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❝ Some nights I think of you

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❝ Some nights I think of you

Relivin' the past, wishin' it'd last

Wishin' and dreamin' 

(Birds - Imagine Dragons)

QUANDO EU ERA MAIS JOVEM, eu tinha sonhos estranhos a noite. Não, não como uma grande estrela do rock, mas como se escutasse correntes arrastando no escuro. Eu ouvia histórias nessa escuridão, de uma família próspera que caiu em desgraça por causa de três irmãos, eu ouvia sons dos lamentos e músicas antigas e sentia dor. Acordava sofrendo por causa deles, com as músicas ecoando na minha mente por meses e meses... e cantei elas para Debrah como canções de ninar, assim como os Quileutes passavam para seus filhos as histórias de seus ancestrais. Da mesma forma que Billy cantarolava suas histórias para mim enquanto eu chorava e me escondia em sua casa depois de brigar com minha mãe. Tudo que eu poderia sentir falta em Forks deveria ser sobre meu sangue: minha mãe, mas em dias de frio e chuva em Denver, eu pensava em Billy Black. Ele não era só o melhor amigo de Charlie, era o meu e o único para quem eu contei sobre meus sentimentos. Não havia nada a ser escondido para ele, nem mesmo nos duros meses de neve que ficávamos em La Push ou quando ele me salvou incontáveis vezes das burradas adolescentes.

— Você sabe que deve isso aos Forks Station. — Charlie insistiu. Estava com seu uniforme e seu tom ansioso e insistente, enquanto eu ignorava-o continuando a organizar o balcão da recepção como se fosse meu trabalho e não uma completa tentativa de não encará-lo.
—  Não sei do que está falando. — Murmurei, me direcionando ao bebedouro.
—  Billy sabe que está aqui. — Eu paralisei. — Ele quer vir te ver, mas você sabe que não é tão fácil. Ele precisa que você o autorize.

Ele precisa que você o autorize...
Ele precisa que você o autorize...
Ele precisa que você o autorize...

"—  Onde você está? Eu vou até você.
— Billy...
— Me dê seu endereço, seja o que for eu vou aí te proteger e eu-
—  BILLY! NÃO! Eu não... eu não quero. Escute. Eu estou em Forks, estou bem. Não se preocupe.
—  Mas o Primo Coisa disse...
—  Estou bem.
—  Eu vou te procurar, você tá me ouvindo?
—  Não. Você não vai.
— Não... não faz isso.
—  Eu não autorizo você a vir até mim, sair da reserva ou Forks. "

Ele precisa que você o autorize...
Ele precisa que você o autorize...
Ele precisa que você o autorize...

A reserva fica a alguns quilômetros de Forks, mas esconde segredos maiores do que a pequena e insignificante população. E eu sabia deles e, por algum motivo, tal como meus sonhos no escuro, sabia que eram verdade desde os meus onze anos, quando Billy e seus pais vinham à Forks vender peixes e nossos olhos se cruzaram. Meses depois de uma amizade quase inseparável, ele passou a me contar sobre as lendas dos Quileutes e de como acreditava ter tido um Imprinting. Anos mais tarde, sem qualquer justificativa, começou a se relacionar com Payttra, uma vizinha, e toda a história do Imprinting perdeu sua magia e nós dois deixamos as lendas como lendas e os Imprintings como uma fraude.

Uma ordem não pode ser negada, não ao seu Imprinting. Mesmo não acreditando mais nele, eu usei de uma crença Quileute para manter Billy longe de mim, mesmo parte de mim saber do que era fraude.

—  Charlie, — tento rir retomando o controle no meu corpo virando-me para ele, engolindo em seco e me atrapalhando no ato — não começa. É sério. - busco me recompor, respirando fundo enquanto observo os bancos vazios no fluxo entediante de Forks.
—  Eu não estou muito disposto a brincar de faz de conta com você. — Charlie sussurrou, aproximando-se de mim. — Você acha que eu estou insistindo?

Eu o encarei, seu tom de voz sério me paralisou.

—  Eu não estou. Sei que se não vir até você, você não virá até mim. A reserva é o melhor lugar para conversarmos sobre o assunto pendente. Eu sei disso, você sabe disso. — Senti segurança na fala fria de Charlie, mas não em alguma necessidade de atitude tóxica escondida em mim. Era aquele Charlie que eu buscava quando decidi vir para Forks e por isso, exatamente por sentir essa segurança, eu respirei fundo e assenti, concordando em ir à reserva, sabendo que mesmo Billy e toda sua importância na minha vida, não era maior que as notícias sobre Ikarus e a segurança de Debrah.

Logo depois, quando a enfermeira chefe me liberou e eu estava no carro de Charlie, pude pensar novamente em Billy e ficar nervosa sobre isso. Senti um arrepiar quando passamos da placa da reserva, o cheiro do mar, da floresta, de Billy.

—  Não está disposta a falar mesmo ou...? — Charlie me trouxe de volta dos meus pensamentos.
—  Charlie, eu entendo que quisesse me dar uma motivação para vir até aqui, mas-
—  Eu não vou voltar.
—  Eu não ia dizer isso. — Revirei os olhos e olhei para a visão do lado de fora.
—  Eu tenho algo para te dizer antecipado, pra evitar surpresas. — Me virei para ele, observando-o coçar o queixo com uma mão, enquanto olhava para a estrada. Fiquei em silêncio. — Sobre Billy...

—  Eu sei. Eu fiquei sabendo sobre os três filhos. A Debrah está trabalhando com o mais novo. Jacob.
—  Sarah faleceu logo depois do nascimento do Jacob. — Ele comentou pesaroso, minha perna que balançava nervosa sem meu consentimento, de repente parou.
—  O Primo Coisa nunca me passou essa informação... — Sussurrei, observando o carro entrar em uma das estradas. Comecei a sentir um frio na barriga.
—  Billy interviu. Sarah era... não. — Charlie parou, estacionando o carro antes da curva na que eu já conhecia, tantas formas as vezes que passei por ela. — Clare. Billy está confinado em uma cadeira de rodas.

Billy Black, o jovem que corria como se não houvesse amanhã, que amava bicicletas. Que tocava quase todos os instrumentos, que contava histórias e inventava gírias. O meu Billy, que corria sem camisa em La Push, que corria quando me via e me girava no ar.

—  ... como?  — Minha garganta secou, eu já podia sentir o mundo começar a girar ao meu redor.
—  O que importa é que ele está bem. Não o olhe com pena, você vai ferir o orgulho dele, você sabe o quanto ele é orgulhoso.
—  Charlie. Como? — Insisti, encarando-o.
—  Isso você vai ter que perguntar a ele. — Foi a única e última coisa que ele disse, enquanto eu continuei perguntando repetidas vezes e batendo em seu braço, e ele continuou a dirigir.

Os pingos de chuva batiam no teto do carro devagar, Charlie já havia me deixado sozinha no carro quando estacionou na frente da pequena casa vermelha e, enquanto Charlie entrou, deixando a porta da frente aberta, vi Billy parar com sua cadeira de rodas enquanto me esperava. Suas mãos segurando as rodas, enquanto os anos cobravam seu preço em parcelas não muito grandes para ele e o chapéu... ridículo que ele tinha tanto apreço. Meu coração se apertou, junto com minha garganta e o choro preso me fazia sentir um ardor incômodo na garganta.

Talvez muitos minutos depois, enquanto eu ainda tentava controlar minha respiração, Billy abriu os braços e eu, sem comando algum, me vi saindo do carro e correndo para ele.

Talvez muitos minutos depois, enquanto eu ainda tentava controlar minha respiração, Billy abriu os braços e eu, sem comando algum, me vi saindo do carro e correndo para ele

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𝐇𝐎𝐍𝐄𝐘  ; 𝐶𝑎𝑟𝑙𝑖𝑠𝑙𝑒 𝐶𝑢𝑙𝑙𝑒𝑛Onde histórias criam vida. Descubra agora