Climão

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— Você tem certeza que não quer companhia pra encarar os dois?  — Arthur perguntou a Micael, os dois estavam na frente do restaurante. — Eu posso deixar o restaurante, a Laura daqui a pouco chega. 

— Não precisa se preocupar, eu preciso passar por isso. — Soltou um suspiro pesado e entrou no carro que Arthur tinha chamado no cartão. — Fica ciente que se eu não aguentar ficar naquele apartamento eu vou voltar. 

— Sinceramente acho que não devia nem ir. 

— Mas se o meu agente da condicional bater lá e eu não estiver, posso ser preso de novo. — Disse com pesar e Arthur assentiu. — Mas eu vou resolver rápido essa situação. 

Entrou no carro e se preparou mentalmente para o encontro que viria. Micael olhou a hora no celular, pouco mais do que seis da noite. Ficou em silêncio por todo caminho, pouco mais de quinze minutos. 

Saiu do carro e olhou o prédio tão conhecido, quase ao lado do seu antigo. O porteiro, ainda era um conhecido, sorriu e abriu a porta para ele. Micael lhe deu um abraço e os dois trocaram breves palavras. 

O moreno subiu e então bateu na porta duas vezes. Do outro lado, Sophia vestia uma camisa de Augusto e calcinha. Estava com os cabelos amarrados num coque bagunçado. Os dois viam um filme de comédia antigo. 

— Está esperando alguém? — Sophia perguntou ao noivo que negou com a cabeça. — Estranho, subiu direto, sem interfonar. 

— Se bobear é o próprio porteiro trazendo correspondências. — Ele rolou os olhos e viu Sophia se levantar. — Deixa que eu atendo. 

— Nada, já levantei. — Sophia avisou e caminhou pra porta, puxando a camisa pra baixo. Quando abriu, não soube o que falar. Encarou Micael de boca aberta.

— É assim que você costuma atender a porta? — Brincou quanto a roupa da ex-namorada que ainda só ficava ali parada sem reação. — Sophia, é sério, você está imóvel há muito tempo, reage mulher. 

— Eu estou tentando assimilar que você realmente está aqui. — E então, o surpreendendo, ela deu um pulo pra cima dele, que a pegou no colo. — Fala sério!

— Está bem, eu não estava esperando essa reação. — Deu risada e Sophia ficou completamente vermelha, sem graça. — Você está linda, Soph. — Disse após colocá-la no chão. — Parece muito bem. 

— Eu queria dizer o mesmo, mas você me parece péssimo. — Micael riu e não teve como discordar, devia parecer péssimo mesmo. — Quando foi que saiu? 

— Não vai me convidar pra entrar? — Ergueu uma sobrancelha. — Vamos ficar os dois batendo papo na porta e você de blusa e calcinha, sério? 

— Desculpe, juro que não perdi a educação. — Brincou e deu passagem. A porta foi fechada e os dois caminharam conversando até a sala de Augusto. — Guto? — A loira chamou e ganhou a atenção do noivo. — Olhe quem está aqui?! — Contou empolgada e viu o homem perder a voz, assim como ela há pouco. 

— O que... — Não completou. — Como é que... — Não completou novamente. — Micael! — Desistiu de formular qualquer frase que fosse, tinha os olhos arregalados, não pareceu muito contente. — Como você surgiu aqui do nada? Nos falamos semana passada! 

— As coisas mudam de uma semana pra outra. — Balançou a cabeça. — Por que está com essa cara? Eu atrapalhei algo? 

— Não, estavamos vendo um filme só. — Sophia quem disse. — Ele só está em choque, você chegou do nada. 

— É, me desculpe. —  Se levantou pra cumprimentar o amigo. — É só o baque, eu achei que o advogado me ligaria se algo mudasse no seu processo. — Micael tirou o papel do bolso novamente, e entregou a Augusto. 

Aquela NoiteOnde histórias criam vida. Descubra agora