🔸01🔸

871 49 7
                                        

❝ I don't know who I am

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

❝ I don't know who I am

Or who I used to be before

You broke me in a thousand pieces

Now tell me how am I to fix this... ❞

(My heart's grave -  Faouzia)

QUANDO EU TINHA DEZ ANOS, minha mãe fez um aniversário temático de abelhas para mim. Lembro que nós estávamos sozinhas, o céu estava despencando em grossas gotas que batiam no telhado e os trovões balançavam as janelas. Assim como os outros aniversários, éramos eu e ela, nos mudávamos com frequência por causa das ofertas de emprego e, por estar sempre ocupada especializando-se e trabalhando, ter tempo para pensar em meus aniversários era quase impossível, mas ela conseguia, mesmo quando ficamos fixas em Denver, no Colorado. A vela do meu aniversário de dez anos foi usada nos oito anos seguintes e, nem mesmo eu sei como ela sobreviveu ao tempo. Bem, não durou nessa nova mudança, eu a joguei no lixo. Já estava pela metade com a abelha gasta e quase sem cor e teve seu fim em nosso antigo apartamento, junto com fotografias e boa parte de quase tudo que tínhamos conquistado.

— No que está pensando? — Saltei de leve no banco, desviando o olhar da paisagem verde do lado de fora. Mamãe tinha as duas mãos no volante, os nós das mãos estavam brancos, sinal de que só iria relaxar quando chegássemos em nossa nova casa. Respirei fundo, passando a língua nos meus lábios ressecados, poderei.
— Sua oferta de trabalho é imediata mesmo? Não pode ter uma folga de dois dias, pelo menos? — Ela sorriu de leve, seus olhos fixos na estrada.
— Eu sei que parece que é repentino, bee, mas não se preocupe. Forks é pequena e acolhedora... vamos nos acostumar. — Por um minuto, ela sussurrou para si mesma.
— Eu quis dizer de você, mãe. Mal trocou comigo, está dirigindo infinitamente. Precisa descansar... Por favor. Pare o carro, vamos trocar. — Ela riu baixo, vidrada na direção. — Mãe. Ikarus não está nos perseguindo agora.

Um segundo e o carro quase perdeu o controle, me segurei para não saltar do banco. Ela encostou na estrada silenciosa, tivemos um minuto para processar o momento. Meu coração saltava incontrolável.

Nunca mais quero ouvir esse nome de novo. — A voz baixa e ameaçadora dela me fez arrepiar, não por medo, mas porque eu reconheci seu desespero mascarado em ameaça. Cada parte de mim tremia em agonia da mesma forma. A encarei e ela tinha os olhos fechados e as lágrimas já desciam grossas por suas bochechas. Desviei o olhar imediatamente, olhando para a paisagem da floresta abundante e escura. Fiquei sem ar e tentei controlar minha respiração respirando fundo e soltando o ar lentamente, sentindo a garganta queimar.
— A culpa é minha. —  Sussurrei, respirei mais uma vez. Meus olhos ardiam e eu precisei piscar varias vezes para tentar afastar as lágrimas.
— Não, não é. — Respirou fundo e ligou o carro novamente. — Estamos quase chegando em Forks. Vamos fazer de tudo para sermos boas vizinhas e vamos morar lá pelo tempo que for necessário e seguro.

𝐇𝐎𝐍𝐄𝐘  ; 𝐶𝑎𝑟𝑙𝑖𝑠𝑙𝑒 𝐶𝑢𝑙𝑙𝑒𝑛Onde histórias criam vida. Descubra agora