Tarde demais

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Augusto não contou a nenhum dos dois que sabia o que tinha acontecido. Ao invés disso instalou câmeras pelo apartamento, sem que soubessem e passou a observar os dois, como se estivessem em um reality show.

Percebeu que mal se falavam. Algo havia acontecido depois da traição. Esperava que Sophia tivesse dito a ele que foi uma vez e nada mais.

E assim, os dias passaram. Micael não parava em casa, de manhã andava a procura de emprego, de tarde ficava com Arthur. Ainda não tinha conseguido resolver aquela situação.

— VAMOS! — Sexta feira, quase dez da noite. Augusto, Arthur, Cristiano e alguns outros amigos que Micael nem conhecia estavam ali na sala, tentando o arrastar pra despedida de solteiro de Guto. — Você tem que participar.

— Eu não posso! — Se manteve firme. — Vocês sabem disso.

— Sua agente de condicional não vai aparecer aqui hoje, ela nunca veio.

— Se for hoje, eu preciso estar aqui. — Deu de ombros. — Eu não vou arriscar a minha liberdade gente, não quero ser preso e cumprir o resto da minha pena, são dez anos.

— Micael, você é um chato! — Augusto resmungou. — Poxa vida!

— Um chato não, Guto. — Disse um pouco irritado. — Da outra vez eu te ouvi e me animei pra festa, a única coisa que consegui foi tomar bem no meu do meu cu. Não vai acontecer de novo.

— Não foi culpa minha. — Se defendeu.

— Não disse que foi. — Deu de ombros. — Mas se acontecesse hoje, seria. Porque eu quero ficar em casa em paz, respeitando as condições da minha liberdade e você não está deixando. Eu não posso sair a noite, não posso beber, não posso nem sequer estar perto de muita mulher como no lugar que vocês vão.

— Tá legal, chega desse discurso. — Arthur se meteu. — Micael está certo, tem que ficar em casa mesmo. Vamos logo.

— Tudo bem. — Augusto se deu por vencido. — Fica aí então, chato. — Saiu, acompanhado dos amigos. Micael suspirou e foi até a cozinha, faria uma pipoca e aproveitaria sua noite sozinho, vendo um filme.

Encheu o copo de suco, colocou a pipoca numa bacia e então, caminhou até a sala. Veria StarWars, numa noite tranquila.

Deu play no filme e logo ouviu um barulho de chave na porta. Pensou que Augusto tinha esquecido algo, mas era Sophia, que passou pela porta com uma mala e se surpreendeu ao ver Micael ali na sala.

— Hum, na sala. — Comentou quando chegou perto. — Ultimamente só está em casa pra dormir, me surpreendeu.

— Seu noivo saiu. — Comunicou desanimado. — Foi a uma boate com strippers.

— Sorte a dele, não é mesmo?! — Debochou e Micael achou graça da tranquilidade de Sophia. — Só quero que chegue a tempo amanhã.

— Você não se importa? Não tem ciúmes? — Estava bem interessado.

— Eu já tive a minha despedida de solteira, não é? — Cruzou os braços e viu o moreno dar risada. — Deixa ele ter a dele.

— Casamento de vocês vai começar mal já. — Desviou o olhar pra pipoca. — Isso não devia ser assim.

— A gente se gosta, é o que importa.

— Acho que pra casar tem que ser mais do que um gostar. — Ergueu o olhar pra ela novamente. — Você o ama?

— De que isso importa pra sua vida?! — Largou a mala e foi se sentar ao lado de Micael. — Você deixou claro na outra manhã que não quer nada comigo e que eu devia me casar. Pra que quer saber dos meus sentimentos.

Aquela NoiteOnde histórias criam vida. Descubra agora