Capítulo 23

2 0 0
                                    

Na maioria das vezes, o sangue fala mais alto!

Miguel Castello

Antes mesmo de o sol nascer eu já estava com Joana Dantas, minha contadora, ao telefone. Precisava saber o meu limite de gastos para aquele mês. Eu entendia pouco de negócios e por temer fazer alguma besteira com toda aquela fortuna, que eu decidi deixar os melhores da empresa de Ismael gerirem os meus negócios. Enquanto conversava com ela, lembrei-me de que não era apenas uma casa com móveis novos que iria comprar naquele mês, tinha os gastos com Erasmo. Aquela cadeira de rodas enferrujada e caindo aos pedaços parecia que ia se desfazer a qualquer momento e com ele em cima.

— Fica tranquilo, Miguel. Seus negócios estão indo muito bem, aliás, a oficina dos seus irmãos te deu um lucro excelente o ano passado, você tem liberdade para gastar como quiser esse mês. — Aquilo não me surpreendeu, como acionista da oficina dos meninos, sabia que os gêmeos eram talentosos e tinham verdadeira paixão pelo que faziam. Com carta branca para usar meu dinheiro como quisesse naquele mês, eu fiz uma chamada para Ingrid, sabia que ela ajudaria a encontrar uma cadeira de rodas que melhor se adequasse a Erasmo.

Enquanto a ligação não era atendida, coloquei o celular no viva-voz. Procurando algo pronto para o café da manhã, não encontrei nada que fosse rápido, a não ser uns pães de queijo congelados. Colocando-os no forno, ouvi o momento em que Ingrid atendeu minha ligação.

— Espero que nada tenha acontecido para você me ligar a essa hora, Miguel! — Ela grunhiu do outro lado. — Eu acabei de cochilar e só atendi, porque era o seu número.

— Vou precisar da sua ajuda para comprar uma cadeira de rodas para Erasmo.

— Era só isso? No mais, está tudo bem? — Eu confirmei e ela desligou na minha cara.

Sério isso?

Fui para a bancada e olhei para a tela do celular, constatando que era verdade. Ingrid tinha mesmo desligado o telefone na minha cara. Era engraçado como a nossa amizade parecia a mesma de quando nos conhecemos. Nos apaixonamos depois que eu havia entrado na faculdade, ela fazendo enfermagem e eu geologia, nossa amizade foi maior que a paixão que dizíamos sentir, então decidimos terminar. Não fazia ideia de como andava a sua vida depois que decidi ir embora, mas agora sabia que ela estava nos últimos anos de medicina e fazia residência no hospital particular de Florânea.

Ainda achando graça de como ela me tratou na ligação, busquei os ingredientes para preparar o cuscuz e o café puro, depois os ovos e o bacon para acompanhar. Na fome em que eu estava, sabia que só os pães de queijo não encheriam a minha barriga, apostava que a de Carolaine também não. Estava com cuscuz no fogo e fritando as fatias de bacon quando mãos pequenas e calejadas acariciaram minhas costas de cima a baixo, me causando um estremecimento.

— Bom dia! Tá tudo bem com você? — O tom de voz dela saiu mais rouco que o normal, preocupado.

— Sim, tá tudo ótimo! — Eu me virei para ela, enrolando seus braços em volta da minha cintura, enquanto nos afastava do fogão. Ela me analisava. Procurando algum resquício de que fosse mentira, no entanto, eu dizia a verdade e ela percebeu, quando sorriu e me roubou um selinho.

Não podia julgá-la. Eu tive uma noite atribulada, com vários pesadelos e por duas vezes a acordei com meus gritos no meio da noite, na última vez ela me aconchegou em seu peito, e eu consegui ter um sono tranquilo por algumas horas, tendo suas mãos me acalmando, junto com as batidas cadenciadas do seu coração.

O selinho que ela me dava se estendeu, transformando-se em um beijo avassalador quando sorveu meu lábio inferior. O tesão começando a me consumir, por isso, precisando muito mais dela do que tinha, mudei nossas posições e a coloquei sentada em cima da bancada de mármore, ela estremeceu com a mudança de temperatura em sua bunda, pois só vestia uma blusa de frio que mal cobria suas coxas. Entre suas pernas, senti o quanto ela já estava quente e, se colocasse a mão em sua boceta, saberia que estava molhadinha também, pulsando de tanto desejo assim como eu estava.

Não Escolhi Te Amar Onde histórias criam vida. Descubra agora