Livro Outono da Série #TINAS
Quando se conheceram ainda crianças, Luca e Terence compartilhavam muitas coisas em comum: desde a vida no hospital onde moravam, até mesmo os sonhos. A aproximação repentina e as várias tardes que passavam juntos trasnf...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Lucas estava deitado na cama enquanto Rafaela afundava uma agulha em sua veia. A fina mangueira guiava um líquido grosso com células saudáveis para dentro de seu corpo para que pudessem combater as células cancerígenas.
As sessões de aplicações eram realizadas uma vez por semana e garantiam ao corpo de Lucas mais força para batalhar contra o câncer. Graziela estava sentada ao lado dele segurando a sua mão enquanto o garoto olhava para o lado a fim de não ver aquele objeto fino perfurando as costas da sua mão.
── Prontinho. Já pode olhar agora, senhor medroso. ── Rafaela brincou, retirando as luvas.
Lucas virou vagarosamente o rosto e encarou sua mão.
Uma fita azul com desenhos de nuvens prendia o acesso para que ela não saísse do lugar. Ele suspirou aliviado por agora só ter que esperar aquilo acabar, mas agoniado por não poder sair do quarto durante a manhã toda.
── Lucas!!! ── Terence o chamou com empolgação entrando no quarto. Renato vinha logo atrás dele.
Lucas sorriu ao ver o garotinho.
Graziela se levantou e pegou Terence no colo para o colocar em cima da cama.
── A sua mãe me disse que você não ia poder sair hoje então ela pediu ao meu papai pra eu vir aqui e ele deixou. ── ele explicou, abraçando Lucas em seguida. Sobre o ombro de Terence Lucas olhou para a mãe, que apenar sussurrou surpresa e sorriu. ── Eu trouxe alguns dos meus brinquedos, cadernos e várias canetinhas. Podemos passar o dia pintando.
── Maneiro. ── Lucas disse.
Terence se ajeitou ao lado dele e começou a retirar algumas coisas da sua pequena mochila azul em forma de elefante.
── Bom, se me dão licença. ── Rafaela chamou a atenção de todos, pegando os utensílios que havia trazido e se despedindo deles.
Graziela se sentou no braço do sofá e observou o filho. A felicidade estava estampada no rosto dele. Renato se aproximou e tocou o ombro dela.
── O que acha dos adultos irem tomar um café enquanto as crianças ali se divertem? ── ele perguntou, esperando que ela respondesse com um sim.
Graziela sorriu.
── Claro.
Ela pegou sua bolsa e ambos saíram, deixando Lucas e Terence brincando.
A lanchonete do hospital era um dos locais mais frequentados por Graziela. Ela sempre pensava em como passava horas e horas sentada ali em uma daquelas cadeiras de metal com o computador ligado à sua frente ouvindo Zara falar sobre alguma coisa relacionada ao seu trabalho. Muitas vezes segurava um livro em uma das mãos e na outra um copo enorme de café para afastar o sono. Ela então percebe que nunca havia ido ali de fato para conversar com alguém como estava fazendo naquele exato momento. Era uma mulher ocupada com tantas coisas que sequer conseguia fazer um esforço, por mínimo que fosse, para ter mais tempo para outras coisas.