5. Wednesday - parte dois

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Enid olhava para seus joelhos enrolado por ataduras , a loira não sentia tanta dor como antes, algumas vezes a mesma andava pelo quarto entre os horários vagos entre as refeições. Óbvio que Enid não tinha contado aquele detalhe para Wednesday e nem iria. 

Wednesday via Enid como um ser frágil que precisa de cuidados, então,Enid iria se aproveitar ao máximo daquilo.

Já tinha passado da hora do café e Wednesday não tinha aparecido e talvez nem iria. No final, Enid iria morrer de fome e sozinha. A mesma já se culpava por ter feito aquilo. Foi idiota demais em confrontar Wednesday dauele forma.

Enid se assustou ao acordar e se deparar com Wednesday parada alguns centímetros longe da cama.

— Desculpa — Enid sentou na cama,seu corpo se arrepiou ao tocar no chão frio do quarto — Não sei de onde você tirou essas ideia ridícula

— Eu não quero  pensar que você tenha feito isso com outras — a loira ficou em pé surpreendendo Wednesday, Enid deu apenas dois passos para ficar colocada na outra. Suas mãos agarraram os ombros de Wednesday em busca de mais apoio. — O que temos é especial.

— mais ninguém… — Wednesday abraçou Enid deixando sua cabeça no ombro da mesma  — só você,Enid.


— ainda está curando, só mais um pouco — Wednesday estava ajoelhada na frente de Enid examinando seus joelhos — a dor que você sente é por falta de movimentação.

— aqui não tem muito como se movimentar — brincou Enid, Wednesday a encarou rápido. Assim que pudesse se afastar da loira, Enid segurou sua mão — sinto muito,não queria deixar você chateada

— ok — Wednesday tentou se afastar,mas Enid impediu, usando a mesma para ficar de pé

— você nunca mais  me beijou — Enid enrolou suas mãos no pescoço de Wednesday, acariciando a região da nuca com suas unhas

— você sempre ficava desconfortável quando eu fazia — Wednesday lembrava como Enid a empurrava quando a beijava,mas agora,era a própria que estava a puxando para um beijo.

— eu quero agora, Wednesday

— “ o amor pode transpor em forma e dignidade — Enid lia em voz alta o novo livro trazido por Wednesday — … o amor não vê com os olhos,mas sim com a mente. Logo..

— Logo seu cupido alado é pintado cego— Enid fechou o livro, olhando para seu colo onde Wednesday estava deitada.

— não sabia que você gostava de Shakespeare — a loira começou a traçar linhas imaginárias na bochecha da Addams

— não gosto,mas meu pai me fazia decorar alguns textos dele — Wednesdays deixou um beijo nas pontas dos dedos de Enid quando a mems passos eles pelos seus lábios, contornando-os

— você sempre fala dele,mas nunca fala da sua mãe ou de qualquer outra pessoa— Wednesday sentou na cama — você sabe tudo sobre mim,mas eu não sei nada sobre você, Wednesday. Se quiser que demos certo terá que falar de você

Wednesday encarava pensativa

— meus pais foram assassinados

— sinto muito

— agradeço.

Enid ficou quieta esperando Wednesday prosseguir. Ela não parecia triste com aquilo,talvez apenas estivesse procurando as palavras certas.

— o amor mato eles — explicou — eles morreram por se amarrem

— é lindo e triste ao mesmo tempo — confessou a loira

— o amor é assim — antes de sair da cama Wednesday deixou um beijo demorado nos lábios de Enid  — até,Cara Mia

Lurch servia mais uma taça de vinho para Wednesday. Sentada na poltrona que um dia foi só seu pai, Wednesday olhava o álbum de família. Seu pai,sua mãe,seu irmão estavam mortos.

Wednesday não costumava acreditar em sorte,mas no dia em que seus pais e seu irmão perderam a vida pelas mãos do seu tio,o irmão do seu pai, Fester.  A mesma tinha saído para  caçar o gato que tinha entrado em seu quarto e acordado-a. Quando voltou de manhã para casa, se deparou com ambulância,policiais e repórteres.

— Você acha que meus pais iriam gostar dela? — perguntou ao mordomo que concordou. Seu tio tinha deixando Lurch vivo para cuidar dela,mas não levou sua língua consigo quando o mesmo ligou para polícia— Amarei Enid como meu pai amou minha mãe.


Enid ajudava Wednesday a arrumar a mesa para o jantar. Como Enid tinha pedido, mais cedo naquele dia, velas iria acompanhar a última refeição do dia.

— eu estou tentando um sono estranho e monótono — comentou quebrado o silêncio — estou inconsciente , debaixo d'água , afundando cada vez mais

— parece um pesadelo — riu — eu gosto de pesadelos

— não, é estranhamente pacífico, até sereno — explicou — E então, alguém me resgata — em movimento sutil, Enid diminuía a distância da sua mão da de Wednesday — ele me empurra na direção da superfície e então

— você acorda — completou a outra. Enid concordou, não existia mais distância entre suas mãos. A loira segurava a mão de Wednesday. — parece interessante

— posso pedir uma coisa

— o que?

— dorme comigo essa noite?

Não acho que Wednesday só dormiria



até que me ame Onde histórias criam vida. Descubra agora