até que me ame

8. Demônios

Não ficou como eu queria, mas tá valendo.

Wednesday encarava a garota desacordada na cama, a seringa usada alguns minutos atrás estava no chão. Usando a costa da mão limpou o sangue do seu nariz.

A mesma mão foi para o pescoço, seus dedos seguiram os arranhões deixando ali pela garota. Não foi assim que imaginou que sua história de amor terminaria. A sensação de perder tudo que tinha,de  perder tudo que mais amou na vida estava a matando por dentro.

Enquanto Wednesday se permitia tocar em Enid pela última vez, em outra cidade - especificamente em Jericho - Yoko tomava coragem para contar a verdade.

A culpa começou a tomar conta de si, onde estava com a cabeça de aceitar aquela loucura. Murray recebeu a garota com um sorriso triste.

— Faz tempo que não vejo por aqui — o homem comentou enquanto ajeitava o sofá que estava cheio de recorte de jornal sobre o desaparecimento de Enid, isso fez com que Yoko se culpasse mais.

Mesmo que as autoridades locais disse que era impossível encontrar Enid com vida a esse ponto, o homem tinha certeza que ela estava vida.

— eu estava…ocupada

— entendo — Murray sinalizou para que Yoko se sentasse no sofá — e  a namorada?

— a gente não está mais justo — por culpa sua, acordada todo dia ao lado de Divina fazia lembrar de tudo. Yoko apenas deixou má carta explicando que não podia continuar com aquilo, enfatizou várias vezes que a garota não tinha feito nada. Era tudo sua culpa e que precisa consertar as coisas. — eu vim falar sobre a Enid, senhor Murray

— você tem alguma informação sobre ela? Alguém te ligou? A polícia falou com você? — disparou o homem de uma vez — por favor, diga que você tem notícia da minha filha

Antes que Yoko pudesse afirmar que sim, ela tinha, sempre teve. O telefone tocou. O coração da garota estava presta a pular pra fora, mesmo não ouvindo nada, Yoko sabia que se tratava de Enid. Os olhos de Murray diziam.

— Ei! Você tá bem…você tá.. você tá viva.. você tá aqui  — Murray diziam entre soluções enquanto abraçava Enid que se encontrava sentada na cama do hospital. — você voltou pra mim, minha filha

Enid não conseguia dizer uma palavra, apenas soluços e mais soluços saiam da sua garganta enquanto abraçava o pai com toda força que tinha, ignorando as dores em seu corpo deixado como lembrava por Wednesday. Quando finalmente abriu os olhos após longos minutos abraçadas com o pai, ela pode ver Yoko parada encarando.

Yoko andava pelos corredores do hospital desnorteada. Uma parte sua estava feliz porque Enid estava viva, e outra parte estava em pavor por aquilo. Ela sabia o que aconteceria depois dali, ela não poderia ficar ali.

Como qualquer pessoa que gosta de fazer um trabalho bem feito, Wednesday estava fazendo uma limpa em tudo que podia ser informação para polícia sobre o sequestro de Enid.

Primeiro começou o local onde Enid ia depois da faculdade tomar um café, depois foi o prédio e por último a casa em Jericho. Depois foi com as pessoas que ajudavam, Lurch o mordomo de anos da família foi o primeiro. Mesmo que estivesse com uma arma apontada para cabeça do homem enquanto dormia, Wednesday não foi capaz de puxar o gatilho. Então, como segundo plano, apenas agradeceu o homem pelos anos que serviu a família e o despediu. Ela sabia que o mordomo tinha um sonho de viajar pelo mundo, e Wednesday garantiu dinheiro suficiente para que ele fizesse isso. A segunda pessoa foi sua amiga, Yoko Tanaka, Wednesday sempre  acreditou que tinha um afeto pela garota, mas não. Ela estava enganada, não foi difícil apertar o gatilho da arma enquanto a mesma implorava pela vida.