a extensão de seu pescoço marcado. Tocou o local com as pontas dos dedos, fechando os olhos e quase sentindo os lábios quentes da mulher ali.

Pediu um uber, já que seu carro tinha ficado na empresa no sábado a noite. Assim que chegou a cafeteria, encontrou as duas amigas ansiosas. Colocou a mochila em cima da mesa e sentou com a pior cara possível.

— Bom dia, pode começar a falar. — Estreitou os olhos para Yasmine, incrédula e riu em seguida.

— Não sei nem como contar isso em voz alta.

— Ok, Ava, você está me assustando. — Mary comentou.

— Não matei ninguém além da minha dignidade, relaxem. — Tentou rir mas acabou fazendo uma careta. — Sabem a mulher fantasiada de médica da peste bubônica? Eu meio que — Baixou o tom de voz, sentindo a pele do rosto ficando quente de vergonha, — Transei com essa pessoa.

— E você não sabe quem é? — Mary gritou estapeando a mesa e Ava escondeu o rosto, querendo sumir. — Ok, ok, ok. Eu não esperava isso de você.

— Nem eu, mas aconteceu, agora quero saber quem é. — Só então as duas notaram que Yasmine estava congelada.

— Yas? Você sabe quem é? Yas?

— Eu preciso falar com a Camila.

A mulher levantou em um salto, sem deixar espaço para ser parada, correndo em direção ao elevador aberto.

— Acho que ela sabe, dá um tempo e vai até a sala dela. Aliás, me chama no caminho para lá.

— Certo. Meu Deus, será que era a Zori?

— Não, a Zori estava vestida de Mulher Maravilha. Ah, a Beatrice tem uma lista com a relação de fantasias, lembra o questionário que a gente recebe sobre a festa? Aquele com sugestões e tal.

— Acha que ela vai me ajudar?

— Já que você vai trabalhar ao lado dela ao dia todo, não custa tentar. Não esquece de mim quando for falar com a Yas.

***

— Hm, Beatrice? — Ouviu um som nasal como resposta e continuou. — Você tem a relação das fantasias, certo?

— Tenho. — Confirmou encarando o pescoço de Ava coberto por uma blusa de gola alta. Precisou se esforçar para não sorrir. Sabia que tinha feito estrago ali.

— E-eu posso dar uma olhada?

— Não. — Respondeu calmamente, voltando sua atenção para a pilha de papéis espalhados em sua mesa.

Labyrinth  | Avatrice [ShortFic]Onde histórias criam vida. Descubra agora