Livro Outono da Série #TINAS
Quando se conheceram ainda crianças, Luca e Terence compartilhavam muitas coisas em comum: desde a vida no hospital onde moravam, até mesmo os sonhos. A aproximação repentina e as várias tardes que passavam juntos trasnf...
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── Chegamos. ── Madie falou assim que estacionou em frente o hospital. Ela encarou o prédio e me olhou ── Você acha que ele ainda vive aqui?
── Por que ele não viveria mais aqui?
── Lucas, vamos ser realistas; Estamos falando de dez anos. É bem provável que o Terence tenha se curado ou até mesmo mudado de cidade. ── encarei ela com uma expressão feia. ── Não me olhe assim. Você sabe que pode existir essa possibilidade, não sabe?
Suspirei, baixando a cabeça.
── Eu sei que existe, mas preciso tentar. Eu tenho que encontrar ele e eu vou conseguir.
Madie entortou um pouco o canto da boca. Desde criança ela sabia que quando eu enfiava uma ideia na cabeça ninguém conseguia tira-la até que eu conseguisse realiza-la. Ela desligou o veículo e retirou o cinto. Se esticou para pegar a bolsa no banco de trás e abriu um sorriso confiante para mim.
── O que estamos esperando então?
Assim que entramos na recepção eu travei. Era como se um filme estivesse sendo passado na minha mente. Tudo continuava igual. Médicos e enfermeiros andavam de um lado para o outro com fichas nas mãos, apressados para irem a alguma ala do hospital. Madie me olhou e entendeu que eu precisava de um tempo comigo para viajar um pouco nas memórias do meu passado. Ela foi até o balcão onde duas recepcionistas estavam e iniciou uma conversa com elas. Me aproximei e sorri para as duas.
── Oi, bom dia. A gente queria saber se ainda trabalha aqui um médico pediatra chamado Adriano Fonseca.
── O doutor Adriano Fonseca não reside mais nesse hospital. Foi transferido para outro. ── informou a recepcionista que arrumava algumas pastas.
── E a enfermeira Rafaela Simas? Ela ainda trabalha aqui? ── perguntei.
── Ela deve estar em horário de almoço agora. Procurem na lanchonete do hospital, ela sempre vai para lá depois de almoçar.
Agradecemos a ela pelas informações e nos afastamos do balcão.
Andando pelos corredores e subindo as escadas mais boas recordações vinham à minha mente. Algumas alas para novas especialidades haviam sido construídas num espaço que antes costumava ser uma área de lazer, o jardim já não existia mais e espaços antes fechados foram reformados para novas áreas.
Ao chegar na frente da entrada da lanchonete olhamos para dentro do ambiente, procurando por Rafaela.
── Está vendo ela? ── Madie questionou passando os olhos por cima de todas as pessoas que estavam ali.
Sentada de costas para a porta, numa mesa aos fundos, reparei em uma mulher morena e alta lendo um livro. Era ela. Parecia ser a mesma, mas algo dentro de mim me fazia sentir nervoso.