Mais uma vez eu encaro o abajur do meu quarto logo após ter acordado de mais um pesadelo. A sensação era a mesma, impotência. Nesses momentos o estranho sentimento de carência se apoderava de mim e então me sintia como a mesma criança indefesa que fui um dia. Se algum conhecido me visse naquele exato momento certamente se surpreenderia, pois, nesses não tão raros momentos de fraqueza eu não me parecia em nada com o homem bem sucedido que eu havia me tornado.
Fragilizado e com o peito subindo e descendo conforme eu respirava na tentativa de me acalmar, meu subconsciente me dizia que havia sido apenas mais um dos infinitos pesadelos que eu tinha, nada daquilo era real, ao menos nos meus sonhos não era. Na verdade, eu já deveria estar acostumado com os pesadelos, afinal, eles sempre se repetiam. No entanto, cada um deles era como se fosse o primeiro e eu sentia o mesmo medo, a mesma dor de como foi a primeira vez.
O cenário era o mesmo.
A sala de estar de minha antiga casa.
Ainda me lembro dos móveis rústicos e cores opacas daquela época. Mamãe e papai discutiam, e eu sentado no último degrau da escada que dava acesso ao andar de cima da casa, observava a cena cuidadosamente. Parecia ser mais uma discussão, mais uma briga. O motivo, eu nunca sabia não me atentava a esses detalhes, talvez por imaturidade da pouca idade. No entanto, comecei a perceber que desta vez seria diferente no exato momento em que mamãe retirou de seu dedo anelar esquerdo a aliança que por muitas vezes ela orgulhosamente exibiu para as amigas. Com furor ela a jogou no peito de papai e com a voz firme a ouvi pronunciar:
- Não te amo mais!
Em seguida ela deu as costas para o meu pai e saiu o deixando sozinho na sala analisando ainda confuso o caminho que a aliança fazia até se chocar com a parede e ali ficar. Mamãe subiu os degraus com pressa, passou por mim e não se importou se eu ali estava observando tudo. Depois de alguns minutos ela voltou a passar por mim, desceu a escada carregando consigo uma mala e parou na entrada da sala. Meu pai ainda imóvel apenas a observou. Ele parecia em choque.
- Eu nunca quis nada disso. - a ouvi dizer em alto e bom som.
Papai a encarou.
- Nunca quis essa vida de dona de casa, esposa feliz e mãe realizada. Isso nunca foi pra mim! Vou seguir minha vida e fazer de conta que você nunca passou por ela.
Sem esperar qualquer atitude do meu, qualquer reação ela simplesmente partiu. E aquela foi a última vez que a vi. Graças a Deus! Ou seria capaz de mata-la com minhas próprias mãos.
Depois disso, meu pai caiu em uma depressão profunda. Foram anos até ele conseguir se levantar. Mas ele conseguiu. Enquanto a mim, bom, cresci. Cresci, amadureci, me tornei um homem de negócios, forte, decidido e nunca falei em voz alta sobre a passagem dessa mulher em nossas vidas. E o mais importante, nunca permiti que mulher nenhuma brincasse com meus sentimentos.
Eu as tinha em minhas mãos.
E gostava de as ter assim.
Olá meus leitores preferidos.
E vamos de mais um romance cheio de reviravoltas e muita emoção.
Ah, não esquece aquela estrelinha e sim, adoro ler os comentários. Vocês me inspiram. Bjs
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Minha Redenção
RomanceEle é um desacreditado no amor, com um grande trauma. Ela também. Ela esconde um segredo, ele também. E logo os dois irão descobrir que tem muita coisa em comum. Só um grande amor amor pode curar corações partidos.